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SÃO PAULO – Quem deseja diversificar seus investimentos, indo além da popular caderneta de poupança, mas não possui a experiência e o conhecimento necessários para isso, ainda mais no atual momento de incertezas do mercado financeiro, pode recorrer aos clubes ou fundos de investimento.
No entanto, essas opções, embora mais práticas e acessíveis até para quem conta com poucos recursos, têm seus custos, que acabam interferindo nos ganhos dos investidores. Um dos principais custos é a taxa de administração.
Para saber como essa taxa pode afetar os rendimentos das aplicações, vamos nos concentrar apenas nos fundos de investimento, por terem um caráter mais formal e abrangerem vários tipos de ativos – os clubes são direcionados apenas ao mercado de ações. Conforme explica a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimentos), entidade reguladora dessa atividade, um fundo é como um condomínio de apartamentos, em que o investidor pode ser visto como o proprietário do apartamento, ao comprar um número determinado de cotas, tornando-se um cotista. Tal como no condomínio, em que todos os moradores pagam uma taxa a uma outra pessoa pela administração e coordenação dos serviços no prédio, no fundo, os cotistas pagam uma taxa a um terceiro pelo gerenciamento de seus recursos no mercado financeiro.
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Como é calculada?
A taxa de administração corresponde a um percentual ao ano sobre o patrimônio do fundo, que, por sua vez, é formado pelas aplicações mais os rendimentos. Ela é cobrada anualmente sobre o valor aplicado e não sobre o saldo que está investido. Na prática, se uma pessoa investiu R$ 1 mil no fundo que cobra uma taxa de administração de 2%, terá de pagar, ao longo do ano, R$ 20 ao gestor.
Por ser cobrada sobre o total investido e não sobre o saldo no fundo, a quantia a ser paga não considera a rentabilidade do fundo, isto é, mesmo que o fundo do qual você faz parte tenha rentabilidade negativa, haverá cobrança da taxa de administração. Vale dizer ainda que essa taxa é cobrada proporcionalmente ao período em que o cotista realizou operações, ou seja, se ele retirou o dinheiro do fundo depois de seis meses, por exemplo, vai pagar um valor proporcional a esse período.
Como já foi dito no início, a taxa de administração remunera um terceiro pela gestão dos recursos do fundo. Essa gestão, por sua vez, engloba ao menos os seguintes itens, de acordo com a Anbid:
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- Administração: inclui a formação do fundo e todos os atos societários, como o registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e Anbid, assembléias, regulamentos e prospecto. O administrador é responsável não só por essa parte mais burocrática, como também pelo controle das movimentações, recebendo as aplicações e pagando os resgates;
- Gestor: determina as estratégias de investimento a serem utilizadas, conforme os ativos e limites definidos pelas normas e pelo regulamento do fundo;
- Custódia e distribuição: pode ser realizada pelo próprio administrador ou ainda por terceiros contratados. Custódia é a “guarda” dos ativos (cotas), a liquidação de operações e o controle dos eventos relacionados a esses ativos, como dividendos e bonificações. A distribuição é a venda do fundo ao investidor.
Taxas variam conforme o tipo e o valor da aplicação
De maneira geral, as taxas de administração de todos os fundos do varejo – acessíveis a todos os públicos – englobam esses serviços. No entanto, elas podem variar bastante, dependendo de diversos fatores, em especial o tipo de fundo e o valor mínimo de aplicação.
No primeiro caso, podemos dizer que quanto mais complexo o produto que é administrado, maior será a taxa cobrada. Fundos de ações, por exemplo, tendem a exigir mais recursos (análises, informações, número de profissionais) do que um fundo DI, por isso, podem apresentar taxas mais elevadas.
Para exemplificar essa diferença, veja, na tabela abaixo, as taxas de administração cobradas em alguns fundos voltados a pequenos investidores e oferecidos por grandes bancos comerciais do país:
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Taxas de Administração – Fundos de Investimento1 | ||
Banco | Tipo de fundo | Taxa ao ano |
Caixa | FIC2 Capital Renda Fixa Longo Prazo | 2% |
FIC DI Longo Prazo | 2% | |
FI Ações Ibovespa | 4% | |
Banco do Brasil | BB Renda Fixa 200 | 4,50% |
BB Referenciado DI | 3% | |
BB Ações Ibov Indexado | 4% | |
Itaú | Itaú Prêmio Renda Fixa | 4% |
Itaú Prêmio DI | 4% | |
Itaú Índice Ações Ibovespa | 3% | |
HSBC | HSBC FI Renda Fixa LP Tripla Vantagem |
4% |
FIC Ref. DI LP Poupmais |
4% | |
– | – | |
Bradesco | FIC Renda Fixa Vênus | 3,5% |
FIC Referenciado DI Hiperfundo | 4,5% | |
FIC de FIA Ibov. Indexado | 4% |
1 – dados coletados nos sites dos bancos, levando em consideração fundos com aportes de baixo valor, entre R$ 30 e R$ 1 mil, e o maior PL em 12 meses para essa categoria;
2 – Fundo de Investimento em Cotas
Mesmo quando se tratam de tipos de fundos iguais, as taxas podem se diferenciar. Nesse caso, como já citado antes, o que influi é o valor mínimo de aplicação. Sendo assim, um investidor de um fundo DI, por exemplo, que pode aplicar R$ 100 mil vai pagar uma taxa menor do que
um outro que pode aplicar R$ 100 em um fundo da mesma categoria.
Vale ressaltar que a taxa de administração não deve ser o único critério a ser considerado antes de se optar por um fundo. Nas categorias de menor risco, como DI, o tamanho do fundo é igualmente importante, já que, quanto maior o volume de recursos do fundo, maior a capacidade do gestor de negociar taxas mais atrativas na hora de investir os recursos, favorecendo o retorno do investimento.
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Já nos perfis de maior risco, como os fundos de ações, a taxa de administração representa uma pequena parcela do cálculo de rentabilidade, pois a capacidade de o gestor acertar o alvo pode trazer um impacto muito maior sobre o retorno do fundo.