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Parte das dúvidas do mercado em torno da continuação do ciclo de ajustes da Selic foi sanada após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – que elevou a Selic para 13,75% ao ano – e dos dados melhores de inflação oficial.
Na leitura de boa parcela dos analistas, o documento reforçou a ideia de que a alta deve ser a última ao mencionar as projeções de inflação para o início de 2024 e os efeitos defasados da política monetária, que devem ficar mais intensos na segunda metade do ano.
Diante de um cenário de manutenção da Selic e de provável início de corte de juros no segundo semestre de 2023, o retorno médio oferecido por Certificados de Depósito Bancário (CDBs) recuou – na maior parte dos prazos – entre os dias 1 e 12 de agosto na comparação com a quinzena anterior.
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Os dados fazem parte de levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney.
Segundo o estudo, na última quinzena, a taxa média oferecida por CDBs atrelados ao CDI com prazo de seis meses era de 100,08% do CDI, abaixo dos 101,17% do CDI vistos 15 dias antes. Os percentuais não levam em conta o desconto de Imposto de Renda (IR).
Da mesma forma, o retorno máximo entregue por um papel com vencimento em seis meses chegou a 104% do CDI entre os dias 1 e 12 de agosto, contra 106% do CDI na quinzena anterior. Recuo também nos maiores juros oferecidos por CDBs com prazo de 12 meses, que passaram de 110% do CDI para 108% do CDI nos últimos 15 dias.
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O único aumento na taxa máxima foi registrado entre nos CDBs com vencimento em 24 meses, que viram o retorno sair de 106% do CDI para 118% do CDI na última quinzena. O papel em questão era emitido pelo Banco Mercantil e possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo BBB+, segundo a Fitch Ratings, nível considerado de boa qualidade (papéis de grau especulativo, mais arriscados, possuem rating a partir de BB).
Retornos de CDBs indexados ao CDI (de 01/08 a 12/08) |
||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | DI | 97,00% | 102,28% | 105,00% | 43 | BANCO PAN, BANCO ALFA |
6 | DI | 97,50% | 100,08% | 104,00% | 20 | BANCO XP |
12 | DI | 90,00% | 100,66% | 108,00% | 41 | HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL |
24 | DI | 98,00% | 100,48% | 118,00% | 28 | BANCO MERCANTIL BRASIL |
36+ | DI | 94,00% | 101,94% | 103,00% | 47 | BANCO DAYCOVAL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
CDBs atrelados à inflação
Embora as estimativas para a Selic tenham se mantido nos mesmos patamares nas duas últimas pesquisas do Focus, do Banco Central (13,75% em 2022, 11% em 2023 e 8% em 2024), é preciso ponderar que as projeções para a inflação passaram por mudanças no período.
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Segundo o Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (15), a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022 caiu de 7,11% para 7,02% em uma semana, mas a de 2023 subiu de 5,36% para 5,38% e a de 2024, de 3,30% para 3,41%. Há um mês, as previsões eram de 7,54%, 5,20% e 3,30%, respectivamente.
Os aumentos nas projeções de inflação para os anos seguintes, no entanto, não parecem ter se refletido em taxas reais maiores. O estudo da Quantum mostrou que o juro médio oferecido por CDBs atrelados à inflação caiu para todos os vencimentos.
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No caso dos títulos com vencimento em 12 meses, a rentabilidade média real teve leve redução de 8,54% ao ano para 8,46% ao ano. Porém, em prazos mais longos, como em 24 meses, a taxa média real caiu de 7,43% ao ano para 6,78% ao ano.
Houve mudanças também na taxa máxima real oferecida pelos títulos. O maior juro real oferecido para CDBs com vencimento em 24 meses passou de 8,30% ao ano, na quinzena anterior, para 7,14% ao ano, entre os dias 1 e 12 de agosto.
A queda foi ainda mais expressiva entre os papéis com prazo a partir de 36 meses, que viram a rentabilidade real máxima contrair de 8,30% ao ano para 6,29% ao ano na última quinzena.
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Retornos de CDBs indexados à inflação (de 01/08 a 12/08) |
||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
12 | 100% IPCA | 5,57% | 8,46% | 9,11% | 181 | BANCO BTG PACTUAL |
24 | 100% IPCA | 5,90% | 6,78% | 7,14% | 26 | BANCO BTG PACTUAL |
36+ | 100% IPCA | 5,55% | 5,92% | 6,29% | 4 | BANCO BTG PACTUAL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
CDBs prefixados
Papéis com retorno prefixado – em que a taxa é “travada” no momento em que o investidor adquire o título – também registraram recuo nos juros médios oferecidos pela maior parte dos títulos, após a ata do Copom.
A queda foi mais expressiva no caso dos CDBs prefixados com vencimento a partir de 36 meses, que viram a remuneração média cair de 14,69% ao ano para 13,11% ao ano.
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Movimento semelhante foi visto no caso das taxas máximas entregues por títulos com mesmo prazo de vencimento – a partir de três anos. Nesse caso, o juro máximo passou de 15,10% ao ano para 14,15% ao ano na última quinzena.
O CDB em questão era um papel emitido pelo Banco Daycoval, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA, segundo a Fitch Ratings, uma das melhores qualidades de crédito do mercado.
Retornos de CDBs prefixados (de 01/08 a 12/08) |
||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | PREFIXADO | 13,50% | 13,82% | 14,12% | 60 | BANCO DAYCOVAL |
6 | PREFIXADO | 13,35% | 13,91% | 14,15% | 21 | BANCO DAYCOVAL |
12 | PREFIXADO | 13,45% | 13,88% | 14,27% | 30 | BANCO DAYCOVAL |
24 | PREFIXADO | 12,95% | 13,37% | 14,34% | 8 | BANCO BMG |
36+ | PREFIXADO | 12,11% | 13,11% | 14,15% | 20 | BANCO DAYCOVAL |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.
IBC-Br e exterior no radar
Após uma semana agitada em termos de indicadores econômicos, o destaque da agenda local está na divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que avançou 0,57% no segundo trimestre, segundo o Banco Central. Na comparação com o mês anterior, a alta foi de 0,69% em junho.
O resultado veio acima do esperado pelo mercado (que projetava um crescimento de 0,25%, segundo o consenso Refinitiv). Com o resultado de junho, o IBC-Br acumula alta de 2,24% no ano e de 2,18% nos últimos 12 meses.
Na avaliação de Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, o desempenho em junho foi influenciado especialmente pela expansão do setor de serviços, com alta de 0,7%. Em contrapartida, o comércio registrou estabilidade e a indústria apresentou queda de 0,4% no mês.
Para o próximo trimestre, Sung defende que a boa retomada do mercado de trabalho, juntamente com a redução de impostos e incentivos fiscais ajudarão a dar novo fôlego para a economia.
O problema mesmo deve ficar para o quarto trimestre, na avaliação do economista. “Para os últimos três meses do ano, enxergamos estabilidade. Juros altos, inflação disseminada e esgotamento dos benefícios da reabertura da economia devem impactar negativamente a atividade.”
Nos demais dias da semana, as atenções estarão voltadas para o exterior, como explica Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV. O executivo destaca que números do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro, que serão apresentados na quarta-feira (17), ajudarão a dar o tom ao mercado de juros internacional e local.
O mercado também focará na ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que será apresentada no mesmo dia (17), para recalibrar as expectativas para o aumento de juros no país. Em seu último encontro, a autoridade monetária subiu os juros em 75 pontos-base (0,75 ponto percentual), para a faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano.
Dados de varejo e da produção industrial dos Estados Unidos também serão monitorados de perto, à medida em que sinalizam o ritmo de expansão da atividade econômica americana, o que pode favorecer uma política monetária mais ou menos apertada por parte do Fed.
Com o olhar mais voltado para fora, a visão de Padovani é de que o cenário local pouco deve mudar nesta semana. “A leitura é de que a inflação deve seguir em queda e que o BC está próximo de encerrar o ciclo, o que favorece o juro para baixo especialmente na parte mais curta [da curva de juros]”, afirma.
Embora reconheça a sinalização dada pelo Banco Central, o economista do BV acredita que a autoridade monetária poderá dar mais um ajuste de 0,25 ponto percentual na Selic na reunião de setembro, o que elevaria a taxa básica para 14%, segundo mudança recente do banco.
A atualização também foi acompanhada de um revisão para baixo nas estimativas para a inflação deste ano, que agora estão em 7,6%, abaixo dos 8% previstos anteriormente.