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A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e os dividendos da Petrobras estão repercutindo no mercado nesta quinta-feira (2).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, hoje, o volume de dividendos que deverão ser distribuídos pela Petrobras (PETR3;PETR4), em referência aos resultados obtidos em 2022, período em que a empresa lucrou R$ 188,3 bilhões − maior marca já registrada por uma companhia de capital aberto no Brasil.
Ontem (1), a empresa divulgou que distribuirá R$ 35,8 bilhões de seus lucros obtidos no quarto trimestre de 2022 aos seus acionistas (o que corresponde a R$ 2,745 por papel), acumulando um montante de R$ 215,7 bilhões em dividendos no ano, mais que o dobro do que foi pago em 2021. O valor corresponde a cerca de três vezes o orçamento previsto para o Bolsa Família em 2023.
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Em discurso durante cerimônia de lançamento do novo Bolsa Família, no Palácio do Planalto, Lula classificou a notícia como inaceitável e disse que a companhia deveria ter usado mais recursos em investimentos que contribuíssem para o crescimento econômico do país.
Lula voltou a defender um papel mais ativo dos bancos públicos no desenvolvimento econômico e cobrou um papel mais ativo das empresas nacionais.
O dia também é de atenção com notícias de que o governo estuda mudar futuramente a política de preços da Petrobras. Segundo o jornal O Globo, o Executivo avalia reduzir de 100% para 15% o efeito da cotação do petróleo e do dólar sobre os combustíveis.
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Dados de atividade estão igualmente no centro das atenções dos investidores. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,2% no quarto trimestre deste ano frente ao trimestre anterior. Com isso, a economia do País fechou 2022 com expansão de 2,9%.
O número do quarto trimestre ficou em linha com o esperado. As expectativas do consenso Refinitiv eram de queda de 0,2%. Já ante o mesmo trimestre de 2021, o resultado de 1,9% ficou abaixo dos 2,2% previstos.
No Tesouro Direto, os juros oferecidos pelos títulos públicos apresentavam alta às 15h26. A subida é maior entre papéis prefixados, que chegam a registrar avanços de até 16 pontos-base (0,16 ponto percentual). O título em questão é o Tesouro Prefixado 2033, que oferecia um retorno de 13,62% ao ano, acima dos 13,46% da sessão anterior. O destaque era o Prefixado 2029, com retorno de 13,64%, bem superior aos 13,49% desta quarta-feira (avanço de 0,15 pontos-base (0,5 ponto percentual).
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Papéis atrelados à inflação também registravam alta nas remunerações reais. No caso do Tesouro IPCA+ 2045, o juro real passava de 6,53% ontem para 6,55%.
“Na parte da manhã houve a divulgação do PIB, em linha com o esperado. E o destaque ficou por conta do leilão de prefixados, promovido pelo Tesouro. Os DIs seguem em alta, diz afirma Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
O leilão de hoje teve uma demanda maior, ressalta ele, em relação aos anteriores, e dá a informação de que o mercado tem interesse em ativos prefixados. Mas algumas condições precisam ser observadas: ativos mais curtos e com uma taxa maior.
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Segundo Ricardo, “esse é o prêmio que o mercado tem pedido para o Tesouro Nacional, por conta do cenário conturbado das últimas semanas, principalmente na relação entre o governo e o Banco Central”.
Essa movimentação repercute nos títulos do Tesouro Direto. Os títulos prefixados apresentam alta, o que é negativo para quem já tem o título na posição e bom para aquelas pessoas que ainda não fizeram investimento e agora tem a oportunidade de conseguir uma taxa maior.
“A remuneração dos combustíveis vai influenciar a inflação, o que reflete na precificação dos ativos, principalmente nos vinculados a juros. E é importante acompanhar o desenrolar dessas negociações e tentar estimar qual é o impacto final que isso vai ter na inflação para este ano”, detalha Ricardo.
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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (2):
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2% no quarto trimestre deste ano frente ao trimestre anterior. Com isso, a economia brasileira fechou 2022 com expansão de 2,9%. O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, chegou a R$ 9,9 trilhões em valores correntes, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (2).
Na comparação com o quarto trimestre do ano retrasado, o crescimento do PIB foi de 1,9%.
O número do quarto trimestre ficou em linha com do esperado. As expectativas do consenso Refinitiv eram de queda de 0,2%. Já ante o mesmo trimestre de 2021, o resultado de 1,9% ficou abaixo dos 2,2% esperados.
O crescimento do PIB em 2022 foi puxado pelas altas nos Serviços (4,2%) e na Indústria (1,6%), que juntos representam cerca de 90% do indicador. Por outro lado, a Agropecuária recuou 1,7% em 2022.
Na análise da despesa, houve alta de 0,9% da Formação Bruta de Capital Fixo, segundo ano consecutivo de crescimento. A despesa de Consumo das Famílias avançou 4,3% em relação ao ano anterior e a Despesa do Consumo do Governo, por sua vez, cresceu 1,5%.
No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços cresceram 5,5%, enquanto as Importações de Bens e Serviços subiram 0,8%.
Ao olhar para os dados, o economista-chefe da Alphatree, Raone Costa, afirma que os números vieram um pouco abaixo do esperado pela casa, que aguardava uma estabilidade na comparação trimestral e uma alta de 2,2% na base anual.
Na avaliação de Costa, os dados de hoje devem levar a revisões para baixo de algumas casas. Segundo ele, o mercado de trabalho vem mostrando sinais de piora, a situação do crédito no País é menos favorável com a Selic elevada e os índices de confiança do primeiro trimestre deste ano estão fracos. Tudo isso corrobora para um cenário ruim de atividade, avalia o profissional.
“Os resultados desagregados do PIB do 4T22 e vieram dentro do esperado, com exceção à Agropecuária, o que explicou a diferença entre a nossa estimativa e o número oficial do PIB total. Mantemos a projeção de crescimento de 1% para o PIB de 2023. A forte expansão da Agropecuária (ao redor de 8%) responde por grande parte desta expectativa”, diz análise, que ainda prevê avanço de 0,9% para o PIB do 1T23, “puxado sobretudo pelo forte crescimento do PIB da Agropecuária (particularmente da safra de soja em grão)”. Para a XP, a política monetária restritiva e o fim do “impulso pós-Covid” são as principais razões para a desaceleração econômica acentuada projetada para 2023 ante 2022. “A perda de tração parece ter se espalhado entre os setores, em linha com a piora das condições financeiras”, afirma.
Dividendos
O novo presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, participou na manhã desta quinta-feira (2) de teleconferência com analistas, sua primeira no cargo, após a estatal divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2022. Entre os destaques, ficaram suas falas sobre a remuneração aos acionistas – sob holofotes dos investidores e do governo após a mudanças no alto comando da estatal.
Depois de a petroleira distribuir dividendos recordes no ano passado, de R$ 215,8 bilhões, Prates não negou possível mudança, em 2023, na distribuição, classificando o atual cenário como “mais desafiador”.
Entre os motivos para isso estão as questões macroeconômicas, com possível recuo do petróleo, novos investimentos e prováveis mudanças nos preços cobrados pela companhia e na política de desinvestimentos.
“Teremos uma robustez de dividendos em 2023. Pretendemos ter lucros à altura dos registrados em 2022, mas o cenário é mais desafiador”, declarou.
Na frente macro, o presidente da estatal destacou que o cenário do último ano foi um pouco anormal, com a reabertura das economias após a pandemia da Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que gerou um ramp up do preço do petróleo.
Paridade da Petrobras e taxação de “jogo eletrônico”
Diante da volta da tributação de combustíveis, o governo pretende colocar em prática uma série de mudanças para conter o efeito dos aumentos sobre a gasolina e o etanol nas bombas e, consequentemente, maiores pressões sobre a inflação.
Segundo o jornal O Globo, a ideia é acabar com a Paridade de Preços de Importação (PPI), adotada pela Petrobras desde 2016. No cálculo, é levado em conta a cotação do petróleo e do dólar em 100%.
A proposta que está em discussão agora prevê que 85% do cálculo seja feito com base nos custos de produção nacional e os 15% restantes estejam atrelados às cotações internacionais, de acordo com apurações do jornal.
Também na cena política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, na quarta (1), que o governo irá compensar a correção da tabela do Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF) com a taxação de “jogos eletrônicos”. Ele não foi claro se essa tributação incluirá o mercado de apostas virtuais e os chamados e-sports.
“Vamos compensar a pequena perda de arrecadação com a tabela do IR com a tributação sobre esses jogos eletrônicos que não pagam nenhum imposto e levam uma fortuna de dinheiro do País”, afirmou, em entrevista ao UOL. “Jogo no mundo inteiro é tributado, e no Brasil não é.”
Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deu aval para a medida. “Vamos regulamentar em março, vamos mandar para a Casa Civil”, adiantou. “Estamos fazendo a estimativa de arrecadação e os números não estão convergindo. O modelo está pronto, mas precisamos de uma estimativa mais precisa.”
Estados Unidos
Investidores internacionais passam por um dia de maior cautela, à medida que se preparam para novos aumentos de juros, depois que dirigentes do Federal Reserve (Fed) reiteraram que mais altas são necessários para controlar a inflação.
Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta, diz que ainda há muito o que ser feito contra a alta inflação e o mercado de trabalho forte. Ele entende que há alguma “atenuação” na inflação, mas o banco central precisa se “manter resoluto” no combate para levar o índice à meta. Segundo Bostic, a preferência é por aumento de 0,25 pp na reunião de março. “Será necessário algum tipo de desaceleração no mercado de trabalho, mas não precisa ser “catastrófico”, para que o Fed possa pensar em mudar rumos da política monetária. O Banco Central precisa fazer o suficiente para combater a inflação e não mais do que o necessário”.
Ontem (1), o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, defendeu a continuidade das altas de juros nos EUA. Em sua fala, ele disse acreditar que onde a instituição terminará as altas é mais importante do que pensar no ritmo de aumentos das próximas reuniões.
Já o dirigente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que BC americano terá de elevar juros nos EUA para a faixa entre 5% e 5,25%.
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