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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou, nesta terça-feira (25), de audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, para prestar esclarecimentos sobre o atual patamar da taxa básica de juros no Brasil (a Selic, fixada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022). O presidente do BC falou sobre a importância da autonomia da instituição, decisões sobre o patamar da Selic e analisou o cenário de inflação.
Questionado pelos parlamentares sobre se a aprovação do novo arcabouço fiscal seria suficiente para garantir a queda dos juros, buscou um tom cordial com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e respondeu que a questão fiscal é uma das variáveis consideradas pelo Banco Central na definição dos rumos da política monetária. “A parte fiscal faz com que as expectativas de inflação caiam, isso aconteceu quando foi aprovado o teto de gastos”, lembrou.
Em Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o patamar da taxa Selic. “É impossível fazer investimento no Brasil com taxa de juros a 13,75%”.
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Gleisi Hoffman, presidente do PT, usou as redes sociais para criticar o presidente do BC. “Lá vem Campos Neto fazendo política, adora dar entrevistas e fazer palestras, o que não é papel de presidente de Banco Central”. “Hoje pelo menos foi ao Senado para prestar contas, mas continua falando besteiras. O papel dele é controlar a inflação. São quase dois anos sem atingir a meta, mesmo com juros estratosféricos. Senado precisa tomar providências”.
No Tesouro Direto, os juros dos títulos públicos apresentavam queda às 15h18, movimento visto desde a manhã. O Tesouro IPCA+ 2029 oferecia retorno de 5,75%, menor do que os 5,77% desta segunda-feira (24). O Tesouro IPCA+ 2045 tinha valor de 6,09%, inferior aos 6,13% de ontem.
O piso desses ativos, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 11,70%, menor do que os 11,80% da sessão anterior.
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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (25):
Campos Neto
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, afirmou que “fizemos uma subida de juros muito grande em ano eleitoral; se o BC não tivesse agido assim, teríamos uma inflação na faixa de 10%”.
Em suas manifestações, Campos Neto esquivou-se de críticas frequentes vindas do campo político, fugiu da personificação do Banco Central em sua figura e tentou explicar como se dá o processo de decisão do patamar da Selic no país. O executivo também fez análises sobre o contexto inflacionário internacional e teceu comentários sobre os motivos de os juros serem tão altos no país.
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Segundo ele, não é mais verdade que os bancos ganham dinheiro com juros altos; isso aconteceu no passado. “O mercado de capitais teve uma subida enorme e não é coisa da ‘Faria Lima’; sobra espaço para bancos darem crédito a pequenas e médias empresas. Se baixarmos a Selic, não vamos melhorar as condições de crédito, porque é preciso credibilidade”. Campos Neto ressaltou que “combater a inflação é um dos instrumentos mais eficientes de combate a pobreza. O nosso trabalho é a inflação ir para a meta com menor custo social”.
O presidente do BC rechaçou as críticas de que a autoridade monetária teria passado a mandar recados políticos por meio dos comunicados e atas do Copom. “As palavras da comunicação do Copom passaram a ser objeto político. Mas temos um padrão que não mudou, usado no mundo todo. O comunicado do Copom é muito técnico e cada palavra faz muita diferença”, argumentou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Campos Neto, disse que não tem a capacidade para dizer quando a Selic vai cair, já que tem apenas um dos nove votos do Comitê de Política Monetária (Copom). “Tomaremos uma decisão técnica, olhando todos os fatores, e as coisas estão caminhando no sentido certo”, afirmou.
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IPC-S
O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) perdeu força em cinco das sete capitais pesquisadas na terceira quadrissemana de abril, informou nesta terça-feira (25) a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na passagem da segunda para a terceira quadrissemana, o índice cheio desacelerou de 0,52% para 0,43%.
A desaceleração mais significativa entre as capitais foi registrada em Brasília (0,44% para 0,09%). Também registraram decréscimo nas taxas Porto Alegre (0,71% para 0,52%); Belo Horizonte (0,62% para 0,49%); Recife (-0,04% para -0,17%) e Rio de Janeiro (0,71% para 0,68%). Em contrapartida, apresentaram aceleração nesta leitura São Paulo (0,54% para 0,56%) e Salvador (0,21% para 0,24%).
Diretoria do BC
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça que o governo indicará ao Senado os dois nomes para a diretoria do Banco Central (BC) “assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar” de viagem oficial a Portugal e à Espanha. Lula indiciará um nome para a Diretoria de Política Monetária e outro para a Diretoria de Fiscalização.
“Jabutis tributários”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aposta numa decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em ação que vai decidir se as empresas podem continuar abatendo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – ambos impostos federais – benefícios dados pelos estados. Faltando dois dias para o julgamento, marcado para esta quarta-feira (26), Haddad se reuniu, nesta segunda, com o ministro do STJ Benedito Gonçalves, relator do processo.
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Haddad disse que esta semana será um teste importante com o julgamento. “É óbvio que o STJ é um tribunal superior da maior respeitabilidade. Certamente, (o caso) vai acabar no Supremo (Tribunal Federal), mas eu tenho certeza de que será uma sinalização importante se vamos ter ou não um país transparente do ponto de vista do gasto tributário”, afirmou o ministro, após a reunião com o relator.
Segundo ele, o Brasil é o único país do mundo que faz subvenção de custeio, ou seja, concede benefícios que são usados para pagar custos correntes da empresa, e não investimentos.
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