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Quinta-feira (19) com muita volatilidade no mercado. As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continuam a fazer preço. Ele voltou a questionar a atuação do Banco Central autônomo e o atual patamar da taxa básica de juros, fixada em 13,75% ao ano.
Em encontro com reitores de universidades federais no Palácio do Planalto, Lula defendeu a necessidade de investimentos público em diversas áreas e a importância do Estado no combate às desigualdades. O presidente também repetiu que os recursos destinados à Saúde, à Educação e políticas como a construção de casas populares e urbanização de favelas não podem ser considerados gastos. E criticou operadores do mercado financeiro, por “desconfiarem” do governo.
“A única coisa que não é dita como gasto por essa gente do mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento. Qual é a explicação de termos um juro de 13,5% hoje?”, questionou.
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Por meio do Twitter, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tentou apaziguar os ânimos. Ele escreveu que o presidente Lula deu “plena autonomia” ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em seu mandato anterior. “O presidente não vai mudar de postura agora, ainda mais com uma lei que estabelece regras nesse sentido”, acrescentou. “O governo sabe que a política monetária e o papel de análise da macroeconomia do Banco Central são de extrema importância. E, também por isso, a convivência respeitosa entre as instituições vai continuar sendo a ordem dessa gestão”, prosseguiu.
Por volta das 15h30, o Ibovespa recuava, operando na faixa dos 112 mil pontos; já o dólar comercial sobia 0,75%, cotado a R$ 5,201 na compra e a R$ 5,202 na venda.
Às 15h26, no Tesouro Direto, os títulos públicos operam com alta de até 18 pontos-base (0,18 ponto percentual) nas taxas. Na parte da manhã, a diferença chegou a 38 pontos-base (0,38 ponto percentual).
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Os retornos reais oferecidos pelo Tesouro IPCA+ 2045 chegavam a 6,33% ao ano. Na primeira atualização do dia, o índice chegou ao recorde de 6,48% ao ano, o maior percentual já registrado pelo título desde que ele passou a ser negociado, em fevereiro de 2017. O valor máximo que ele tinha entregue até então era de 6,47% ao ano. Na véspera, o mesmo papel oferecia uma remuneração real de 6,27%.
Já no caso dos prefixados, a maior elevação de juros era registrada pelo papel com vencimento em 2029, que via a taxa passar de 12,71%, na sessão anterior, para 12,87% às 15h26. Na parte da manhã, o percentual chegou a 13,09%.
“Há estresse no mercado de juros por causa das falas do presidente Lula de ontem e da continuidade hoje. Isso acaba sendo muito ruim para as perspectivas, principalmente para a parte fiscal e afeta bastante a curva de juros”, detalha Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
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Ele destacou também o forte pessimismo lá fora. “Com perspectiva de recessão, os mercados ficam bem negativos e isso também acaba fazendo com que as taxas de juros subam. Por outro lado, a reabertura da China pode beneficiar bastante o Brasil, principalmente quando a gente fala dos produtos exportados para esse país”, conclui.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (19):
Entrevista de Lula
Em entrevista à GloboNews, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a independência do Banco Central como uma “bobagem” e que a atual meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), atrapalha o crescimento da economia.
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Durante a entrevista, o chefe do Executivo disse também duvidar que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seja “mais independente” do que foi Henrique Meirelles, que comandou o banco nos primeiros governos Lula.
Lula também afirmou ontem (18) que promoverá uma reforma tributária sobre o Imposto de Renda, que diminua a participação dos mais pobres e aumente a dos mais ricos nas contribuições.
Em seu discurso, o presidente disse que irá brigar pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil – promessa feita durante a campanha eleitoral de 2022.
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Lula também anunciou ontem a criação de um grupo de trabalho para discutir a construção de uma política permanente de valorização do salário mínimo.
Pelo texto, a equipe terá prazo de 45 dias, prorrogável por outros 45 dias, para formular a proposta. Participarão do processo os ministérios de Trabalho e Emprego; Fazenda; Planejamento e Orçamento; Previdência Social; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Secretaria-Geral da Presidência e Casa Civil.
Pnad
Já na cena econômica, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 8,1% no trimestre móvel encerrado em novembro, uma queda de 0,9 ponto ante os três meses anteriores. Em outubro, a taxa estava em 8,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e foram divulgados nesta quinta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado ficou dentro do esperado pelo mercado, que previa uma taxa de desocupação exatamente de 8,1%, segundo o consenso Refinitiv.
O número de desempregados caiu para 8,7 milhões, o menor contingente desde o trimestre terminado em junho de 2015. São 953 mil pessoas a menos em busca de emprego no país (-9,8%).
A taxa de desocupação vem caindo de forma significativa há seis trimestres móveis consecutivos. De acordo com a coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy, a retração no trimestre encerrado em novembro é explicada pelo aumento de 0,7% na ocupação no período, que novamente atingiu o maior nível da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
Esse percentual equivale a um acréscimo de 680 mil pessoas no mercado de trabalho.
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