Tesouro Direto: juros de prefixados vão a 13,20%; mercado foca no IPCA, regra fiscal e payroll

Entre os títulos atrelados à inflação, o IPCA+2045 apresenta o maior juro, de 6,50%, superior aos 6,49% da sessão anterior

Neide Martingo

(Getty Images)
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A inflação, dentro e fora do Brasil, é o principal personagem desta sexta-feira (10). O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de fevereiro subiu 0,84% em fevereiro, acelerando ante os 0,53% de janeiro, somando agora cinco meses seguidos de alta, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 5,60%. No ano, a inflação acumula evolução de 1,37%.

Os dados ficaram acima do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,80% no mês e de 5,54% na comparação anual. Em fevereiro de 2022, a variação mensal tinha sido de 1,01%.

Além disso, há grande expectativa do mercado por conta do novo arcabouço fiscal, que deve ser conhecido na semana que vem.

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Na cena externa, houve a criação de 311 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em fevereiro, nos Estados Unidos, acima do esperado, apontam dados do payroll divulgado hoje pelo Departamento do Trabalho. A taxa de desemprego ficou em 3,6%% no mês.

A expectativa, segundo o consenso Refinitiv, era de que os empregadores tinha criado 205 mil vagas fora do setor agrícola no mês. A estimativa para a taxa de desemprego era de 3,4%.

No Tesouro Direto, às 15h29, os juros dos títulos públicos apresentavam alta. O piso do Tesouro Prefixado 2026 subiu de 12,39%, desta quinta-feira (9), para 12,53% hoje, uma diferença de 14 pontos-base (0,14 ponto percentual). O maior retorno é oferecido pelo Tesouro Prefixado 2033, com 13,20%, acima dos 13,09% da véspera.

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Entre os títulos atrelados à inflação, o IPCA+2045 apresenta o maior juro, de 6,50%, superior aos 6,49% da sessão anterior.

“O mercado olha com otimismo para a o novo arcabouço fiscal, que será divulgado em breve. Um ponto importante, e que o mercado já vem antecipando, é a possibilidade de o Banco Central mudar o discurso sobre o balanço de riscos, dado que há uma crise no mercado de crédito atualmente. E essa mudança abriria a porta para uma possível queda de juros neste ano ainda”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed. “A perspectiva que permanece é se refere a uma possível queda da inflação, levando em conta o nível da taxa de juros já muito elevado”, ressalta.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (10):

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Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

IPCA

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84% em fevereiro acelerando ante os 0,53% de janeiro, somando agora cinco meses seguidos de alta, informou nesta sexta-feira (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 5,60%. No nao, No ano, a inflação acumula evolução de 1,37%.

Os dados ficaram acima do consenso Refinitiv que previa inflação de 0,80% no mês e de 5,54% na comparação anual.

Em fevereiro de 2022, a variação mensal tinha sido de 1,01%.

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Como esperado, o grupo Educação foi o destaque no índice de fevereiro, sendo responsável pelo maior impacto (0,35 ponto porcentual) e com a maior variação (6,28%). É a taxa mais alta desde fevereiro de 2004, quando teve variação de 6,70%.

“Apesar de resultados relativamente próximos às projeções do mercado, não há alívio para as preocupações do banco central acerca da dinâmica da inflação ao consumidor”, diz Caio Megale, economista-chefe da XP. “A média dos núcleos de inflação mostrou elevação de 0,73% em fevereiro ante janeiro”.

Em suma, diz Megale, as leituras recentes do IPCA sugerem que a tendência de desinflação observada no ano passado parece perder força, com a inflação ainda em níveis elevados. “Isso não é uma boa notícia para o Copom, à medida que se aproxima a reunião de março. Os números publicados hoje são consistentes com as nossas previsões de alta de 5,5% para o IPCA de 2023 e 4,5% para o IPCA de 2024”, conclui.

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Para o professor e mestre em economia André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, o recente comportamento dos demais índices de preços, sobretudo os indicadores da FGV (IGP-M, IGP-DI e IGP-10) mostram uma clara tendência de desaceleração dos preços aos consumidores, o que colabora para que nossas projeções para a inflação nos próximos meses seja benigna.

“Por fim, a despeito da aceleração da inflação na margem, crescem as apostas de que o Banco Central do Brasil comece o ciclo de cortes da Selic já no primeiro semestre deste ano. Nossas projeções estimam o primeiro corte da taxa de juros na quarta reunião do Copom deste ano, em junho”, destaca.

Payroll

Os Estados Unidos criaram 311 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em fevereiro, acima esperado, apontam dados do payroll divulgado nesta sexta-feira (10) pelo Departamento do Trabalho. A taxa de desemprego ficou em 3,6%% no mês.

A expectativa segundo o consenso Refinitiv era de que os empregadores tinha criado 205 mil vagas fora do setor agrícola no mês. A estimativa para a taxa de desemprego era de 3,4%.

Os dados de janeiro foram revisados ​​para baixo, mostrando 504.000 empregos criados, em vez dos 517.000 anunciados anteriormente.

Em fevereiro, a taxa de participação da força de trabalho foi pouco alterada em 62,5% e a relação população-emprego manteve-se em 60,2%. Essas medidas mostraram pouca alteração desde o início de 2022 e permanecem abaixo dos níveis pré-pandêmicos de fevereiro de 2020 (63,3% e 61,1%, respectivamente).

Haddad faz acordo com governadores

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou, nesta sexta-feira (10), um acordo firmado entre União e Estados para compensar as perdas de receitas geradas pela legislação que estabeleceu um limite para as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado pelos entes subnacionais sobre bens considerados essenciais.

Após semanas de negociações complexas entre as partes (por muitas vezes envolver até metodologias de cálculo distintas), Haddad informou que a solução encontrada foi de compensação de R$ 26,9 bilhões − montante muito mais próximo ao que indicava o Ministério da Fazenda em suas primeiras propostas (na casa de R$ 18 bilhões, enquanto os governadores chegaram a sugerir algo como R$ 45 bilhões).

“Uma boa parte disso já está resolvida, porque alguns Estados conseguiram liminar para não pagar as parcelas referentes às suas dívidas com a União”, pontuou o ministro em anúncio feito na sede da pasta, em Brasília. Acompanharam o evento o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), que representou os 27 governadores nas negociações, e Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional.

Lula e o PIB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta sexta-feira (10) com ministros das áreas econômica e de infraestrutura no Palácio do Planalto.

Em discurso aberto à imprensa no início da reunião, o mandatário disse que sua equipe não pode aceitar a ideia de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não vai crescer e defendeu que medidas sejam tomadas para aquecer a economia.

“A gente não pode aceitar a ideia que o PIB não vai crescer porque alguém diz que ele não vai crescer. Nós vamos dizer que o PIB vai crescer porque vamos fazer o PIB crescer”, afirmou.

Lula também disse que “não podemos ficar chorando o dinheiro que falta” para a implementação de medidas do governo e disse que é necessário “usar bem o dinheiro que a gente tem”.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney