Tesouro Direto: após CPI, títulos prefixados oferecem até 11,87% ao ano

Atenções estão voltadas para os preços ao consumidor nos EUA, que trouxeram números acima do esperado; indicador também mostrou núcleos pressionados

Bruna Furlani Katherine Rivas

Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)
Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)

Publicidade

As taxas dos títulos públicos operam, em sua maioria, estáveis na tarde desta quinta-feira (13) após forte volatilidade vista no começo do dia quando as negociações do Tesouro Direto chegaram a ser suspensas. Nos prefixados, apenas o título de curto prazo apresenta alta de 5 pontos-base. Nos papéis atrelados à inflação, todas as taxas operam com estabilidade.

Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, explica que a sessão começou com forte volatilidade por conta do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que subiu 0,4% em setembro na comparação mensal, segundo dados divulgados hoje pelo Departamento de Trabalho americano. O consenso Refinitiv esperava uma alta de 0,2% ante agosto.

Os núcleos – medidas que tentam suavizar o efeito de itens mais voláteis – também vieram acima das estimativas: 0,6% na comparação mensal e 6,6% na anual, ante projeções de 0,5% e de 6,5%, respectivamente.

Continua depois da publicidade

No entanto, Cavaca destaca que houve uma reversão no movimento de alta após o avanço das bolsas internacionais e brasileira. “O movimento é um ajuste em relação as altas vistas no começo da semana, com o mercado precificando um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro negativo, inferior ao esperado”, destaca.

Segundo Cavaca, a persistência inflacionária segue firme por conta da crise energética na Europa, guerra entre a Rússia e Ucrânia e a recuperação nos preços do petróleo.

Dentro do Tesouro Direto, apenas o Tesouro Prefixado 2025 apresentava alta nas taxas. O título público oferecia às 15h24 uma rentabilidade anual de 11,68%, superior aos 11,63% vistos na terça-feira (11).

Continua depois da publicidade

As taxas do Tesouro Prefixado 2029 e Tesouro Prefixado 2033 permaneciam estáveis, com retornos anuais de até 11,87%.

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas também ficaram estáveis. O maior ganho real registrado nesta sessão era de 5,79%, do Tesouro IPCA+ 2055.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (13): 

Continua depois da publicidade

Fonte: Tesouro Direto

Estados Unidos e commodities

O destaque da cena externa está nos números do CPI. A inflação para o consumidor atingiu alta de 8,2% no acumulado em 12 meses. O consenso Refinitiv apontava para uma alta de 8,1% em 12 meses.

O dado mostra a persistência da inflação no país. Ontem, o Departamento do Trabalho apontou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% em setembro na comparação com agosto e 8,5% ante setembro de 2021, ambas as medições acima da expectativa de mercado.

Segundo o departamento, os aumentos nos índices de habitação, alimentação e assistência médica trouxeram as maiores contribuições para o índice geral. Essas altas foram parcialmente compensadas ​​por uma queda de 4,9% no índice de gasolina.

Continua depois da publicidade

Também na cena externa, a decisão da semana passada da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de cortar a produção de barris elevou os preços e pode levar a economia global à recessão, disse a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta quinta-feira (13).

“A deterioração implacável da economia e os preços mais altos provocados por um plano da Opep+ para cortar a oferta estão diminuindo a demanda mundial de petróleo”, alertou a agência.

Na véspera, a Opep revisou para baixo sua projeção de aumento na demanda global por petróleo em 2022, de 3,1 milhões de milhões de barris por dia (bpd) para 2,6 milhões de bpd. Na ocasião, a organização também reduziu sua previsão para o aumento da oferta de petróleo de produtores fora do grupo em 2022, de 2,1 milhões de bpd para 1,9 milhões de bpd.

Continua depois da publicidade

Retorno de CDBs recua após eleições

Levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney, mostrou que a taxa média oferecida por CDBs atrelados à inflação com vencimento em 24 meses era de 6,28% ao ano acrescida de IPCA nos últimos dias. Na pesquisa anterior, feita entre os dias 12 e 27 de setembro, o retorno médio real era maior, de 6,91%. Os percentuais são brutos, ou seja, não descontam o Imposto de Renda (IR).

Entre os papéis atrelados à inflação, houve recuo também na rentabilidade máxima, com destaque para os CDBs com vencimento em 12 meses. No levantamento anterior, um CDB emitido pelo BTG Pactual oferecia um juro real máximo de 9,64% ao ano, além da correção pelo IPCA; agora, o percentual oferecido pelo mesmo emissor é de 9,04% ao ano.

Papéis prefixados também tiveram recuo nas taxas entre o último levantamento e o atual. A queda foi ainda mais acentuada entre os CDBs com vencimento em 24 meses, em que a remuneração média passou de 12,48% para 12,02% ao ano. Confira todos os detalhes nesta matéria.

Apoio de religiosos e pesquisas eleitorais

Na seara política, investidores acompanham nova rodada de pesquisas eleitorais. Na véspera (12), pesquisa PoderData mostrou estabilidade no segundo turno da eleição presidencial, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 48% das intenções de voto, enquanto o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) soma 44%, ambos mantendo os mesmos patamares da pesquisa divulgada na semana passada.

Ainda de acordo com o levantamento, votos brancos e nulos somam 6% e os indecisos são 2%, também uma manutenção na comparação com a pesquisa anterior.

Pelo critério dos votos válidos, que exclui brancos, nulos e indecisos, Lula aparece com 52% contra 48% de Bolsonaro, mesmo cenário da pesquisa da semana passada. O PoderData ouviu 5 mil pessoas por telefone entre os dias 9 e 11 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Também na cena política, o presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) fez, ontem (12), campanha nos dois estados que reúnem o maior número de eleitores do país: São Paulo e Minas Gerais.

Pela manhã, o candidato participou da inauguração de um templo evangélico em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. No início da tarde, Bolsonaro se deslocou para Aparecida, no interior de São Paulo, onde milhares de fiéis católicos homenageiam a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.