Tesouro Direto: juros de títulos intensificam queda, com IPCA+2045 a 6,04%; dados da inflação são destaque

Tesouro Prefixado 2033 oferecia retorno de 12,33% ao ano, abaixo dos 12,40 desta terça-feira (25)

Neide Martingo

(Getty Images)
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A leitura que se pode fazer da variação de 0,57% do IPCA-15 em abril, divulgada nesta quarta-feira (26) pelo IBGE é de que os dados confirmam uma tendência que os analistas têm apontado nos últimos meses: há um processo de desinflação no País. Analistas, porém, dizem que a velocidade dessa queda está abaixo da necessária para que o Banco Central possa dar algum alívio imediato em sua política monetária restritiva. O motivo é que os preços dos serviços e alguns núcleos ainda oferecem alguma resistência.

O consenso Refinitiv apontava para inflação de 0,61%. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,16%, abaixo dos 5,36% observados nos 12 meses até março. Nessa leitura, o consenso dos analistas estava em 4,20%.

Alexandre Maluf, estrategista macro da XP, explica que, “no geral, a composição do IPCA-15 e suas agregações reforçam o resistente processo de desinflação no Brasil, especialmente nos grupos de serviços”. Ele espera que o IPCA atinja seu nível mais baixo do ano em junho e volte a acelerar a partir de julho. A projeção de 0,53% para a leitura final do IPCA de abril tem leve viés altista. “Ainda vemos nossas projeções de 6,2% para o IPCA de 2023 e de 5,0% para 2024 bem calibradas”.

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No Tesouro Direto, Tesouro Prefixado 2033 oferecia retorno de 12,33% ao ano, abaixo dos 12,40 desta terça-feira (25). O Tesouro IPCA+ 2045 oferecia retorno de 6,04% ao ano, ligeiramente do que os 6,09% da sessão anterior. A taxa do Tesouro IPCA+ 2032 era de 5,82%, inferior à de 5,89% da véspera.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (26):

Fonte: Tesouro Direto

IPCA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial do País, subiu 0,57% em abril, mantendo a tendência de desaceleração após ter alcançado 0,76% em fevereiro e 0,69% em março, informou nesta quarta-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O dado ficou abaixo da estimativa dos analistas do mercado financeiro, uma vez que o consenso Refinitiv apontava para inflação de 0,61%. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,16%, abaixo dos 5,36% observados nos 12 meses até março. Nessa leitura, o consenso dos analistas estava em 4,20%.

Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, ressaltou a queda mais pronunciada dos alimentos, apontada pelo IPCA-15 de abril, divulgado nesta quarta (26). Ela crê que o preço dos alimentos deve continuar caindo ao longo do ano.  “A desaceleração (da inflação) está acontecendo de forma bastante lenta e os serviços subjacentes continuam com inflação persistente”, avalia a economista.

Marca histórica

O investimento em títulos públicos atingiu a marca histórica de R$ 7 bilhões em março. As aplicações de até R$ 1 mil representaram 53,5% das operações de investimento no mês; valor médio por operação foi de R$ 9.782,67.

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Tesouro

Instituições financeiras passaram a deter, em março, 28,06% dos títulos públicos federais, ante 27,80% em fevereiro. O grupo é o maior detentor de papeis do governo (DPMFi). Já entre os fundos de investimentos houve redução na detenção de títulos públicos federais, de fevereiro para março: de 24,77% para 23,79%. Títulos públicos nas mãos de estrangeiros tiveram leve queda no período: de 9,76% para 9,74%.

Salário mínimo

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou nesta quarta-feira (25) que o governo Lula ainda não definiu se haverá alteração no valor do salário mínimo, hoje em R$ 1.302. O Orçamento foi aprovado com a previsão de R$ 1.320 neste ano, e há expectativa de que uma medida provisória aplique o reajuste em maio.

“Foi negociado e proposto pelo governo o valor de R$ 1.320, mas está R$ 1.302, e qualquer diferença exigirá uma medida provisória e discussão com o Congresso”, disse Carlos Lupi. “O valor não está fechado ainda”, afirmou o ministro, alertando que os ministérios da Fazenda; do Planejamento; e da Gestão avaliam o assunto.

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Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, cada R$ 1 a mais no salário mínimo de R$ 1.302 elevaria hoje o déficit do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) em R$ 259,7 milhões. Na hipótese, seriam R$ 6,3 milhões extras na arrecadação do RGPS, ante um acréscimo de R$ 266 milhões nos benefícios previdenciários.

Déficit fiscal

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou, nesta quarta-feira, que o governo tem a obrigação de zerar o déficit fiscal em 2024, como prevê o novo arcabouço fiscal enviado ao Congresso. A declaração foi feita durante participação em evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).

“O arcabouço não veio com o objetivo de cortar gastos públicos. Esses cortes serão feitos com outras medidas. Temos uma secretaria específica que vai avaliar os gastos públicos. O arcabouço fiscal vem com objetivo de reequilibrar as contas públicas”, declarou a ministra.

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Tebet também declarou que o reequilíbrio das contas públicas é essencial para a retomada do crescimento econômico. Segundo ela, a proposta enviada ao Legislativo estabelece o orçamento de 2023 como o piso das despesas públicas e limita o crescimento real das despesas públicas a, no máximo, 2,5%. “É impossível ter crescimento sustentável e duradouro com déficit de 2% do PIB”, disse.

Jur0s EUA

As dificuldades contínuas do First Republic Bank levantam a possibilidade de que o Federal Reserve decida interromper os aumentos das taxas de juros na próxima semana, embora os investidores ainda vejam isso como algo preliminar.

“Não podemos descartar a possibilidade de desdobramentos em torno do First Republic acontecerem de uma maneira que levaria o Fomc a “pular” a reunião de maio [não subindo os juros], enquanto sinaliza uma alta em junho”, escreveram Krishna Guha e Peter Williams, da Evercore ISI, em uma nota aos clientes.

Os formuladores de políticas do Fed, que estão em período de silêncio antes da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) de 2 e 3 de maio, sinalizaram que estão no caminho de aumentar as taxas em 0,25 ponto percentual e sinalizar uma possível pausa em junho. Os investidores estão precificando em mais de 75% as chances de um aumento, abaixo dos 90% da semana passada.

Hipotecas nos EUA

Os pedidos de hipotecas nos Estados Unidos cresceram 3,7% na semana encerrada em 21 de abril de 2023, recuperando-se de uma queda de 8,8% na semana anterior, segundo dados da Mortgage Bankers Association (MBA) divulgados nesta quarta-feira. A taxa de juros média dos contratos de hipotecas de 30 anos subiram de 6,43% para 6,55% em uma semana. Os pedidos de compras subiram 4,6% e os de refinanciamento do crédito à habitação avançaram 1,7%.

Segundo Joel Kan, vice-economista-chefe do MBA, embora os dados apontem para uma desaceleração na economia dos EUA, os mercados continuam esperando que o Fed aumente as taxas de curto prazo em sua próxima reunião

 “Enxerto” de temas tributários

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça, o relatório do líder do governo na casa legislativa, o deputado José Guimarães (PT-CE), para a Medida Provisória (MPV) n° 1.147/2022. A proposição segue para análise do Senado Federal.

O texto votado pelos parlamentares zera as alíquotas do PIS e da Cofins sobre as receitas obtidas pelas empresas de transporte aéreo regular de passageiros de 1º de janeiro de 2023 a 31 de dezembro de 2026 e altera o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

O Perse (Lei 14.148/21) prevê ações emergenciais e temporárias destinadas ao setor de eventos para compensar os efeitos decorrentes das medidas de combate à pandemia da Covid-19.

A iniciativa vai de encontro ao esforço do Ministério da Fazenda, sob o comando de Fernando Haddad (PT), para reduzir subsídios tributários de modo a recompor a base arrecadatória do Estado.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney