Tesouro Direto: prefixados oferecem até 11,92%; pesquisas eleitorais e renúncia no Reino Unido estão no radar

Ativos de risco voltaram a subir e o dólar terminou em queda em relação ao real nesta quinta-feira (20). O Ibovespa ganhou fôlego extra com o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) encostando em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorais.

Na véspera (19), o Datafolha mostrou o candidato do PT estável com 49% das intenções de voto no segundo turno, enquanto Bolsonaro oscilou 1 ponto para cima e foi a 45%, no limite do empate técnico – tendência que tem sido vista em outros levantamentos.

O descolamento da Bolsa brasileira em relação a outros índices internacionais ocorre em um dia em que a primeira-ministra, Liz Truss, renunciou ao cargo. O pedido veio após o anúncio de um pacote polêmico de medidas fiscais que abalou os mercados de dívida do País desde o fim de setembro e levou à demissão de Kwasi Kwarteng, antigo ministro das Finanças, na semana passada.

Houve hoje nova rodada de elevação dos juros globais. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) de dois e dez anos operavam em alta nesta tarde, perto dos maiores rendimentos desde 2007. O avanço é impulsionado por comentários mais hawkish (inclinado ao aperto monetário) do presidente do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, da Filadéfia, Patrick Harker.

Segundo ele, a inflação americana só deve chegar perto da meta em 2024. O dirigente espera taxas anuais do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de 6% em 2022, 4% em 2023 e 2,5% em 2024.

Na véspera, o Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas do país, trouxe que o mercado de trabalho nos Estados Unidos está aquecido. “Isso força o Federal Reserve a aumentar os juros em 75 pontos-base, que é o que está precificado na curva de juros norte-americana”, afirmou Vinicius Romano, especialista de Renda Fixa na Suno Research.

No Tesouro Direto, os retornos oferecidos pelos títulos públicos registram estabilidade. “O mercado hoje teve pouca volatilidade. Houve pressão na parte da manhã em razão de um leilão do Tesouro. Depois o clima ficou melhor. À tarde, os Treasuries de 10 anos atingiram os 4,21%”, detalha Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimento.

Na última atualização do dia, o juro máximo oferecido por prefixados era de 11,92% ao ano, igual à taxa verificada um dia antes. O valor era entregue pelo Tesouro Prefixado 2033.

Entre os papéis atrelados à inflação, o maior retorno real era oferecido pelo Tesouro IPCA+2055, no valor de 5,80% ao ano, a mesma registrada nesta quarta-feira.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (20): 

Renúncia de Liz Truss

Após pouco mais de 45 dias no cargo, Liz Truss renunciou ao cargo de primeira-ministra. “Dada a situação, não posso cumprir o mandato pelo qual fui eleita pelo Partido Conservador”, disse em pronunciamento.

A BBC disse que o mandato de Truss foi mais curto de qualquer primeiro-ministro do Reino Unido. Antes dela, George Canning ficou no cargo por 119 dias, antes de morrer, em 1827.

O Partido Conservador busca um nome de consenso e que assuma a liderança do governo em meio a uma crise de credibilidade institucional e de índices de custo de vida crescentes no país.

No momento, as apostas sobre a substituição estão caindo sobre o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, com possibilidades também da ex-secretária de Defesa Penny Mordaunt. Mas já se fala no retorno de Boris Johnson, que renunciou ao cargo em julho.

Para Raquel de Sá, chefe de economia e head conteúdo da Rico, a agora ex-primeira-ministra herdou uma situação política e econômica já instável, que vem desde a aprovação do Brexit, em 2016, e piorou com a pandemia. No lado político, a recente renúncia de Johnson após acusações de corrupção, assédio e de comportamento inadequado dentro do gabinete na pandemia minaram a credibilidade do governo.

Datafolha

Na seara política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) estão em condição de empate técnico na disputa pelo Palácio do Planalto, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem (19).

O levantamento, realizado entre os dias 17 e 19 de outubro, mostra que Lula tem 49% das intenções de voto totais. Já Bolsonaro aparece com 45%. A distância, de 4 pontos percentuais, está no limite da margem de erro estimada para cada candidato pelo instituto, de 2 p.p. para cima ou para baixo.

O resultado mostra estabilidade no desempenho de Lula em comparação com o levantamento da semana passada. Já Bolsonaro oscilou positivamente 1 ponto percentual. Eleitores que dizem votar em branco ou nulo somam 4% do eleitorado – 1 ponto a menos no mesmo comparativo. Já os que não souberam ou optaram por não responder ao questionamento continuam representando 1% dos entrevistados.