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As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta quarta-feira (24). Nos prefixados, as taxas de curto e médio prazo sobem até 4 pontos-base, enquanto as de longo prazo recuam até 2 pontos-base.
Nos papéis de inflação, o movimento é semelhante. As taxas de curto prazo sobem até 2 pontos-base, enquanto as médias e longas apresentam queda na mesma magnitude ou operam estáveis.
Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, explica que o avanço das taxas ocorre por conta dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), que apresentou recuo de 0,73% em agosto na comparação mensal. O mercado aguardava uma deflação de 0,81%, segundo consenso Refinitiv.
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Nos últimos 12 meses, a prévia da inflação oficial desacelerou para 9,6% – voltando a ficar abaixo dos dois dígitos. “A deflação acabou ocorrendo em uma intensidade menor do que esperado, o que frustrou as expectativas do mercado”, destaca Costa.
Apesar da frustração, Costa reforça que nada muda para a inflação de agosto, e que a expectativa do economista é de deflação de entre 0,30% e 0,35%.
Já no cenário externo, ele cita o avanço das Treasuries (títulos do Tesouro americano) que ultrapassaram o patamar de 3,10%, por conta das expectativas do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira (26). O evento concentrará autoridades de política monetária nos próximos dois dias.
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“O mercado aguarda o discurso de Powell, em Jackson Hole, para ter mais informações sobre o aperto monetário”, aponta o economista. Até lá, na visão dele, os movimentos nas taxas de juros e títulos públicos, devem ser mais conservadores.
Segundo pesquisa do CME Group, as chances de o Fed aumentar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual ganham força no mercado. Hoje, a porcentagem dos que acreditam em um aumento de 0,75 ponto está em 60,5%, contra 53,0% ontem – a taxa iria para a faixa de 3,00% a 3,25%. Já os que acreditam numa alta de 0,50 ponto (faixa de 2,75% a 3,00%) caiu para 39,5%, contra 47,0% de ontem.
Dentro do Tesouro Direto, a taxa do título prefixado de curto prazo apresentava a maior alta. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h51 um retorno anual de 12,04%, acima dos 12% registrados na véspera.
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Já o Tesouro Prefixado 2029 apresentava uma rentabilidade anual de 11,99%. superior aos 11,97% vistos ontem.
Na contramão, o Tesouro Prefixado 2033 oferecia um retorno anual de 12,12%, inferior aos 12,14% da véspera.
Nos títulos atrelados à inflação, apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 subia. O título público oferecia um ganho real de 5,58% na última atualização desta quarta-feira (24), acima dos 5,56% registrados ontem.
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As taxas dos outros títulos permaneciam estáveis ou operavam com queda de até 2 pontos-base.
O maior ganho real registrado era de 5,87%, do Tesouro IPCA+ 2055
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (24):
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IPCA-15
A deflação – recuo dos preços na economia – em agosto foi puxada pela queda nos preços dos combustíveis (principalmente da gasolina e do etanol) e da energia elétrica. Apesar de a queda recorde para o IPCA-15, os preços dos grupos alimentação e bebidas (+1,12%) e saúde e cuidados pessoais (+0,81%) continuaram subindo.
Com a redução do ICMS sobre combustíveis e energia elétrica aprovada em junho pelo Congresso, além de três cortes seguidos nos preços da gasolina pela Petrobras (PETR3;PETR4), o grupo de transportes teve forte recuo de -5,24%, contribuindo com -1,15 ponto percentual (p.p.) no IPCA-15 do mês.
Também houve queda nos preços em habitação (-0,37%) e comunicação (-0,30%). A variação negativa em habitação está relacionada ao recuo de -3,29% nos preços da energia elétrica residencial, também devido à redução do ICMS em vários estados; em comunicação, a contração foi puxada pelos preços dos planos de telefonia fixa e móvel (que caíram 2,29% e 1,04%, respectivamente).
Segundo Laíz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, olhando para fora de preços administrados, um dos destaques do IPCA-15 está no fato de que o índice de serviços subjacentes se mostrou bastante elevado ao fechar em 0,78% em agosto. “Continuamos preocupados com a inflação de serviços, com a transferência de renda com o Auxílio Brasil maior e a melhora do mercado de trabalho. Acreditamos que os preços de serviços seguirão pressionados.”
A economista também chama atenção para o fato de que a alimentação em domicílio se manteve bastante alta em agosto. O mês atual e o anterior costumam ser períodos em que os preços de alimentos recuam, por questões de sazonalidade, mas isso não vem ocorrendo neste ano, pontua Laíz.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, observa também que a inflação de bens comercializáveis (ou seja, de bens que são comercializados no mercado internacional) subiu 0,46% no mês, uma aceleração marginal em relação ao 0,43% do IPCA-15 de julho.
“Isso significa que a inflação internacional ainda traz efeitos para a inflação doméstica”.
Ao olhar bens não-comercializáveis, Carla defende que a inflação do grupo avançou 0,58% agora, o que representa uma desaceleração em relação aos 0,84% vistos no IPCA-15 de julho. Para ela, os dados já mostram certo efeito da contração monetária afetando os preços domésticos, mas não ao ponto de conseguir trazer a inflação para a meta e de oferecer alívio para o Banco Central.
Jackson Hole
Há 40 anos, Jackson Hole é palco do simpósio anual dos bancos centrais. Na edição de 1989, Alan Greespan, sucessor de Vockler, trouxe perspectivas sobre a política monetária para a década que estava se iniciando. Foi a primeira vez que um chairman do Banco Central dos Estados Unidos fez parte, formalmente, da programação do simpósio. Desde então, virou uma tradição. “É um evento o qual o Fed utiliza para dar sinais mais claros sobre a política monetária. Praticamente se tornou uma peça importante da comunicação do Banco Central americano”, explica Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.
A cada ano, o simpósio de Jackson Hole trata sobre um tópico diferente. Agora em 2022, o tema é “Reavaliando restrições à economia e à política”. As discussões vão girar em torno do desequilíbrio entre oferta e demanda, herança da pandemia que acabou por impulsionar a inflação em todo o mundo. Em resposta a esse movimento, a maioria dos Bancos Centrais do mundo têm elevado taxas de juros depois de anos, incluindo, é claro, os Estados Unidos. Além das discussões entre autoridades monetárias, Jackson Hole é um espaço para a apresentação de estudos e artigos inéditos relacionados ao tema selecionado e que também traduzem a visão do Fed sobre o tópico.
A edição deste ano do simpósio começa na quinta-feira (25) e termina no sábado (27). Mas é o segundo dia do evento o mais aguardado pelos participantes do mercado financeiro. Às 11h (horário de Brasília), está previsto o discurso do atual presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. A fala promete mexer com os mercados, pois deve dar um indicativo mais preciso sobre o futuro do ciclo de aperto monetário nos EUA. De qualquer maneira, será uma mudança radical de discurso, comparando com o que foi dito por Powell nas duas edições anteriores.
Kaian Arantes, economista internacional da Parcitas Investimentos, explica que o Federal Reserve errou ao não levar em consideração a parte da oferta na previsão da inflação. “Por esse motivo, pode ser que Powell chegue em Jackson Hole dizendo que haviam poucos estudos sobre o lado da oferta da economia”, afirma. Esse “mea culpa” deve vir acompanhado de um discurso de comprometimento com o mandato de inflação.
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Ciro Gomes e Lula
Em sabatina ao Jornal Nacional, da TV Globo, Ciro Gomes, candidato à Presidência da República pelo PDT, disse que pode reavaliar seu discurso de ataque direto aos candidatos à frente nas pesquisas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indagado se tais ataques não agravariam o cenário de polarização no país, Ciro disse que o tom dele pode soar mais agressivo pela região de onde ele vem, mas que ele tem que confrontar a política atual e a dos últimos anos, que guiaram o Brasil até os problemas que existem hoje.
Candidato à Presidência da República pelo PT, Lula se reuniu com empresários da construção civil em São Paulo. Ele recebeu um documento com propostas para estimular o crescimento do setor de habitação e afirmou que retomará dois programas criados na época em que era presidente da República, o Minha Casa Minha Vida e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
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