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As taxas dos títulos públicos operam em alta na tarde desta segunda-feira (11). Nos prefixados, as taxas avançam até 18 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação a alta é de até 15 pontos-base.
Segundo Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, as taxas acompanham um mercado local cauteloso com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, em meio a tensões com a votação de dois destaques: a exclusão do estado de emergência e uma medida que torna o Auxílio Brasil de R$ 600 permanente.
Borsoi cita também o aumento nas projeções do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2023 e 2024 no Relatório Focus, do Banco Central, apresentados nesta segunda-feira (11).
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O documento mostrou mais um recuo na mediana das projeções calculadas pelos economistas para inflação de 2022, que agora estão em 7,67%, contra 7,96% vistos uma semana atrás. Por outro lado, o relatório trouxe uma piora nas expectativas para o ano que vem e para 2024 – que estão em 5,09% e 3,30%, respectivamente, no levantamento desta semana, acima dos 5,01% e dos 3,25% registrados sete dias antes.
“Isso eleva os temores com um cenário de desancoragem das expectativas de inflação”, destaca Borsoi. O economista também aponta um clima de aversão ao risco global, com o CDS (risco país) voltando para a faixa dos 300 pontos-base, com uma nova depreciação do câmbio, forçando os investidores a exigirem maiores prêmios na curva de juros local.
No cenário externo, o aumento de novos casos de covid-19 na China também eleva os temores de novos lockdowns e disrupções na cadeia industrial, segundo Borsoi.
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O economista-chefe da Nova Futura também destaca o início de manutenção programada no gasoduto Nord Stream na Europa, que aumenta as incertezas sobre o fornecimento energético no continente.
Atenção também para dados de inflação e atividade econômica nos Estados Unidos. O mercado aguarda a divulgação dos dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho, e do Livro Bege, nesta quarta-feira (13).
“Isso pode validar a percepção de que os Bancos Centrais serão agressivos no ciclo de alta, gerando nova pressão altista sobre as taxas de juros globais”, avalia Borsoi.
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Dentro do Tesouro Direto, o maior retorno anual era do Tesouro Prefixado 2033, de 13,32%.
Em relação às taxas, a maior alta era vista no título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h22, um retorno anual de 13,17%, superior aos 12,99%, registrados na sexta-feira.
Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 13,24% e 13,32%, na última atualização desta segunda-feira (11), acima dos 13,09% e 13,20% vistos na semana passada.
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Nos títulos atrelados à inflação, as taxas avançavam entre 11 e 15 pontos-base. Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2026 permanecia estável.
O maior ganho real entre os títulos era do Tesouro IPCA+ 2055, de 6,30%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (11):
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Visão do Fed
O relatório de empregos nos Estados Unidos, divulgado na última sexta-feira (8), aponta para uma economia sólida com poucos sinais de recessão no horizonte e que pode suportar taxas de juros mais altas, afirmou o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de St. Louis, James Bullard, nesta segunda-feira (11).
Os mercados financeiros estão dando sinais de que uma desaceleração econômica pode chegar em algum momento do ano que vem, à medida que os americanos lidam com a inflação mais alta em quatro décadas e o Fed eleva os custos dos empréstimos.
No entanto, Bullard disse, em entrevista à Associated Press, que o banco central não precisaria levar a economia a uma recessão ou aumentar significativamente o desemprego para reduzir a inflação para sua meta de 2%. “Agora temos muita inflação, mas a questão é: podemos voltar (a inflação) a 2% sem atrapalhar a economia? Acho que podemos”, afirmou.
O otimismo de Bullard corrobora o ritmo acelerado de aumento das taxas de juros pelo Fed, destinado a combater a maior inflação nos EUA em 40 anos.
Bullard acrescentou que atualmente apoia um aumento de 0,75 ponto porcentual na taxa de juros de curto prazo do Fed em sua próxima reunião, neste mês. A taxa está atualmente na faixa de 1,5% a 1,75%, após uma alta de 0,75 ponto porcentual em junho, a maior elevação desde 1994.
Relatório Focus
Além dos ajustes nas projeções de inflação, o documento do Banco Central trouxe alterações nas estimativas para o câmbio e o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. O ponto médio das expectativas dos economistas agora aponta que o PIB deve encerrar em 1,59%, acima dos 1,51% registrados uma semana antes. Não houve alteração nas estimativas para o indicador em 2023.
Sobre o câmbio, as projeções mostram que a moeda americana deve terminar este ano aos R$ 5,13, valor superior aos R$ 5,09 do levantamento anterior. Para o ano que vem, não houve nenhuma mudança.
O mercado também preferiu manter as projeções de elevação da Selic neste ano, em 13,75% e no ano que vem, em 10,50%. Já em 2024, as estimativas subiram para 8,00%, contra 7,75% vistos uma semana antes.
Panorama BlackRock
Com o ciclo de aperto monetário em países da América Latina mais avançado do que em economias desenvolvidas, os títulos de renda fixa emitidos por governos e empresas dessas nações ganharam espaço nas carteiras da renomada gestora americana BlackRock.
Em entrevista na última sexta-feira (8), Axel Christensen, diretor de estratégia de investimentos para a América Latina da BlackRock, destacou que o retorno oferecido por títulos do governo e títulos corporativos do Brasil e de outros países da América Latina, como México e Colômbia, “ultrapassa o risco”.
Para o diretor, como os bancos centrais desses países estão mais perto de encerrar do que do início do ciclo de aperto monetário, há um risco menor de que as taxas subam muito mais. Logo, há menos incerteza sobre a postura das autoridades monetárias.
Embora tenha ocorrido uma desvalorização recente no preço das commodities e da moeda brasileira, a expectativa de Christensen é que o processo de transição energética global beneficie as commodities, o que também pode ajudar países da América Latina que são mais intensivos em matérias-primas, caso do Brasil.
Confira entrevista em:
PEC dos Auxílios
Enquanto isso, na cena política, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que deve custar mais de R$ 41 bilhões ao governo, deve ser votada amanhã (12) em segundo turno na Câmara dos Deputados. A votação foi adiada devido ao baixo número de presentes na sessão da quinta-feira (7).
Na avaliação de analistas ouvidos pelo InfoMoney, a PEC deve melhorar o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, mas pode ser vista como oportunista e esbarrar em eleitor que se identifica mais com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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