Tesouro Direto: piso de prefixados cai a 12,90%; mercado espera regra fiscal e analisa fala de Powell

Entre os ativos atrelados à inflação o destaque era o Tesouro IPCA+ 2045, com juros de 6,54%

Neide Martingo

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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O presidente do Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano), Jerome Powell, adotou um tom mais leve e afirmou, nesta quarta-feira (8), que a autoridade monetária ainda não tomou uma decisão sobre o aumento de juros a ser implementado no encontro de março do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

Em sessão na Câmara dos Representantes dos EUA, Powell explicou que a instituição analisará uma série de dados antes de definir o ajuste na taxa básica, entre eles o relatório Jolts (abertura de postos de trabalho), que foi divulgado nesta quarta.

Na véspera, Powell  havia sugerido que as taxas de juros podem precisar subir por mais tempo, o que alimentou temores de uma alta potencialmente maior nos juros – de 0,5 ponto percentual.

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No Brasil, as expectativas seguem em torno do anúncio do novo arcabouço fiscal prometido por Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

No Tesouro Direto, a maioria dos juros dos títulos públicos apresentava queda às 15h33. O piso dos prefixados, do Tesouro Prefixado 2026, era de 12,90% ao ano, igual a vista na terça-feira (7). O maior retorno era oferecido pelo Prefixado 2033, de 13,43% ao ano, abaixo dos 13,57% ao ano da sessão anterior.

Entre os ativos atrelados à inflação, o destaque, em igual horário, era do Tesouro IPCA+ 2045, com juros de 6,54% ao ano, menores do que os 6,54 da véspera.

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Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, os mercados estão um pouco mais positivos. “Os resultados corporativos foram bons. E o mercado aguarda a nova regra fiscal. Lá fora, Jerome Powell disse que não está certo ainda que os juros vão voltar a subir”, afirma.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (8): 

Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Powell

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou hoje que a autoridade monetária ainda não tomou uma decisão sobre o aumento de juros a ser implementado no encontro de março do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês).

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Em sessão na Câmara dos Representantes dos EUA, Powell explicou que a instituição analisará uma série de dados antes de definir o ajuste na taxa básica, entre eles o relatório Jolts de abertura de postos de trabalho, que foi divulgado nesta quarta. Como já havia dito na terça-feira no Senado, o dirigente reforçou que dados recentes sugerem que a taxa terminal de juros deve ficar acima do previsto anteriormente.

Powell reiterou que a inflação nos Estados Unidos está arrefecendo, mas segue muito elevada. Ele disse ainda que o dólar é o único “candidato sério” a exercer o papel de moeda de reserva global.

Empregos EUA

Os Estados Unidos elevaram em 242 mil o número de vagas no setor privado em fevereiro e a remuneração anual subiu 7,2% em relação ao ano anterior, de acordo com o Relatório Nacional de Emprego ADP, produzido pela ADP Research Institute, em colaboração com o Stanford Digital Economy Lab.

Em janeiro, o número de contrações foi de 119 mil, segundo dados revisados. O dado de fevereiro veio acima do consenso Refinitiv, que previa a criação de 200 mil vagas.

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Citi

O Citigroup espera que o Fed aumente a taxa de juros em 0,50 ponto percentual em março. Antes do discurso de Jerome Powell, os analistas do banco apostavam em uma alta de 0,25 pp.

Arcabouço fiscal

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que essa semana haverá nova reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para avaliar a fase final do novo arcabouço fiscal.  Segundo ela, ainda serão feitos cálculos para fechar a proposta, antes de ser levada ao presidente Lula para a palavra final. Tebet disse ainda que os esforços são “para sair um arcabouço justo, que vai olhar pelo lado das receitas e pelo lado das despesas, com responsabilidade social, mas também sabendo que não há social sem fiscal”.

Reforma tributária

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse, na terça-feira (7) estar confiante de que a reforma tributária será aprovada, uma vez que tem apoio tanto do governo quanto da oposição, mas alertou para a necessidade de aproveitar o primeiro ano da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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“Eu estou muito confiante de que a reforma tributária vai andar. Eu acho que é uma oportunidade de o mundo político mostrar capacidade de diálogo e mostrar resultado. Esta é uma reforma que… traz eficiência econômica e está madura”, disse Alckmin em entrevista ao jornalista Pedro Bial, que foi ao ar na noite da véspera na TV Globo.

“Lula lidera esse trabalho empenhado, o (ministro da Fazenda Fernando) Haddad é convicto de que é necessário, a oposição –que poderia dificultar– é mais liberal… Agora, não pode perder o primeiro ano. Se possível, no primeiro semestre, já tem que votar o primeiro turno (da reforma tributária), é a ‘lua de mel’”, afirmou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

13º para beneficiários do Bolsa Família

O governo Lula não vai retomar o pagamento do 13º para beneficiários do Bolsa Família, afirmou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. “Como o nome diz, é uma bolsa: Bolsa Família. Ela não é um contrato de salário, de remuneração, nem na lógica do setor público nem na lógica do empregado do setor privado”, disse ele, ao Estadão/Broadcast.

A parcela extra do benefício foi paga apenas em 2019, no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro. Parlamentares da oposição têm reivindicado que a atual gestão retome o adicional, visto pelo ministro como fruto de uma estratégia eleitoreira do ex-presidente.

IPCA fevereiro

O IPCA de fevereiro deve mostrar reaceleração na margem, com pressões vindo tanto dos preços administrados quanto dos livres, diz João Savignon, Head de Pesquisa macroeconomica da Kínitro.

“A composição do IPCA seguirá indicando expressivos desafios ao BCB, na medida em que continuaremos observando as principais medidas subjacentes e de núcleo em níveis acima do intervalo das metas. Isso em um ambiente inflacionário desafiador, envolto tanto por incertezas externas quanto internas que tornam o processo desinflacionário mais lento que o esperado”, completa.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney