Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos têm mais um dia de queda nesta 5ª; juros dos prefixados recuam para 10,3%

Mercado monitora falas de autoridades na Expert XP e piora da crise hídrica, além de declarações sobre início da redução de estímulos nos Estados Unidos

Bruna Furlani

(Shutterstock)
(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – As atenções dos investidores estão voltadas para a piora da crise hídrica e seus impactos na inflação, além de declarações que indicam que o Fed, que é o banco central americano, possa iniciar em breve a retirada de estímulos, conhecida como tapering. Com isso, os prêmios dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto operam em queda na tarde desta quinta-feira (26).

No Tesouro Direto, o juro pago pelo papel com vencimento em 2031, por exemplo, se mantinha estável em 10,26% na atualização da tarde, contra 10,25% vistos no começo da manhã. Contudo, seguia abaixo do retorno pago um dia antes, que era de 10,41%. No mesmo horário, o retorno do título com vencimento em 2026 era de 9,70%, acima dos 9,67% vistos no início das negociações. Mas abaixo do juro de 9,80% registrado na sessão anterior.

Já entre os papéis atrelados à inflação, o juro real oferecido pelo Tesouro IPCA+ com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais era de 4,73% na atualização feita após o almoço, abaixo dos 4,75% vistos um dia antes. O retorno real pago pelo Tesouro IPCA com vencimento em 2026, por sua vez, era de 4,38%, contra 4,44% registrados na tarde da última quarta-feira (25).

Continua depois da publicidade

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto oferecidas na tarde desta quinta-feira (26):

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar local

Na agenda econômica, o destaque está nos dados apresentados nesta quinta-feira (26) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo o Ministério da Economia, houve a abertura de 316.580 vagas de trabalho formal em julho, número acima da projeção dos analistas consultados pela Refinitiv, que era de 250 mil postos.

Em julho do ano passado, o país criou 137.014 vagas em momento em que o país ainda enfrentava medidas de combate

Continua depois da publicidade

No cenário político, o mercado acompanha as falas de Paulo Guedes, ministro da Economia, que participou da Comissão Temporária da Covid-19 no Senado pela manhã. Na ocasião, ele disse que a alta nos preços dos combustíveis é fruto de pelo menos de três fontes de pressão: preços da gasolina e de similares mais altos, crise hídrica e câmbio. 

Ele também informou à Comissão que pedirá a governadores que colaborem e não aumentem os impostos estaduais sobre os produtos.

O ministro ainda participa de um painel agora à tarde na Expert XP, às 15h30. O evento ocorre de forma online e gratuita entre os dias 24 e 26 de agosto. Saiba mais clicando aqui.

Continua depois da publicidade

Ontem (25), ao ser questionado sobre a alta no preço da energia e da conta de luz, o ministro da Economia minimizou os impactos sobre o bolso do consumidor. “Se ano passado que era um caos, nos organizamos e atravessamos, por que vamos ter medo agora? Qual é o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?”, disse Guedes.

De acordo com informações da agência Reuters, o governo brasileiro planeja reduzir 10% da carga total de eletricidade do país. Entre as medidas propostas pelo governo para se chegar a esse número estão incentivos a cortes voluntários no consumo nos mercados livre e regulado, além de ações para cortar o consumo de eletricidade em prédios públicos.

Os olhares também estão atentos à fala de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado. Durante a Expert XP, o presidente do Senado afirmou nesta quinta-feira (26) que “acredita muito” na possibilidade de resolver o pagamento dos precatórios do Orçamento de 2022 com a mediação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Continua depois da publicidade

O envolvimento do CNJ no imbróglio foi mencionado pelo ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), também durante o evento da XP, nesta manhã.

Em participação ontem na Expert XP, Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento, afirmou que o governo está disposto a rediscutir a proposta de usar um fundo sustentado por ativos da União para antecipar o pagamento de parcelamentos de precatórios fora da regra do teto de gastos.

“O fundo foi uma das principais fontes de ruído”, disse o secretário ao tratar da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Ele reiterou que o governo vai encaminhar ao Congresso até o fim deste mês um projeto de lei orçamentária que preverá o pagamento total dos precatórios que vencem no próximo ano, sem a possibilidade de parcelamento.

Continua depois da publicidade

Cena externa

No cenário internacional, o radar dos investidores está atento às declarações de dirigentes do Fed, o banco central americano, sobre a redução de estímulos no país. Hoje pela manhã, Esther George, presidente da distrital do Fed em Kansas City, defendeu que a autoridade monetária inicie em breve a retirada de estímulos, processo conhecido como “tapering”.

Em entrevista, a dirigente afirmou que a diminuição do afrouxamento monetário (QE, na sigla em inglês) deve começar “mais cedo do que mais tarde”, em meio a leituras elevadas de inflação e desequilíbrios no mercado imobiliário residencial dos EUA.

Da mesma forma, James Bullard, presidente do Fed de St. Louis disse que as compras de ativos “provavelmente não são necessárias neste momento“. “Há alguma preocupação de que estejamos causando mais danos do que ajudando”.

Robert Kaplan, presidente do Fed de Dallas, por sua vez, defendeu que até setembro o Fed estará em condições de anunciar o início da gradual redução nas compras de títulos.

Investidores repercutem ainda mais dados vindos dos Estados Unidos como a segunda estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre e números sobre o auxílio desemprego.

Segundo o escritório de estatísticas do BEA (Bureau of Economic Analysis), do Departamento de Comércio do país, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anualizada de 6,6% no 2º trimestre de 2021 em relação aos três meses anteriores, de acordo com a segunda estimativa apresentada nesta quinta-feira (26) pelo órgão. A primeira estimativa, divulgada no fim de julho, apontava para uma alta de 6,5%.

O resultado ficou levemente abaixo da previsão de alta de 6,7% projetada pelos economistas, segundo dados compilados pela Refinitiv.

O mercado também segue à espera do simpósio de Jackson Hole, em que autoridades do Federal Reserve, o banco central americano, podem apresentar atualizações a respeito de seus planos para reduzir o ritmo de estímulo monetário no país. O Fed vem comprando ao menos US$ 120 bilhões em títulos mensalmente, visando reduzir os juros de longo prazo e impulsionar o crescimento econômico em reação à pandemia.

Curso gratuito ensina a ter consistência na bolsa para ganhar e rentabilizar capital. Participe!