Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos recuam com menor percepção de risco inflacionário e dólar

Prefixados oferecem rentabilidade anual de até 11,41% ao ano

Bruna Furlani Katherine Rivas

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)
Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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As taxas dos títulos públicos operam em queda na tarde desta sexta-feira (1), com menor percepção de risco inflacionário.

Segundo Bruno Martins, gestor de renda fixa da Warren, os juros acompanham a diminuição de percepção de risco em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, além da queda consistente do dólar que começa a fazer preço nas projeções de inflação pelos agentes de mercado.

Martins afirma que com uma Selic maior, o ganho em operações de carry trade – com investidores tomando dinheiro emprestado no exterior para alocar no Brasil- voltou a ficar atraente. “Mais dólares entrando favorecem a valorização do real frente à moeda estrangeira e o menor custo de insumos importados”, explica o gestor da Warren.

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A cena política também pesa nas taxas, segundo Martins, com o mercado esperando ver Lula e Bolsonaro na disputa eleitoral e a possibilidade de João Dória na terceira via.

Dentro do Tesouro Direto, os papéis prefixados de curto e médio prazo apresentavam a maior queda entre as taxas. O Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam uma rentabilidade anual de 11,28% na última atualização desta sexta-feira (1), abaixo dos 11,53% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregava um retorno anual de 11,41%, inferior aos 11,65% da sessão anterior.

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Nos títulos atrelados à inflação, o movimento também era de baixa. As taxas do Tesouro IPCA+ 2026 eram as que mais recuavam. O título público oferecia uma rentabilidade real de 5,06%, abaixo dos 5,18% registrados ontem.

As taxas dos outros títulos atrelados ao IPCA apresentavam queda entre 6 e 7 pontos-base.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (1): 

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Terceira via

A casa de análise Levante Investimentos apontou que a Terceira via renova as esperanças e pode se tornar competitiva em 2022.

Após o intenso movimento visto ontem no cenário político, com o ex-juiz Sérgio Moro se filiando ao União Brasil e desistindo, pelo menos por ora, da candidatura ao Palácio do Planalto; e com João Doria renunciando ao cargo de governador de São Paulo, objetivando a presidência da República; “agora, há consenso para que, a fim de fazer frente a Lula (PT) e Bolsonaro (PL), as pré-candidaturas do centro político se unifiquem em torno de apenas uma chapa”.

“A grande dificuldade, porém, é definir quem será o rosto da terceira via e quem será o vice nesta composição”, ressalta a Levante. “A terceira via, ainda que esteja distante de um segundo turno, renova suas esperanças para se tornar competitiva em 2022 e deve apenas definir os nomes da candidatura mais à frente, tendo em vista as concessões políticas e a percepção do eleitorado sobre os nomes disponíveis”.

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Produção industrial

A produção industrial teve alta de 0,7% em fevereiro, na comparação mensal. Tal fato eliminou parte da queda de 2,2% registrada em janeiro. Mas a situação ainda segue ruim: o setor permanece 2,6% abaixo do patamar anterior à pandemia. Os dados foram apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, a indústria acumula queda de 5,8% e, em 12 meses, alta de 2,8%. Frente a fevereiro de 2021, o recuo foi de 4,3%.

O dado mensal veio acima do esperado. O consenso Refinitiv esperava alta de 0,3% na comparação com janeiro, enquanto a expectativa na comparação anual era de queda de 5,2%.

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O avanço da indústria em fevereiro teve taxas positivas disseminadas em todas as quatro grandes categorias econômicas e em 16 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, as influências positivas mais importantes vieram das indústrias extrativas (5,3%) e de produtos alimentícios (2,4%).

Rublo em falsa recuperação

O Tesouro dos Estados Unidos disse que a recuperação artificial do rublo mascara a devastação da economia russa.

Um alto funcionário do Departamento do Tesouro dos EUA disse à CNN internacional que a economia da Rússia está “sendo devastada” pelas sanções ocidentais e a rápida recuperação do rublo só foi possível graças aos esforços de Moscou para sustentar a moeda.

A preocupação da comunidade internacional é que as sanções não estão surtindo o efeito desejado, já que a moeda russa vem se recuperando. Para os EUA, porém, a visão é diferente: “a economia da Rússia está mergulhando em recessão e sendo esmagada pela inflação paralisante”.

Hoje, o rublo perdeu 0,90% em relação ao dólar. Com o fechamento de hoje, um dólar compra 83,95 rublos, um valor até abaixo do que no dia em que a guerra se iniciou, em 24 de fevereiro (84,05 rublos) mas o quadro já foi pior. Em 7 de março, um dólar chegou a valer 143,00 rublos.