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Caros(as) leitores(as),
Nessa última semana, mais precisamente na quarta-feira (23), tivemos um dia importante para o mercado financeiro global. Eu e meu grande amigo Lucas Biolchini, responsável pela célula de ações da XP Advisory, tomamos a liberdade de apelidar esse momento de “Nvidia Day”.
Para você que acompanha minha coluna assiduamente e ainda não conseguiu compreender ao que me refiro, explico: a gigante americana de tecnologia, Nvidia, reportou seus resultados do último trimestre nessa data. O momento era amplamente esperado por investidores e investidoras ao redor do mundo – a ação da companhia listada nos EUA mais do que triplicou seu valor este ano, atingiu a marca de US$ 1 trilhão de valor de mercado e se tornou uma das empresas mais valiosas do mundo.
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A Nvidia fabrica um “negócio” chamado de GPU, Unidade de Processamento Gráfico, renderiza imagens e vídeos. O componente se baseia em computação paralela para realizar cálculos intensivos e acelerar operações de modo a gerar informação visual – essas belezinhas valiosas e extremamente requisitadas são base para um dos avanços mais importantes da humanidade: a inteligência artificial (IA).
O conceito é discutível já que nós mal conseguimos definir exatamente o que é inteligência. Porém, seu peso para a humanidade não é.
Vivemos diversos momentos de “hype” no mundo, você deve ter lido ou escutado promessas disruptivas para inúmeras frentes do mundo. O “metaverso”, os algoritmos das redes sociais como Tik Tok, novidades que emocionam, mas que não são capazes de mudar o jogo completamente como o que vamos discutir hoje.
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Essa é a quarta revolução industrial. Tivemos a primeira em 1784 com maquinário que possibilitou o motor a vapor; em 1870 a eletricidade permitiu a produção em massa; em 69 a tecnologia da informação possibilitou a eletrônica; e agora temos o famigerado “Big Data”, que é alicerce para a inteligência artificial. Todas são tecnologias de proposito geral, criações que servem como base para ganhos de produtividade e avanços tecnológicos sem precedentes.
IA não é um futuro, já é uma realidade e está acontecendo nesse exato momento ao nosso redor. Poderia me debruçar sobre o que isso vai mudar no mundo com uma discussão mais filosófica, ou até opinar questões sociais, com um claro perdedor nessa história, que na minha opinião, é o mercado de trabalho – mas isso fica para outra oportunidade, caso a audiência continue firme e a inteligência artificial ainda não seja capaz de escrever textos melhores que os meus (o que eu duvido muito que não aconteça).
Desta vez, vou focar no mercado de capitais, na dinâmica das empresas e no que importa para o seu bolso. No fim do dia, é o que eu sei fazer de melhor.
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Veja os gráficos abaixo:
O primeiro deles, relata a proporção de empresas do S&P 500, o principal índice de ações dos EUA, com suas quinhentas maiores companhias, que mencionaram o termo “inteligência artificial” nos seus reports do último trimestre. Logo abaixo, vemos essa proporção quebrada por setor.
Setores como tecnologia da informação (info tech), bancos e financeiras (financials) e saúde (health care) talvez sejam mais óbvios. Mas e incorporadoras (real state), utilitários públicos (utilities) como empresas de saneamento e energia?
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Algumas empresas realmente estão investindo em IA para mudarem seus modelos de negócio de maneira considerável, outros talvez estejam “surfando o hype” para serem empresas mais valiosas apenas no discurso – como já vimos antes, inclusive com companhias listadas brasileiras (não citarei nomes, obviamente). Ou será que tudo é hype? Bom, como citei anteriormente, acredito que estamos frente a quarta revolução industrial, e se isso é chamado de hype…
The hype is real
Voltemos ao tal Nvidia Day para explorar esse ponto:
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Acima vemos a receita trimestral da Nvidia. Vemos como ela avançou de maneira boçal. São US$ 13,5 bilhões só nesse segundo trimestre do ano, ao lado, vemos qual era a expectativa do consenso de mercado (analistas sell side) e o guidance da própria empresa, que basicamente estavam em linha nos US$ 11 bilhões.
Ambas foram superadas. Vemos que, para o próximo trimestre, a companhia espera um resultado de US$ 16 bilhões de receita. Hoje ela vale (market cap) US$ 1,2 trilhões (aproximadamente), o que nos entrega um múltiplo de preço sobre lucro (P/L 12 meses) de 35 vezes, que antes do resultado era 45 vezes, revisão feita nos lucros deixou o indicador menor.
O curioso é que a empresa praticamente não se mexeu em preço na Bolsa após divulgação, mas por esse indicador, ela ficou mais barata. Na última coluna, explico esse conceito de maneira simples e divertida.
Enfim, meu ponto é: se alguém tinha alguma dúvida da capacidade desse negócio, isso ficou de lado. Comprar ações de uma das empresas mais valiosas do mundo a 35 vezes lucro é questionável, talvez não pareça a maior pechincha, posso estar errado e aparentemente estou – particularmente não tenho estomago para isso.
Para você que ficou até o final da maior coluna que já escrevi, deixo uma provocação: quando Thomas Edison “inventou” a eletricidade, ele não imaginava que isso possibilitaria a internet, ou pensaria que um dos maiores vencedores da sua invenção seria a Coca-Cola, por exemplo.
Sua criação, quando ficou barata e acessível, nos possibilitou encontrar uma “coquinha” gelada em qualquer lugar do mundo, o que alavancou brutalmente suas vendas e, por fim, receita e lucros – aliás, um dos investimentos mais vencedores da vida de Warren Buffett.
O que tira meu sono hoje é: quem serão as “Coca-Colas” da inteligência artificial. Por enquanto, a Nvidia e a TSMC são amplamente vencedoras dessas histórias, mas quem são as outras que se escondem e ainda não expõem o impacto da IA em seus valores de mercado – essa é a maior questão.
Desculpe por também tirar seu sono.
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