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A isenção dos dividendos distribuídos pelos fundos imobiliários é hoje um dos grandes atrativos do produto, presente na carteira de mais de 2,2 milhões de brasileiros. Embora seja uma discussão recorrente, o possível fim do benefício está entre as maiores preocupações do mercado, aponta estudo da XP, divulgado nesta terça-feira (11).
A instituição financeira ouviu 30 gestores de FIIs sobre os principais temas relacionados ao segmento. Em relação aos potenciais riscos para o segundo semestre, 25% apontaram a taxação dos rendimentos pagos aos cotistas – ou seja, um em cada quatro.
Após a Câmara dos Deputados aprovar a primeira fase da reforma tributária – que tratava da tributação sobre o consumo –, o governo federal quer apresentar a segunda etapa da proposta nos próximos meses. A ideia é discutir a distribuição de lucros e dividendos, como sinaliza o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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Para os gestores de FIIs, o risco da taxação dos dividendos é superior ao de uma desaceleração econômica (13%) ou do aumento da inflação (6%) e abaixo apenas dos riscos de uma instabilidade política e de fatores externos.
“Os FIIs são ativos negociados em Bolsa de Valores e qualquer burburinho [como a da tributação de dividendos] pode refletir na cotação dos fundos”, afirma Daniel Chinzarian, analista de fundos de investimentos da XP, que lembra do impacto que a mesma discussão teve no mercado em 2021. “Na época, o Ifix caiu bastante, mas depois foi se recuperando [na medida em que a ideia perdeu força]”, completa.
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Em 2021, a possibilidade de tributar os rendimentos dos FIIs foi incluída em projeto de lei (PL) que modificava a cobrança do Imposto de Renda (IR), gerando mau humor no mercado.
No dia 25 de junho daquele ano, o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – registrou perdas de 2,02%, a maior queda do indicador de lá para cá.
A PL do IR chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados na época, mas alguns itens que tratavam de investimentos acabaram sendo eliminados – entre eles, a tributação dos dividendos de FIIs.
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Na oportunidade, o mercado de fundos imobiliários demonstrou que o segmento é extremamente pulverizado e focado principalmente na pessoa física (que hoje representa quase 75% da base de investidores do produto). A contribuição dos FIIs para o setor imobiliário – inclusive na geração de emprego – também foi lembrada na época.
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Preocupações não ofuscam oportunidades do mercado, dizem gestores
Os potenciais riscos para o mercado de FIIs no segundo semestre não são suficientes para reduzir o otimismo dos gestores. 84% deles projetam um retorno do Ifix acima dos 10% em 2023.
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O desempenho representaria a retomada deste mercado, prejudicado nos últimos anos pelas restrições impostas pela pandemia da Covid-19 – que reduziram a circulação de pessoas e, consequentemente, as receitas dos FIIs, especialmente as dos segmentos como escritório e shopping.
O ciclo de alta da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, que subiu de 2% no início de 2021 para 13,75% ao ano em agosto de 2022 – nível que se mantém até hoje –, também reduziu a atratividade dos FIIs.
Quanto mais alto o indicador, mais rentável se torna a renda fixa, que acaba atraindo investidores da renda variável e derrubando cotações de produtos como os fundos imobiliários.
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“A melhora operacional em segmentos como shopping, logístico e lajes corporativas abriu novamente uma janela de oportunidades no mercado imobiliário”, explica Chinzarian. “Todos os gestores que ouvimos estão otimistas para o segundo semestre e para os próximos anos”, revela.
As maiores oportunidades para o segundo semestre, de acordo com os gestores, estão no segmento de lajes corporativas (44%), seguido dos FIIs de recebíveis e dos FoFs, que investem em cotas de outros fundos.
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Segundo a pesquisa da XP, entre os maiores atrativos do mercado de FIIs atualmente está o preço dos FIIs – considerado barato para 91% dos gestores.
O segmento de lajes corporativas, por exemplo, é negociado com desconto médio de 25% em relação ao valor patrimonial dos fundos – espécie de preço justo das carteiras – mesmo com a recente valorização do mercado.
Sobre o desempenho – mais de 12% nos últimos três meses –, Chinzarian atribui o movimento aos investidores institucionais, que já percebem as oportunidades oferecidas pelo segmento, afirma o analista da XP.
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