Vale lidera isolada as recomendações de analistas nas carteiras de fevereiro

Mineradora se distancia da Petrobras, que fica em segundo lugar; Itaú Unibanco aparece na terceira posição

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – A Vale ampliou a distância em relação à Petrobras nas carteiras recomendadas para o segundo mês do ano. Com 21 recomendações entre as 25 carteiras analisadas pela InfoMoney, a mineradora assegura isolada o primeiro lugar nas preferências dos analistas, 7 votos a frente da estatal, que aparece na segunda posição. O Itaú Unibanco completa o pódio, com 12 recomendações.

As carteiras consideradas este mês, que incluíram bancos e corretoras, foram: Ágora, Amaril Franklin, Ativa, Brascan, Banif, BTG Pactual, Bradesco, BB, Citi, Coin, Fator, HSBC, Link, Omar Camargo, PAX, Planner, Pilla, Souza Barros, Spinelli, Senso, Socopa, SLW, TOV, XP Investimentos e Win.

Vale se isola na liderança
As 21 recomendações para os papéis preferenciais da Vale incorporam expectativas positivas para o reajuste dos preços do minério de ferro e projeções de elevação da demanda, colocando a mineradora no topo das preferências dos analistas para o mês.

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A média das estimativas aponta para aumento entre 30% e 50% no preço dos contratos de longo prazo de fornecimento de minério de ferro.“É consenso de que o mercado de minério permanece apertado, com pouca oferta adicional e problemas na oferta, o que deverá manter o preço da commodity elevado no curto e médio prazo”, revelaram os analistas da Itaú Corretora.

Para a Socopa, a empresa é uma das principais beneficiadas desse cenário positivo para o setor de mineração nos próximos anos. Ademais, os preços spot do minério de ferro voltaram a patamares elevados no final de 2009, o que na visão da corretora sinaliza uma posição mais confortável para as mineradoras nas negociações com as siderúrgicas chinesas.

Ação

 Recomendações 

Vale 21
Petrobras 14
Itaú Unibanco 12
Gerdau 11
Lojas Americanas 8
Usiminas 7
Duratex 7
AmBev 7

Os analistas da PAX ressaltam ainda que o bom momento vivido pela economia brasileira, principalmente o setor de construção civil, também deve trazer bons resultados à mineradora.

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Além disso, a aquisição de 100% dos ativos da Bunge Participações e investimentos, incluindo 42,3% do capital total da Fosfértil e minas de rocha fosfática e plantas de processamento de fosfatados, foram exaltados pela equipe da Spinelli. “O desenvolvimento dos projetos de potássio e fosfato, juntamente com a recente transação, permitirão que a Vale se torne num dos principais players em fertilizantes do mundo nos próximos sete anos, com produção estimada de 3,3 milhões de toneladas de ácido fosfórico e 10,7 milhões de toneladas de potássio.

A operação também foi elogiada pela Coin, que afirmou que a aquisição ressalta o objetivo da empresa em expandir sua atuação para o segmento de fertilizantes. “Trabalhamos com expressivos ganhos de sinergia nesta incorporação tendo em vista o know-how da empresa no setor”, dizem os analistas.

Por fim, vale mencionar que o UBS elevou a recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) da Vale, de neutra para compra, citando o valuation atrativo dos papéis devido à recente correção. Além disso, os analistas ressaltaram a expectativa de que a demanda física será forte no primeiro semestre de 2010.

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Petrobras permanece como vice
Com 14 votos para suas ações preferenciais, a Petrobras segue como vice-líder nas recomendações dos analistas para fevereiro. O plano de capitalização da empresa é o principal foco das projeções. O Banif, por exemplo, afirma que apesar do desempenho recente dos papéis não ter sido tão positivo, em função especialmente da expectativa sobre seu aumento de capital, é perigoso não ter a empresa no portfólio.

Os analistas do Citigroup destacam que são “compradores” das ações da petrolífera em 2010. “Enquanto o primeiro semestre pode ser volátil devido às incertezas quanto à regulação do sistema brasileiro para o setor e ao aumento de capital da Petrobras, esperamos que os preços das ações tenham um forte desempenho neste ano”, avaliam.

O otimismo é baseado em três principais fatores. O primeiro é a projeção de alta para os preços do petróleo, que nas estimativas do banco terá um valor médio por barril de US$ 76,00 em 2010 e US$ 85,00 em 2011. A equipe do Citi também projeta crescimento da produção de petróleo da Petrobras em 2010.

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O Citi destaca como terceiro tópico as perspectivas de benefício para a empresa com a regulação do sistema de extração e produção de petróleo no País e o aumento de capital da companhia. “Acreditamos que o aumento de capital seja necessário para reforçar as fontes para o programa de capex [investimentos previstos para melhorar os bens de capital da empresa], enquanto mantém sua escala de investimentos”, afirma o banco.

Já a Spinelli ressalta o anúncio de um novo capítulo na consolidação do setor petroquímico nacional com a incorporação de ativos e participações na Quattor e na Unipar na “Nova Braskem”. A TOV, por sua vez, destaca o potencial das reservas, descobertas recentes e crescimento da produção da estatal, que “manterá a Petrobras em posição privilegiada em relação a outros players”.

Além disso, a redução na alíquota da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) pode trazer bons resultados à Petrobras, com ganho aproximado de 6% no preço de realização da estatal, de acordo com a Link Investimentos. Em linha, a Itaú Corretora espera que a medida contribua para o aumento das vendas de gasolina, o que significa uma demanda adicional nas refinarias da Petrobras.

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Itaú Unibanco completa o pódio
O Itaú Unibanco foi o terceiro colocado nas carteiras recomendadas para o mês, com 12 votos.

As sinergias esperadas da fusão para 2010, assim como as expectativas otimistas para o setor financeiro, estão entre os principais drivers dos papéis. Os analistas do Citi, por exemplo, afirmam que as sinergias esperadas da fusão devem vir mais cedo do que o mercado prevê e implicar em um aumento de 27,5% nas receitas operacionais, colocando o banco em uma posição privilegiada no setor. Diversas outras corretoras, como Fator e BB Investimentos, apontam que o banco é o mais bem posicionado para se aproveitar do avanço esperado da economia brasileira.

O resultado do último trimestre de 2009, divulgado no último dia 9, também foi bem recebido por analistas. O lucro líquido de R$ 3,213 bilhões nos últimos três meses de 2009 pegou o mercado de surpresa, já que os analistas não esperavam um avanço de 71% da comparação anual. Contudo, este resultado veio inflado por diversos eventos não recorrentes, fazendo com que o lucro líquido ajustado ficasse em linha com as expectativas do mercado.

O otimismo do mercado não se deve apenas ao expressivo aumento dos lucros. A Link destaca a queda de 6,5% nas despesas com provisão na base de comparação trimestral, chegando a R$ 4,016 bilhões, enquanto o Bank of America Merrill Lynch destaca que “o resultado é particularmente relevante, uma vez que foram divulgadas sólidas tendências operacionais a despeito das reversões de provisões observadas nos trimestres anteriores”.