Publicidade
SÃO PAULO – A Vale ampliou a distância em relação à Petrobras nas carteiras recomendadas para o segundo mês do ano. Com 21 recomendações entre as 25 carteiras analisadas pela InfoMoney, a mineradora assegura isolada o primeiro lugar nas preferências dos analistas, 7 votos a frente da estatal, que aparece na segunda posição. O Itaú Unibanco completa o pódio, com 12 recomendações.
As carteiras consideradas este mês, que incluíram bancos e corretoras, foram: Ágora, Amaril Franklin, Ativa, Brascan, Banif, BTG Pactual, Bradesco, BB, Citi, Coin, Fator, HSBC, Link, Omar Camargo, PAX, Planner, Pilla, Souza Barros, Spinelli, Senso, Socopa, SLW, TOV, XP Investimentos e Win.
Vale se isola na liderança
As 21 recomendações para os papéis preferenciais da Vale incorporam expectativas positivas para o reajuste dos preços do minério de ferro e projeções de elevação da demanda, colocando a mineradora no topo das preferências dos analistas para o mês.
Continua depois da publicidade
A média das estimativas aponta para aumento entre 30% e 50% no preço dos contratos de longo prazo de fornecimento de minério de ferro.“É consenso de que o mercado de minério permanece apertado, com pouca oferta adicional e problemas na oferta, o que deverá manter o preço da commodity elevado no curto e médio prazo”, revelaram os analistas da Itaú Corretora.
Para a Socopa, a empresa é uma das principais beneficiadas desse cenário positivo para o setor de mineração nos próximos anos. Ademais, os preços spot do minério de ferro voltaram a patamares elevados no final de 2009, o que na visão da corretora sinaliza uma posição mais confortável para as mineradoras nas negociações com as siderúrgicas chinesas.
Ação |
Recomendações |
---|---|
Vale | 21 |
Petrobras | 14 |
Itaú Unibanco | 12 |
Gerdau | 11 |
Lojas Americanas | 8 |
Usiminas | 7 |
Duratex | 7 |
AmBev | 7 |
Os analistas da PAX ressaltam ainda que o bom momento vivido pela economia brasileira, principalmente o setor de construção civil, também deve trazer bons resultados à mineradora.
Continua depois da publicidade
Além disso, a aquisição de 100% dos ativos da Bunge Participações e investimentos, incluindo 42,3% do capital total da Fosfértil e minas de rocha fosfática e plantas de processamento de fosfatados, foram exaltados pela equipe da Spinelli. “O desenvolvimento dos projetos de potássio e fosfato, juntamente com a recente transação, permitirão que a Vale se torne num dos principais players em fertilizantes do mundo nos próximos sete anos, com produção estimada de 3,3 milhões de toneladas de ácido fosfórico e 10,7 milhões de toneladas de potássio.
A operação também foi elogiada pela Coin, que afirmou que a aquisição ressalta o objetivo da empresa em expandir sua atuação para o segmento de fertilizantes. “Trabalhamos com expressivos ganhos de sinergia nesta incorporação tendo em vista o know-how da empresa no setor”, dizem os analistas.
Por fim, vale mencionar que o UBS elevou a recomendação dos ADRs (American Depositary Receipts) da Vale, de neutra para compra, citando o valuation atrativo dos papéis devido à recente correção. Além disso, os analistas ressaltaram a expectativa de que a demanda física será forte no primeiro semestre de 2010.
Continua depois da publicidade
Petrobras permanece como vice
Com 14 votos para suas ações preferenciais, a Petrobras segue como vice-líder nas recomendações dos analistas para fevereiro. O plano de capitalização da empresa é o principal foco das projeções. O Banif, por exemplo, afirma que apesar do desempenho recente dos papéis não ter sido tão positivo, em função especialmente da expectativa sobre seu aumento de capital, é perigoso não ter a empresa no portfólio.
Os analistas do Citigroup destacam que são “compradores” das ações da petrolífera em 2010. “Enquanto o primeiro semestre pode ser volátil devido às incertezas quanto à regulação do sistema brasileiro para o setor e ao aumento de capital da Petrobras, esperamos que os preços das ações tenham um forte desempenho neste ano”, avaliam.
O otimismo é baseado em três principais fatores. O primeiro é a projeção de alta para os preços do petróleo, que nas estimativas do banco terá um valor médio por barril de US$ 76,00 em 2010 e US$ 85,00 em 2011. A equipe do Citi também projeta crescimento da produção de petróleo da Petrobras em 2010.
Continua depois da publicidade
O Citi destaca como terceiro tópico as perspectivas de benefício para a empresa com a regulação do sistema de extração e produção de petróleo no País e o aumento de capital da companhia. “Acreditamos que o aumento de capital seja necessário para reforçar as fontes para o programa de capex [investimentos previstos para melhorar os bens de capital da empresa], enquanto mantém sua escala de investimentos”, afirma o banco.
Já a Spinelli ressalta o anúncio de um novo capítulo na consolidação do setor petroquímico nacional com a incorporação de ativos e participações na Quattor e na Unipar na “Nova Braskem”. A TOV, por sua vez, destaca o potencial das reservas, descobertas recentes e crescimento da produção da estatal, que “manterá a Petrobras em posição privilegiada em relação a outros players”.
Além disso, a redução na alíquota da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) pode trazer bons resultados à Petrobras, com ganho aproximado de 6% no preço de realização da estatal, de acordo com a Link Investimentos. Em linha, a Itaú Corretora espera que a medida contribua para o aumento das vendas de gasolina, o que significa uma demanda adicional nas refinarias da Petrobras.
Continua depois da publicidade
Itaú Unibanco completa o pódio
O Itaú Unibanco foi o terceiro colocado nas carteiras recomendadas para o mês, com 12 votos.
As sinergias esperadas da fusão para 2010, assim como as expectativas otimistas para o setor financeiro, estão entre os principais drivers dos papéis. Os analistas do Citi, por exemplo, afirmam que as sinergias esperadas da fusão devem vir mais cedo do que o mercado prevê e implicar em um aumento de 27,5% nas receitas operacionais, colocando o banco em uma posição privilegiada no setor. Diversas outras corretoras, como Fator e BB Investimentos, apontam que o banco é o mais bem posicionado para se aproveitar do avanço esperado da economia brasileira.
O resultado do último trimestre de 2009, divulgado no último dia 9, também foi bem recebido por analistas. O lucro líquido de R$ 3,213 bilhões nos últimos três meses de 2009 pegou o mercado de surpresa, já que os analistas não esperavam um avanço de 71% da comparação anual. Contudo, este resultado veio inflado por diversos eventos não recorrentes, fazendo com que o lucro líquido ajustado ficasse em linha com as expectativas do mercado.
O otimismo do mercado não se deve apenas ao expressivo aumento dos lucros. A Link destaca a queda de 6,5% nas despesas com provisão na base de comparação trimestral, chegando a R$ 4,016 bilhões, enquanto o Bank of America Merrill Lynch destaca que “o resultado é particularmente relevante, uma vez que foram divulgadas sólidas tendências operacionais a despeito das reversões de provisões observadas nos trimestres anteriores”.