Vinland vê ambiente mais previsível para Bolsa com vitória de Biden e aumenta exposição a ações

Com enfraquecimento global do dólar e respeito a teto de gastos no Brasil, a expectativa de que o real se aprecie, diz André Laport

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Após meses de incerteza com relação ao resultado eleitoral, o democrata Joe Biden alcançou no sábado os 270 delegados necessários para ser eleito o 46º presidente dos Estados Unidos, colocando fim à principal disputa política que ditava o rumo dos mercados.

Definido o próximo presidente dos EUA, a avaliação de André Laport, sócio e head de ações da Vinland Capital, é de que o momento já permite mais confiança para um aumento das posições na Bolsa.

Durante live no Instagram do InfoMoney na manhã desta segunda-feira, o gestor afirmou que, após ampliar a fatia em caixa diante do binário cenário eleitoral americano, enxerga agora um ambiente mais previsível e amigável para os mercados.

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Por isso, a Vinland tem aumentado nos últimos dias as posições em ações de seus fundos multimercado para até 15% das carteiras. A tendência, segundo Laport, é de contínua ampliação dessa fatia.

O sócio da casa acredita em um movimento de rotação de setores no portfólio americano dos investidores, com as empresas de tecnologia ainda se beneficiando de um ciclo de alta liquidez e juros baixos, mas com as empresas de valor se sobressaindo daqui para frente.

Nos EUA, o fundo possui posições nas big techs Google, Amazon, Apple e Microsoft, assim como em empresas de vestuário, como Nike, além de Starbucks, Berkshire Hathaway e bancos de investimento como Goldman Sachs e Morgan Stanley.

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No Brasil, a opção da gestora tem sido a de ampliar posições em empresas que já faziam parte do portfólio, como de Itaú e Bradesco.

“Os bancos já reportaram números bastante fortes e a inadimplência caiu. Apesar da competição com as fintechs, são bancos que tendem a continuar performando bem”, avalia Laport.

Ainda no setor financeiro, Stone e B3 também estão no portfólio da casa, que inclui ainda as blue chips Vale e Petrobras, bem como Natura, Lojas Renner, Localiza e Eneva.

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O único setor com o qual o gestor ainda se diz reticente é o de shoppings e lojas físicas, uma vez que ainda vê uma demora na retomada do fluxo de clientes. Com isso, a Vinland tem dado mais ênfase ao mercado digital, caso de Magazine Luiza.

Indefinição no Senado

Por mais que o desfecho quanto ao cargo mais importante do mundo permita um ambiente mais previsível no mercado de ações, ainda há incertezas que podem trazer grande volatilidade para os investimentos no curto prazo, observou Laport.

A corrida no Senado americano continua, e como o resultado será divulgado oficialmente apenas em janeiro, é um risco que deve ser monitorado de perto, disse o gestor.

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“Hoje, o mercado precifica que os republicanos vão levar o Senado e que essa mudança [de governo] não será tão brusca, mas ainda não é 100% [de certeza]”, afirmou na live.

A avaliação do especialista é a de que uma divergência no Congresso, com a Câmara dos democratas e o Senado dos republicanos, pode ser bem recebida pelos investidores.

“De certa forma, o mercado não quer o partido democrata ganhando em todas as instâncias, porque teria um choque de políticas, tanto no exterior quanto monetária, que mudariam radicalmente. E tudo que é muito radical não é bom e traz barulho”, disse o sócio da Vinland.

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Durante a conversa, Laport destacou ainda o fato de o processo eleitoral ter sido curto por conta da pandemia, e que o coronavírus agregou um peso extra para uma eleição já acirrada, principalmente no fim da disputa, com os eleitores avaliando como o atual presidente, Donald Trump, lidou com o vírus e como teria sido a atuação de Biden.

Câmbio

O gestor da Vinland disse também que, após a forte alta do dólar neste ano, em meio à busca dos investidores por aplicações consideradas mais seguras diante das incertezas com a pandemia, a expectativa é de que haja uma mudança na trajetória da moeda.

“Com o mundo mais calmo e um governo democrata mais amigável perante os emergentes, com uma relação melhor com a China e o leste europeu, a tendência é isso mudar e o dólar perder força.”

Segundo Laport, com o enfraquecimento global do dólar, caso o governo brasileiro faça o dever de casa e respeite o teto de gastos, o real tende a se valorizar.

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