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SÃO PAULO – Uma das alternativas mais buscadas por estrangeiros que sonham em ganhar o Green Card e começar uma nova vida nos Estados Unidos, o visto para investidores EB-5, pode sofrer novas mudanças a partir do próximo ano.
De acordo com Ariel Yaari, especialista em investimentos na Driftwood Acquisitions & Development, além do aumento para investimento mínimo, que atualmente está em US$ 500 mil, o Congresso Americano está considerando uma mudança na forma de contabilizar a oferta de vistos e também medidas para acelerar a obtenção do certificado.
Atualmente são oferecidos 10 mil vistos por ano, sendo que essa quantidade é contada não pelo número de aplicações, mas pelo número de pessoas que estão aplicando. Em outras palavras, quando uma família de quatro pessoas aplica para o EB-5, são consideradas quatro cotas. Com a mudança, será analisada uma única cota para cada processo – na prática, serão concedidos mais vistos.
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Outra possível alteração, segundo Yaari, é que parte dos vistos cedidos por meio de loteria está sendo negociada para ser concedida futuramente através do EB-5. “Se isso for aprovado vai dar mais velocidade para a obtenção da permanência legal”, diz.
O investimento por EB-5 funciona a partir de centros regionais, em que o investidor “empresta” o seu dinheiro para empresas americanas, em obras para hospitais, escolas, etc., que visam o crescimento dos Estados Unidos. Ao final da construção, que leva em torno de cinco a sete anos, o valor investido é devolvido, juntamente com a correção monetária e o Green Card. Este, inicialmente temporário e com validade de dois anos, precisa comprovar que o local gerou dez empregos para poder ser renovado por mais dez anos. Depois disso, após um período de cinco anos, o investidor pode se naturalizar como cidadão norte-americano.
Atualmente o valor para o investimento é de cerca de US$ 570 mil (visto que as taxas administrativas e os custos com advogados giram em torno de US$ 70 mil). Daniel Rosenthal, diretor da InvestUSA360, explica que uma das grandes vantagens deste visto é que ele dá direito ao Green Card para o solicitante, cônjuge e também aos filhos de até 21 anos.
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Aumento de valor
Desde 2015 o governo americano vem discutindo a mudança de valor do EB-5, que é o mesmo desde a criação do programa, em 1990. “Os tempos são outros, o que faziam com US$ 500 mil já não se faz mais hoje”, afirma Rosenthal.
Anualmente as cerca de 10 mil cotas do EB-5 são disponibilizadas entre 1º de setembro e 31 de agosto do ano seguinte. O especialista explica que os chineses são os que mais aplicam. Os brasileiros aparecem apenas em terceiro no ranking.
A expectativa é de que ocorra uma nova votação no Congresso Americano após 30 de setembro para dar a cartada final. Segundo ele, o valor do visto deve subir para US$ 900 mil, limitando e controlando a imigração. “Do ano que vem [o aumento] não passa”, diz.
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Investimento em imóveis
Para quem quer investir nos EUA sem necessariamente residir no país, uma das opções é o investimento imobiliário. Segundo Rosenthal, a Flórida é o destino número um na preferência dos brasileiros. Dentre as cidades mais buscadas, Orlando e Fort Lauderdale se destacam, enquanto Miami aparece em terceiro, por possuir um tíquete médio mais alto que as demais. No ranking de nacionalidade dos inquilinos na cidade do Mickey Mouse, os americanos estão em primeiro lugar. Em segundo aparecem os canadenses e depois os europeus.
Outros estados fora do radar também merecem a atenção dos investidores. Texas, Arizona e Atlanta oferecem, segundo o especialista, retornos de 6% ao ano (em média) e possuem um custo reduzido em relação aos destinos mais mainstream.
De acordo com Rosenthal, o valor médio para investir em imóveis nos EUA é US$ 300 mil, mas há opções de US$ 155 mil. Ele explica que com US$ 500 mil é possível comprar uma mansão na Flórida, ou então um pequeno apartamento no centro de Miami.
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Miami: uma ilusão?
Além do EB-5, outro visto muito procurado por brasileiros que queremos morar nos EUA é o E2, que pode ser solicitado por empreendedores com dupla cidadania, como a italiana, alemã e polonesa, por exemplo. Qualquer pessoa, porém, pode abrir uma empresa lá fora, mas isso não dá direito à permanência legal no país.
Rosenthal explica que ao abrir um negócio em outro país o empreendedor precisa estar ciente de que há diferenças culturais, logísticas e que, no caso dos Estados Unidos, este é o mercado mais competitivo do mundo e tem regras muito rígidas. “Em todo lugar que você vai tem que pensar e agir de forma local”, diz.
Segundo ele, isso reflete tanto na abertura de novas empresas como na compra de imóveis para investimento. “Quando você compra um imóvel para investir em outro país, você não pode fazer uma decoração para brasileiros. No Brasil a gente tende a gostar de cores mais neutras. O americano, canadense e europeu, por outro lado, gostam de cores mais vivas, coloridas e de decorações temáticas. Isso vai influenciar no seu resultado financeiro”, diz. E completa: “Tem que fazer com base no gosto de quem vai alugar”.
Rosenthal explica que o mesmo acontece com os restaurantes, por exemplo. Segundo ele, alimentos artesanais não costumam agradar tanto os americanos, por isso que nem sempre dá certo. “A textura do brigadeiro não cai no gosto dos americanos. Eles gostam de coisas mais empacotadas, industrializadas e exigem um critério de produção que envolve a parte de higiene (e o brigadeiro é feito à mão)”, diz.
No caso de Miami, a “capital latina” dos EUA, o empreendedor pode tentar fazer algo específico para a comunidade de brasileiros, mas é recomendado que ele tenha sempre um plano B nas mangas. “Muitas pessoas foram e estão voltando. Não é porque todo mundo está abrindo um negócio lá que você também precisa, porque não necessariamente é bom para você”, conta Rosenthal citando exemplos de redes como Madero e Paris 6, que recentemente fecharam suas unidades na cidade americana após reportarem grandes prejuízos.
Também merecem atenção a parte logística, de produtos que não necessariamente serão encontrados lá nos EUA, e tributária, que varia de acordo com o estado. “Entre abrir um negócio e fazer funcionar, tem um abismo”, diz. Ele explica que é fundamental que o investidor faça a compensação de impostos também aqui no Brasil, já que a irregularidade pode trazer problemas lá na frente. “O barato acaba saindo caro”, diz.
O especialista explica que qualquer negócio exige planejamento, pesquisa de mercado e responsabilidade: “O sonho americano existe, é possível, mas não é para todo mundo”, diz. “É preciso tomar cuidado para que o sonho americano não se torne um pesadelo americano”, completa.
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