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A Woldcoin, criptomoeda polêmica do criador do ChatGPT que disparou mais de 100% nesta semana após ser listada em exchanges, chegou ao Brasil e está sendo distribuída em São Paulo. Mas não de graça.
Para conseguir unidades do token, negociado a US$ 2,19 na tarde desta sexta-feira (28), os usuários precisam dar em troca as informações da sua íris, parte que dá cor aos olhos. Parece ficção científica, mas não é.
Primeiro, é preciso baixar o aplicativo da Worldcoin na loja de apps e fazer um cadastro. Depois, é necessário procurar um “orb” (orbe, na tradução em português) físico, uma esfera futurística que escaneia o globo ocular e cria uma espécie de identidade digital.
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De acordo com o app, há três endereços em São Paulo com o dispositivo: o Maac Hub (na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nº 4.553); o coworking Akasa Itaim (na Rua Sader Macul, nº 96); e o Club Co-working (na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 1.327). É preciso fazer o agendamento prévio no aplicativo.
Além dos endereços acima, as pessoas também podem trocar informações do globo ocular por criptos na Campus Party, evento de tecnologia que acontece em São Paulo até o domingo (30).
A reportagem baixou o aplicativo e, após informar o número do celular, ganhou o direito de resgatar 25 unidades do token – o equivalente US$ 54,44 – depois de finalizar o cadastro e escanear a íris em algum orbe. Por questões de privacidade, o cadastro completo não foi concluído.
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Para Jorge Souto, co-gestor do fundo TC Digital Assets, o mundo caminha para a perda de privacidade em larga escala, e o novo projeto cripto levanta muitas dúvidas sobre esse tema.
“As empresas de tecnologia são as maiores do mundo porque pegam grandes lotes de dados, conseguem processar isso e transformar em um produto. Aqui [com a Worldcoin] não vai ser diferente: sua íris unicamente talvez não valha muito, mas em grupo vai valer. Então, acho que temos que desconfiar”, disse, em maio, no programa Cripto+, do InfoMoney.
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Atenção dos governos
A coleta de dados já chamou atenção de governos mundo afora. Nesta sexta-feira (28), o órgão regulador de privacidade da França (CNIL, na sigla em francês) disse à agência de notícias Reuters que a questão legal do uso dos dados das pessoas é duvidosa. “A legalidade desta coleta parece questionável, assim como as condições para armazenar dados biométricos”.
No início desta semana, o órgão de vigilância de dados do Reino Unido (ICO, na sigla em inglês) disse ao CoinDesk, site especializado em criptomoedas, que examinará o projeto.
“Notamos o lançamento da Worldcoin no Reino Unido e faremos mais investigações”, disse um porta-voz da entidade. As organizações “precisam ter uma base legal clara para processar dados pessoais. Quando dependem do consentimento, este precisa ser dado livremente e pode ser retirado sem prejuízo”, completou.
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A Worldcoin começou a ser desenvolvida por Sam Altman, CEO da OpenAI e principal mente por trás do ChatGPT, em 2019, e chamou atenção de pesos-pesados do mercado financeiro. De acordo com reportagem do Financial Times de maio deste ano, Altman estava tentando levantar US$ 100 milhões com os fundos de venture capital Khosla Ventures e Adreessen Horowitz, entre outros.