Publicidade
(Bloomberg) – Enquanto as ações estão tendo um início de ano caótico, os investidores estão sacando dinheiro dos títulos que lucram com a volatilidade maior, ao mesmo tempo em que os vendedores a descoberto estão aumentando as apostas no retorno da tranquilidade.
Em janeiro, os traders retiraram US$ 850 milhões de dois dos produtos negociados em bolsa mais populares que monitoram os movimentos do Chicago Board Options Exchange Volatility Index. O resultado se dá no momento em que um indicador da ansiedade dos investidores, conhecido como VIX, caminha para seu maior aumento mensal desde agosto. Em uma nota, as apostas pessimistas subiram brevemente para mais de 100 por cento das ações em circulação.
O posicionamento reflete a especulação de que algo fará com que a volatilidade se reduza por todo o mercado acionário dos EUA, onde foram eliminados até US$ 2,4 trilhões em valor. Traders como Monish Shah, da Mizuho Securities USA, e Dave Lutzsay, da JonesTrading Institutional Services, dizem que a queda forte foi longe demais e que os bancos centrais ajudarão a conter os efeitos de uma desaceleração econômica chinesa e da queda dos preços do petróleo.
Continua depois da publicidade
“Os bancos centrais, que historicamente atuam absorvendo choques, eventualmente saíram para o resgate e adotaram um tom dovish, indicando implicitamente, assim, que ‘estamos aqui para cuidar da situação, por isso não se preocupem’”, disse Shah, chefe dos negócios de ETF da Mizuho Securities em Nova York. “Isso ajudará a estabilizar o mercado e a reduzir a volatilidade a curto prazo”.
Que patamar de alta a volatilidade atingirá neste ano? Considere que em janeiro os contratos futuros VIX do mês vigente foram negociados perto de seu nível mais elevado desde setembro em relação àqueles que expiram em julho. O prêmio deles é um dos maiores desde 2011 para contratos que normalmente custam menos que as apostas de longo prazo.
O Standard Poor’s 500 Index perdeu 8,2 por cento neste mês e caminha para sua maior queda desde maio de 2010 devido aos temores crescentes de que o Federal Reserve removeu seu apoio cedo demais. O VIX, que tende a mover-se inversamente às ações dos EUA, subiu 33 por cento — e os títulos que sobem com ele também deram um salto.
Continua depois da publicidade
Contudo, o iPath S&P 500 VIX Short-Term Futures ETN e o ProShares Ultra VIX Short-Term Futures viram saídas de capital em janeiro. Além disso, o interesse a descoberto por ambos aumentou, segundo dados da Markit. Subiu para 89 por cento das ações circulantes no iPath ETN e para 29 por cento no fundo ProShares, contra 2,6 por cento no início deste mês.
Antes obscuros, fundos e notas negociados em bolsa que sobem e caem com o nível de turbulência no mercado acionário dos EUA tiveram um aumento de popularidade nos últimos anos, com o volume diário no mais popular deles excedendo regularmente a casa de 100 milhões de ações em 2016. Os títulos são usados pelos especuladores profissionais e também pelos indivíduos para proteger ações ou para apostar na direção da volatilidade.
Os produtos estão ligados às medidas de volatilidade de referência, como o VIX e os contratos futuros relacionados, que são negociados centenas de milhares de vezes por dia em Chicago. Na maioria dos casos, uma posição longa no VIX ou em um de seus contratos equivale a uma aposta de que as oscilações do mercado aumentarão e as ações cairão.
Continua depois da publicidade
Em vez de sinalizarem um declínio na turbulência acionária, as saídas de capitais poderiam simplesmente significar que os investidores estão efetuando saques, segundo Nicola Marinelli, da Pentalpha Capital.
“Essa coisa gera dinheiro apenas em alguns casos, por isso quando isso acontece você obtém lucro”, disse Marinelli, gerente de fundos que ajuda a administrar 114 milhões de euros (US$ 124 milhões) na Pentalpha, em Londres. “Os bancos centrais têm cada vez menos poder”.