Gerente de alta renda conta como trocou a carreira bancária pela assessoria de investimentos

Dizem que há males que vêm para o bem. No caso de Roberta Príncipe, a demissão no cargo de gerente de alta renda em uma das maiores instituições financeiras do Brasil foi uma das melhores notícias que recebeu nos últimos anos. “Quando fui demitida, precisava encontrar algo que pudesse usar meus conhecimentos, mas que não fosse tão desgastante”, conta.

A demissão veio quando a companhia em que trabalhava passava por uma situação financeira difícil. Cerca de mil funcionários foram dispensados ao mesmo tempo, e Roberta perdeu o emprego mesmo em um momento quando alcançava marcas de 150% de cumprimento da meta. E foi quando uma ex-colega apresentou o mundo da assessoria de investimentos a ela. “Fiquei encantada logo de início. Pensei que se eu conseguia fazer um trabalho bacana com apenas uma bandeira, imagina com várias bandeiras ao mesmo tempo”, diz.

O primeiro passo foi obter a certificação na Ancord, e então deu início a um escritório próprio em parceria com a XP Investimentos, em 2015. Com o nome Príncipe Investimentos, o escritório começou sem estrutura física, mas a assessora conseguiu retomar o contato de seus antigos clientes e convenceu eles a migrarem do banco para uma instituição especializada em investimentos. “Comecei em um momento turbulento para a economia, mas comecei a visitar esses clientes, afiei bem o discurso e levei segurança para eles”, explica.

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Em um mundo cheio de termos técnicos e siglas que muitas vezes confundem os investidores, Roberta aposta em uma abordagem mais educacional. “Me vejo como uma tradutora do mercado financeiro, então uso muita analogia para aproximar o mercado de uma linguagem do cotidiano”, acrescenta.

Fazer essa nova carreira dar certo era a única alternativa para Roberta. Voltar para dentro de um banco não era uma opção, e não haviam recursos guardados para manter uma tranquilidade financeira por muito tempo. “O meu plano A era ser assessora de investimentos, e meu plano B era fazer o plano A dar certo”, lembra.

O processo não foi fácil. Eram preciso três ou quatro reuniões para que cada cliente abrisse a conta na XP Investimentos por intermédio do escritório de Roberta. Ainda assim, em cerca de seis meses conseguiu captar R$ 10 milhões em valor sob custódia. E foi nesse momento que ela foi convidada a se juntar à equipe da Messem Investimentos, um dos maiores escritórios filiados à XP.

Roberta deixou para trás a marca própria, os mil cartões de visita que havia produzido e o site que estava no ar, e a escolha não poderia ter se mostrado mais acertada. “A Messem tinha um escritório mais estruturado e que poderia me trazer mais expertise sobre o negócio”, explica. Desde então, a base de clientes cresceu mais de seis vezes, administrando agora uma carteira de R$ 70 milhões sob custódia.

Menos pressão

Acostumada a uma carreira de fortes pressões para o atingimento das metas, Roberta encontrou um novo cenário no escritório. “Aqui, a pressão vem de cada um, minha meta é pessoal, até porque a carteira de clientes é própria de cada assessor”, explica. O auxílio do escritório vem ao fornecer informações detalhadas sobre os produtos da plataforma e um direcionamento sobre quais produtos se destacam no atual cenário, mas sem a obrigação de trabalhar um produto ou outro.

Para quem está começando a migrar de área, Roberta alerta que é preciso ter muita dedicação. “Principalmente no começo é preciso ter muita intensidade no trabalho e uma rede de relacionamento boa, porque é difícil começar com amigos e família, esse é um assunto muito delicado para todo mundo”, explica.

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