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As mulheres se emanciparam há décadas, são a maioria da população (51,7%), na média têm um nível de escolaridade superior aos homens e chefiam 43% dos lares, segundo dados do IBGE. Mas em um ambiente considerado muito masculino, o do mercado financeiro, a presença feminina é pequena e segue estacionada há um bom tempo. Segundo dados da B3, elas representam apenas 24% dos investidores na bolsa (B3) e 31% no Tesouro Direto. É com uma atuação focada – mas não exclusiva – no público feminino com dinheiro e pouca experiência em finanças que a Safe Investimentos vem ganhando espaço. Começou há 11 anos atendendo em Caxias do Sul (RS) e hoje tem clientes em praticamente todo o País. A ideia de criar a empresa foi de uma mulher que viveu na pele as dificuldades de atuar em um ambiente considerado muito masculino.
“Trabalhei anos em banco e me sentia mal em atender sem dar a assessoria mais próxima que eu acredito porque este não era o foco da instituição”, comenta Andreia Morello, sócia-fundadora da Safe que lembra o impacto de ter feito parte do seu MBA no exterior em 2008, no meio de uma das maiores crise globais. “Eu estava visitando as Bolsas de Chicago, Nova York e os pregões desabando. Voltei decidida a abrir um escritório.”
Andreia conta que, no início, ao visitar os clientes do lado do sócio, era comum eles olharem para ele ao fazerem perguntas, mesmo que todas as respostas viessem dela. “Diziam que não iria dar certo, mas insisti e abri a Safe em 2009 que atende ao público em geral, mas tem uma atenção especial dedicada às mulheres, à educação e à formação de investidoras”, comenta Andreia, acrescentando que na empresa 30% dos clientes são do sexo feminino, superior à média do mercado. Na força de trabalho, outro diferencial com metade composto por mulheres, muito acima de casas concorrentes.
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Andreia destaca, na comparação entre homens e mulheres que chegam na Safe, um nível de conhecimento de finanças diferente, mas que rapidamente é nivelado com orientação. “Muitas mulheres delegavam as decisões sobre investimentos para alguma figura masculina, marido, pai ou mesmo o gerente do banco e quando chegam precisam de orientações mais básicas sobre produto, nível de risco. A partir do momento em que são orientadas passam a ser mais arrojadas nos aportes do que os homens”, comenta a gestora da Safe, escritório credenciado à XP Investimentos.
“As mulheres, a partir do momento em que passam a se interessar pelo assunto, são um público com foco mais claro e metas objetivas em termos de produtos, nível de risco e prazo. Já grande parte dos homens mudam com frequência de ideia, no meio do caminho resgatam e trocam de posição.”
A Safe Investimentos, que começou apenas com Renda Variável e hoje tem na prateleira todos os tipos de produto como CDB, COE, fundos e títulos de crédito privado, trabalha com faixas de atendimento que também revelam diferenças entre os dois públicos. Os homens têm mais volumes nas categorias Águia e Fênix, cujos investimentos ficam entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, e acima de R$ 10 milhões, respectivamente, enquanto as mulheres têm aportes menores, alocadas na categoria Falcão, entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. “O interessante é que mesmo com menos recursos, as mulheres são mais arrojadas na alocação. O que falta a este público é informação e orientação para que ganhem participação no mundo dos investimentos.”
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Mudança de perfil
Sirlene Sbersi, cliente da Safe, é um exemplo do trabalho de aproximação e orientação que dá resultado. Sirlene, hoje gerente comercial de um FIDC, trabalhou por mais de 30 anos em banco mas por falta de tempo acabava não cuidando dos próprios investimentos. “O gerente do banco pedia para pôr o recurso aqui ou ali e eu apenas dava um ok. Eram orientações mais conservadoras que eu seguia por falta de disposição em olhar para os recursos”, lembra Sirlene.
Quando decidiu abrir uma conta na XP e, na sequência, migrou para a Safe, as decisões foram fazendo outro sentido. “Pela forma como atendem, próximos da gente, fui me interessando e aproveitei as orientações para montar um portfólio muito diversificado e mais rentável. Antes era só poupança, CDB, hoje tenho de tudo um pouco”, comenta a cliente, que também confirma o perfil de mais de longo prazo das mulheres, quando comparado ao dos homens.
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“Claro que sofremos um pouco nesta crise, todos perderam, mas permaneci dentro da minha estratégia de longo prazo e apenas realizei prejuízo em um ou outro ativo porque fazia sentido migrar para outro tipo de investimento.”
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