Nome completo: | Benjamin Netanyahu |
Data de nascimento: | 21 de outubro de 1949 |
Local de nascimento: | Tel Aviv, Israel |
Formação: | Graduado em Arquitetura e mestre em Administração de Empresas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) |
Principais cargos políticos: | Primeiro-ministro de Israel (1996-1999; 2009-2021; 2022-atual), Ministro das Relações Exteriores de Israel (2002-2003; 2012-2013; 2015-2019), Ministro das Finanças de Israel (2003-2005). |
No ano de 1996, Benjamin Netanyahu, então com 46 anos, foi eleito o líder mais jovem da história de Israel. Embora de forma descontinuada, somados todos os anos, ele foi quem mais tempo permaneceu à frente do país, um recorde que ostenta em sua trajetória política.
Em seu terceiro mandato como premiê, Netanyahu – que, na visão de analistas, está à frente do governo mais à direita que o país já teve – tem o desafio de conduzir a política em 2023, em meio ao maior conflito entre judeus e palestinos desde 2008 (um ano após o início dos conflitos na Faixa de Gaza).
É uma tarefa que o político precisa exercer em um momento de queda de sua popularidade, arranhada em função de processos por corrupção, de sua proposta para uma reforma judicial e de acusações sobre falhas na inteligência de Israel.
Seu estilo combativo divide opiniões. Apelidado de “Rei Bibi” por apoiadores, sofre críticas por posicionamentos de seu governo considerados misóginos e racistas, e por defender a anexação de parte da Cisjordânia ao estado israelense.
Ao longo de sua trajetória política, Netanyahu escreveu livros sobre a luta contra o terrorismo e uma autobiografia, intitulada Bibi, My Story.
Quem é Benjamin Netanyahu?
Benjamin Netanyahu nasceu em 21 de outubro de 1949 em Tel Aviv, Israel. Filho de mãe israelense e pai polonês, passou a primeira infância em Jerusalém e, aos sete anos, mudou-se para os Estados Unidos. Lá, ele viveu na Filadélfia de 1956 a 1958 e de 1963 a 1967, quando interrompeu os estudos de Arquitetura para participar da Guerra Árabe-Israelense.
Na época, Netanyahu se tornou líder de uma das unidades de forças especiais da Sayeret Matkal, diretamente ligada à inteligência militar de Israel. Logo após, lutou na linha de frente de algumas guerras e participou de missões especiais, como a do Canal de Suez e da Síria.
Seu irmão mais velho, que também tinha atuação de destaque no exército, morreu em 1976 durante o ataque israelense para a libertação de reféns em Uganda de um voo entre Tel Aviv e Paris. Segundo relatos da época, o profundo choque que isso causou a Netanyahu o fez defender o antiterrorismo como um dos principais projetos de toda a sua carreira política.
Após a morte do irmão, saiu do exército como capitão, e retornou aos Estados Unidos para estudar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde se graduou em Arquitetura e obteve o mestrado em Administração de Empresas. Antes de voltar para Israel, Netanyahu chegou a atuar como consultor no Boston Group.
Trajetória política
Com oratória nata e fluência em inglês, Netanyahu se tornou um diplomata de carreira. Em 1984, assumiu como embaixador da ONU (Organização das Nações Unidas) nos Estados Unidos, função que desempenhou até 1988, quando retornou a Israel e se elegeu deputado pelo partido conservador Linkud.
Em pouco tempo, tornou-se a nova estrela da direita, e conseguiu vencer sua primeira eleição para primeiro-ministro em 1996. Na ocasião, derrotou o líder interino Shimon Peres, que havia assumido por ocasião do assassinato de Itzhak Rabin, primeiro-ministro que comandou os acordos de cessar-fogo entre judeus e palestinos nos anos 90.
Netanyahu foi contra boa parte do Acordo de Oslo, argumentando que os palestinos deveriam fazer concessões aos judeus para que um acordo de paz fosse definitivo. Além disso, atentados promovidos pelo Hamas em meados dos ano 1990 ajudaram a elevar a rigidez de seu discurso.
Aos poucos, as relações que Israel mantinha com alguns aliados, como os Estados Unidos, foram esfriando. Em 1997, pressionado pelo governo americano, Netanyahu chegou a assinar o Acordo de Hebron, no qual se comprometeu a respeitar os princípios de construção da paz junto aos palestinos defendidos por seu antecessor, Itzhak Rabin. Porém, as primeiras acusações de corrupção surgidas nesse mesmo período contribuíram para que fosse derrotado na eleição contra Ehud Barak, candidato da coalizão de centro-esquerda, em 1999.
Netanyahu, então, se retirou da vida pública por três anos, retornando no governo de Ariel Sharon, quando foi ministro das Relações Exteriores, de 2002 a 2003, e das Finanças, de 2003 a 2005. No entanto, o plano de retirada unilateral de Israel da Faixa de Gaza o fez renunciar ao ministério que conduzia, e ele passou a liderar a oposição a Sharon.
Em 2009, uma coalizão com os partidos de direita o trouxe novamente ao poder, e ele foi eleito novamente premiê, cargo que só viria a deixar em 2021.
As ações de Netanyahu em relação aos palestinos, em especial ao Hezbollah (organização paramilitar e política que atua na Faixa de Gaza e em outros países do Oriente Médio) foram endurecendo. Além disso, passou a apoiar a expansão do domínio israelense sobre a Cisjordânia, o que foi fonte de descontentamento no Ocidente.
Em 2021, Netanyahu voltou a perder as eleições, desta vez para Naftali Bennet, magnata da tecnologia e seu ex-aliado – eles romperam laços em maio de 2021, quando Bennet se juntou à coalizão liderada pelo centrista Yair Lapid.
Netanyahu conseguiu se tornar novamente premiê em novembro de 2022. A nova cara do seu governo surpreendeu até mesmo alguns aliados, devido a negociações com o Partido Sionista Religioso, de Belazel Smotrich, o Poder Judaico, de Itamar Ben Gvir, entre outros. Em 2007, Ben Gvir chegou a ser condenado por incitação ao racismo e apoio a um grupo extremista.
No sexto governo de Netanyahu, ele se tornou ministro da Segurança Nacional de Israel.
Denúncias de corrupção e a polêmica com o Judiciário
Acusado de suborno, fraude e outras formas de corrupção, Netanyahu enfrenta um julgamento desde maio de 2020 – algo que nunca havia acontecido na história de Israel com um primeiro-ministro em atividade.
Ele propôs uma reforma no sistema judicial do país, que enfraquece a Suprema Corte ao retirar o poder de veto em relação a determinadas situações que envolvem o Executivo, desafiando o sistema de freios e contrapesos entre os três poderes. Para Gila Stopler, diretora da Faculdade de Direito e Negócios de Israel e especialista em Direito Constitucional, a aprovação dessa proposta levaria ao fim da democracia em Israel. “E a razão para isso é que uma democracia depende da separação de poderes, do Estado de direito e do respeito aos direitos humanos para existir”, disse em entrevista à BBC.