Nome Completo: | Donald John Trump |
Ocupação: | Empresário, apresentador e 45º presidente dos Estados Unidos |
Partido político: | Republicano |
Local de nascimento: | Nova York, Estados Unidos |
Data de nascimento: | 14 de junho de 1946 |
Fortuna: | US$ 2,1 bilhões |
Quem é Donald Trump?
O 45º presidente dos Estados Unidos nasceu em uma família bem-sucedida no mercado imobiliário de Nova York. Seu pai construiu mais de 27 mil apartamentos para classe média e baixa com apoio de programas de habitação do governo.
Com a fortuna do pai dando um conforto à família, Trump estudou em boas escolas privadas, mas seu comportamento desafiador e indisciplinado fez com que seu pai optasse por transferi-lo para um internato militar.
Ele se formou em Administração na Universidade da Pensilvânia e entrou para o negócio da família. Sob sua liderança, a empresa expandiu suas atividades para o mercado de luxo com hotéis, arranha-céus, cassinos e campos de golfe.
O sucesso nos negócios transforma o nome Trump em uma marca de valor ao ponto de Donald passar a licenciar seu sobrenome para centenas de projetos.
Na década de 2000, ele se torna ainda mais conhecido com a apresentação do reality show “O Aprendiz”, uma competição entre aspirantes a executivos de negócios, que, ao final dos episódios apresentava Trump demitindo um dos competidores. O programa faz Trump se tornar um nome conhecido nacionalmente.
O passo seguinte foi ampliar sua participação na política com entrevistas e uma aproximação de organizações conservadoras.
Em eventos, era comum que Trump fizesse discursos com duras críticas às políticas do então presidente Barack Obama, repetindo, inclusive, o boato – diversas vezes desmentido com documentos oficiais – de que Obama não havia nascido no país e tinha sido educado em uma mesquita.
Sua decisão de se candidatar à presidência foi tratada como piada por parte da mídia e até por integrantes de seu próprio partido. Mas seu discurso nacionalista e populista, combinado com a imagem de empresário bem-sucedido e outsider atraiu o público conservador, que o alçou para a indicação para concorrer à presidência pelo partido Republicano.
Atrás nas pesquisas ao longo de toda a disputa com a democrata Hillary Clinton, Donald Trump surpreendeu o mundo ao vencer a eleição de 2016 e assumir a presidência dos EUA, em uma campanha marcada por escândalos, ataques pessoais e interferência russa.
No cargo, Trump reduziu impostos para empresas, indicou juízes conservadores para cortes federais e à Suprema Corte e restringiu a imigração legal para os Estados Unidos. Com posições fortes e muitas vezes preconceituosas, Trump aumentou a divisão na população norte-americana e encarou derrotas em temas caros como a construção do muro entre EUA e México.
No exterior, sua política “América Primeiro”, com condução errática e pouco focada na diplomacia, criou arestas com aliados antigos como Canadá, Europa, Japão e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, Trump elogiou ditadores e líderes autoritários como Xi Jinping, da China, Viktor Orbán, da Hungria, Kim Jong-un, da Coreia do Norte, e Vladimir Putin, da Rússia.
Os planos de uma fácil reeleição, surfando nos dados fortes da economia, foram por água abaixo com sua condução fraca no combate à pandemia de covid-19. Trump tentou redirecionar a campanha focando no discurso antissocialista e de restabelecimento de Lei e Ordem após protestos antirracistas espalharem pelos EUA.
Os esforços, contudo, não foram efetivos para o republicano se reeleger. Trump foi derrotado pelo democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, em uma eleição que contou com participação recorde.
Formação
Donald Trump nasceu no Queens, em Nova York, o quarto filho do casal Fred e Mary Anne. Fred é filho de dois imigrantes alemães que se mudaram para os Estados Unidos no final do século 19. Em uma festa, ele conheceu Mary Anne, uma escocesa que imigrou para o país em 1930.
A família sempre teve uma vida financeira confortável, graças ao sucesso da construtora de casas e prédios residenciais dos Trump. Eles moravam em uma mansão de 23 cômodos, construída pela empresa de Fred, no bairro de classe média alta de Jamaica Estates, onde também ficava a escola privada Kew-Forest, onde Donald estudou até os 12 anos.
O atual presidente dos EUA é lembrado por colegas da época como um jovem com um temperamento parecido com aquele que o mundo todo conhece atualmente: um provocador, desapegado a fatos e com muitas dificuldades de assumir os erros que cometia.
Trump cresceu cedo, alcançando seus 1,90m logo na adolescência. Com seu porte físico e perfil dominador, esbanjava autoconfiança. Mas seu espírito competitivo frequentemente se transformava em agressividade e violência. Após uma briga com seu professor de música – que Trump disse ter deixado de olho roxo, mas depois voltou atrás – seu pai resolveu agir.
Fred participava pouco do cotidiano da família, mas é descrito como um pai rigoroso, que ficava sabendo do comportamento dos filhos a partir de “relatórios” de Mary Anne. Assim, o esquentado Donald foi enviado para um internato militar.
A escola aplicava punições corporais, fazia inspeções diárias nos quartos e tinha horários rígidos.Trump precisaria acordar com a alvorada, compartilhar banheiros e refeições, limpar seu quarto e áreas comuns e manter os sapatos sempre engraxados.
No começo, a falta de disciplina (como destruir um bastão de beisebol ou precisar ser contido para não jogar um colega da janela do segundo andar da escola) lhe rendeu diversas punições.
Mas, para um ser competitivo como ele, seguir as regras virou obsessão. E ele ganhou elogios e medalhas por isso. Passou a ser chamado de “Senhor Meticuloso”. Trump também se destacou no esporte, especialmente beisebol e futebol americano – e chamava a atenção de seus colegas pelas belas namoradas que levava para o campus.
Ao terminar a escola militar, Trump voltou a morar com os pais, indeciso entre seguir os passos do pai ou tentar sua chance em Hollywood. A rejeição da Universidade Southern California acabou o empurrando para os negócios e ele decidiu se matricular na faculdade de Fordham em Nova York. Após dois anos de estudo pediu transferência para a renomada faculdade de negócios da Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, onde se formou em Administração.
Entre seus colegas de faculdade, a impressão que deixou era de um jovem confiante com opiniões fortes, duras – e arrogantes – e pouco participativo nas atividades extracurriculares. Como não bebia ou fumava, ele também evitava as festas das fraternidades.
Guinada para grandes projetos
Durante a faculdade, Trump começou a se aventurar no mercado imobiliário – mas com apoio financeiro de seu pai. Com uma “mesada” de US$ 1 milhão anuais, ele comprava na planta os apartamentos construídos por Fred, para revender quando estivessem prontos.
Na época, a reputação de Fred estava manchada no meio imobiliário. Ele era investigado por mau uso de dinheiro público e acusado de racismo, por supostamente orientar que seus imóveis não fossem alugados a negros ou porto-riquenhos. Ele, então, decidiu abrir caminho para que o filho se transformasse na figura pública dos negócios da família.
Em 1973, Donald Trump se tornou presidente da empresa, supervisionando a construção de 14 mil apartamentos. Em um de seus primeiros atos, rebatizou a E.Trump & Sons como Trump Organization.
À frente dos negócios, Trump expandiu as operações da empresa para o ultracompetitivo mercado imobiliário de Manhattan. Seu primeiro grande negócio foi a remodelagem do famoso Hotel Commodore, renomeado para Grand Hyatt. Usando suas conexões, Trump negociou um abatimento por 40 anos dos impostos em troca de uma parte do lucro, atraindo investidores. Com o pai avalizando o negócio, acertou um financiamento de mais de US$ 70 milhões. Donald Trump, assim, havia sido alçado para o primeiro escalão dos magnatas do mercado americano.
Em 1983, é finalizada a Trump Tower na Quinta Avenida de Manhattan, um arranha-céu comercial e residencial de 58 andares, onde Donald estabeleceu a sede da Trump Organization e seu luxuoso apartamento. Trump faturou US$ 300 milhões com a venda das unidades. Na Justiça, porém, enfrentou por 16 anos uma acusação de usar mão de obra imigrante ilegal nas obras, pagando baixos salários em uma jornada diária extensa.
Além do generoso faturamento, Trump agora via seu sobrenome em um gigantesco letreiro em um dos endereços mais desejados e exclusivos do mundo. Depois de anos focado nos apartamentos de classe média e baixa com apoio de programas de habitação, “Trump” passava a ser um nome associado ao luxo.
No ano seguinte, ele expandiu os negócios para o entretenimento, ao adquirir um hotel cassino em Atlantic City. Também em 1984, Trump comprou a propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida, transformada em um clube para ultra-ricos, com campos de golfe que Donald frequenta até hoje.
Recuperação judicial e a marca Trump
No final da década de ouro da Trump Organization, Donald Trump comprou o projeto do famoso cassino Taj Mahal, em Atlantic City, cuja construção custaria mais de US$ 1 bilhão. Seria o cassino mais caro no mundo até então.
Mas, o alto custo da obra, associado a um financiamento mal feito, levou o projeto à recuperação judicial em 1991, um ano após sua inauguração. Trump conseguiu renegociar as dívidas com os bancos e as perdas foram divididas. O empresário precisou entregar 50% do negócio aos credores, além de uma companhia aérea, Trump Shuttle, e até o mega iate Trump Princess.
Essa não foi a única vez que Donald Trump precisou recorrer à recuperação judicial para salvar seus negócios. Ao todo, projetos do futuro presidente dos EUA entraram seis vezes com o pedido, um trunfo que ele comemorou em entrevista em 2011 à revista Newsweek. Trump confessou que “jogava com as leis de recuperação judicial – que eram muito boas” para ele. O próprio Taj Mahal, readquirido por Trump em 1996, entrou em recuperação novamente em 2004 com uma dívida de US$ 1,1 bilhão.
Esses ciclos de quase falência, refinanciamento e crédito assombram Trump na sua vida política. Sua relação com o Deutsche Bank segue sendo alvo de escrutínio de investigadores e seus adversários políticos.
O fato é que, ao usar a recuperação judicial, Trump conseguiu impor perdas a bancos e investidores, mas também poupar uma fortuna no pagamento de impostos.
Brechas na lei e investigações
Sua relação com o pagamento de tributos também atraiu controvérsia e investigações criminais. Pesa sobre ele – e sua família – a acusação de subavaliar as propriedades do pai e criar empresas para prestar serviços e, assim, antecipar ilegalmente a transferência da herança sem pagar os impostos devidos. Quando seu pai morreu em 1999, o inventário foi avaliado entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões, valor considerado pequeno por muitos especialistas.
Contribui para a dúvida sobre seu patrimônio a decisão de Trump de quebrar uma tradição histórica dos candidatos à presidência de disponibilizarem publicamente suas declarações de imposto de renda. Ele também age agressivamente na Justiça para impedir que bancos e contadores revelem dados bancários e fiscais a investigadores.
Porém, diversas matérias nos jornais apontam que Trump se aproveitou de brechas na lei para evitar o pagamento de imposto por muitos anos, incluindo opções legalmente duvidosas e algumas consideradas impróprias e ilegais.
As renegociações e recuperações judiciais também secaram o crédito que Trump tinha em diversos bancos. Mas sua marca tinha força no mercado de luxo. Ele passou a licenciar o uso de seu sobrenome para centenas de projetos, alguns deles bem sucedidos. Outros, porém, foram grandes fracassos, como a Universidade Trump, o site de buscas de passagens e hospedagem GoTrump.com e a empresa de marketing multinível de venda de vitaminas The Trump Network.
Internacionalmente, o licenciamento do sobrenome Trump também deu errado. O que chamou mais à atenção foi a Trump Tower de Moscou, que incluiria uma cobertura de luxo para o autoritário presidente russo Vladimir Putin. A ligação com os oligarcas russos esteve no centro das investigações sobre a ajuda externa na sua eleição presidencial de 2016.
Você está demitido!
Além do império no mercado imobiliário, Trump seria dono da franquia Miss Universo entre 1996 e 2015. Mas seu grande sucesso no mundo do entretenimento foi o reality show O Aprendiz.
Donald Trump virou coprodutor e apresentador do programa, encarnando a figura de um homem de negócios bem-sucedido que julgava a performance de executivos de diversas formações que competiam em equipes e individualmente em diversas tarefas, normalmente ligadas à área de vendas.
Cabia a Trump a condução das disputas e a eliminação dos competidores no final dos episódios com o característico bordão “You’re fired!” – ou “Você está demitido!” na versão brasileira apresentada por Roberto Justus.
Entrada na política
Sua imagem de empresário de sucesso, construída com os negócios imobiliários, aparições regulares na imprensa e o livro “A Arte do Negociação” – que segundo o seu coautor não foi escrito por Trump – fez com que passasse a ser lembrado para cargos eletivos.
E não faltava interesse por parte dele: Trump já se registrou nos partidos Democrata, Reformista, Republicano e como independente.
Em 1999, ele chegou a montar um comitê eleitoral para estudar concorrer à presidência dos EUA. Mas ele desistiu de concorrer ao pleito que elegeria George W. Bush. Trump foi novamente procurado por partidos para a disputa de 2004 e 2012, sem, contudo, levar à frente a campanha.
Mas sua participação na política cresceu durante o governo de Barack Obama. Trump era crítico ao presidente, atacando suas posições sobre impostos, imigração, guerras no Oriente Médio e a reforma no sistema de saúde apelidada de ObamaCare. Ele também defendia posições controversas (e até ilegais) como o confisco de petróleo iraquiano para indenizar a família de militares norte-americanos mortos no conflito.
Trump foi uma das vozes mais conhecidas da política norte-americana a insuflar o boato de que Barack Obama não tinha nascido nos Estados Unidos, mesmo após ser desmentido diversas vezes com documentos oficiais.
Para muitos, o antagonismo a Obama foi o que empurrou Trump para se projetar no campo político. Jornalistas e analistas políticos apontam o tradicional jantar para correspondentes da Casa Branca, no qual o presidente brinca com jornalistas e faz um discurso bem-humorado com críticas até a própria gestão, como o ponto central nesta decisão de Trump.
Em 2011, em seu monólogo, Obama provocou repetidas vezes Trump, que estava na plateia, com críticas ao seu estilo, bom gosto, por acreditar em teorias da conspiração e brincando com seu reality show. Com o ego ferido, Trump deixou o recinto logo após o discurso de seu adversário e começou a participar mais ativamente de discussões na mídia como comentarista na Fox News e de eventos do Partido Republicano e de think tanks conservadoras.
Sucessor de Obama
Em junho de 2015, Donaldo Trump anunciou que seria candidato à presidência dos Estados Unidos. Abraçando temas conservadores e nacionalistas, adotou o slogan “Make America Great Again”, algo como “Torne os EUA Grandes Novamente”, um mote semelhante ao usado pelo ex-presidente Ronald Reagan nas eleições de 1980.
A candidatura de Trump não foi levada a sério pela mídia e nem mesmo pelo próprio partido Republicano. Mas ele surfou na imagem de empresário bem-sucedido e de um outsider imune a pressões econômicas que “limparia o pântano” que Washington teria se tornado.
Poucas semanas após entrar na disputa, Trump ultrapassou Jeb Bush – irmão e filho de dois ex-presidentes – nas pesquisas e passou a liderar a intenção de votos entre os republicanos.
Nas primárias do partido, Trump foi consolidando seu favoritismo já mostrado nas pesquisas eleitorais, para surpresa e desgosto de muitos de seus concorrentes, que criticavam sua falta de experiência, radicalismo e mentiras. Os eleitores, contudo, garantiram sua indicação para concorrer à presidência.
Contra Hillary Clinton, Trump foi novamente colocado na posição de azarão. As pesquisas mostravam uma pequena chance de vitória até o momento da eleição.
A disputa foi marcada pela interferência russa na disseminação de conteúdo falso nas redes sociais, hackeamento de emails da equipe de campanha de Hillary, interferência política do FBI e conluio dos russos com membros da sua campanha para maximizar o potencial dos ataques aos democratas.
Trump sofreu pressão por adotar discursos com temas e palavras racistas, machistas e xenófobas, pagar para silenciar uma atriz pornô que afirmou ter tido um caso com ele enquanto era casado, além de receber apoio de organizações de supremacistas brancos. Durante a campanha, houve o vazamento de um vídeo que continha o áudio de Trump fazendo comentários sexualmente explícito e ofensivo a mulheres.
Apesar de sua posição de azarão, e de analistas darem como certa a vitória de Clinton, Trump surpreendeu e venceu a disputa conquistando o maior número de delegados, apesar de não conseguir a maioria dos votos. Ao seu lado, o ex-governador de Indiana Mike Pence assumiu a vice-presidência.
Homem mais poderoso do mundo
Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2017. Logo no início do mandato, desfez diversas políticas e acordos adotados pelo seu antecessor Barack Obama.
Em um dos seus primeiros atos, ele retirou os Estados Unidos do acordo Transpacífico, criado com o objetivo de estabelecer uma aliança político-econômica contra a China. Segundo Trump, o tratado não traria vantagens aos EUA.
Nos meses seguintes, ele tirou o país do Acordo Ambiental de Paris, cortou incentivos à indústria verde e retomou os subsídios ao carvão e petróleo, afirmando que o impacto das mudanças climáticas era uma mentira criada para favorecer países como a China.
Trump ainda reverteu parte da lei Dodd-Frank, que impôs regras mais severas para os bancos após a crise financeira global de 2008, que teve seu epicentro nos EUA, e enfraqueceu a agência federal que representa os interesses dos consumidores.
O presidente também forçou uma renegociação da Nafta, tratado entre Canadá, EUA e México, para que favorecesse os trabalhadores americanos, e ainda tentou, sem sucesso, cortar a rede de proteção social do país, ampliada durante o governo Obama.
O Homem Tarifa
Sua abordagem “América Primeiro” acabou afastando o país de órgãos multilaterais internacionais, como a ONU, Otan, Unicef, OMS e OMC, e criou novas arestas com aliados históricos dos EUA. Trump chegou a dizer que a União Europeia era um dos principais adversários comerciais dos americanos.
Sua principal arma contra os demais países foi a imposição, unilateral e sem negociação prévia, de tarifas sobre países aliados. Chegou a brincar com o apelido de “Homem-Tarifa”. Ele elevou impostos de importação contra produtos europeus, canadenses, australianos, indianos, e brasileiros.
Trump também enfraqueceu alianças militares existentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial, cobrando repasses por apoio militar ao Japão e Coreia do Sul, e reduziu o efetivo de soldados em países geograficamente chaves como a Alemanha. Ele também sinalizou a saída de um dos principais acordos nucleares com a Rússia, que garantem a segurança da Europa.
Guerra comercial
Seu maior inimigo internacional no comércio, no entanto, é a China.
O país sempre foi duramente criticado por políticos e empresários dos EUA por atitudes ilegais, como manter o câmbio artificialmente desvalorizado, fazer vista grossa à falsificação e o emprego de ações de espionagem industrial para favorecimento da indústria local.
Trump aumentou, em centenas de bilhões de dólares, tarifas de produtos importados da China. Ele também tentou isolar o gigante asiático ao impor um bloqueio global contra empresas de tecnologia do país que contenham laços com o governo chinês. Seu principal alvo é a Huawei. Porém, mais recentemente, também atacou o TikTok e o WeChat, da Tencent.
Com as medidas, Trump forçou que os chineses se sentassem à mesa de negociação para discutir maior acesso dos produtos norte-americanos ao gigantesco mercado chinês, em um acordo comercial dividido em diversas fases.
Os chineses têm conseguido arrastar as negociações sem um avanço considerável e sem novas tarifas, possivelmente esperando o resultado das eleições deste ano.
Escalada de guerra
No campo militar, Trump retirou o país da guerra da Síria, reduziu a participação militar no Afeganistão (ao fechar um acordo controverso com o Talibã) e identificou a Coreia do Norte e o Irã como inimigos viscerais dos EUA.
Com os norte-coreanos, tentou um acordo nuclear, mas as conversas fracassaram após um encontro com o ditador Kim Jong-Un.
Em relação ao Irã, os EUA ficaram no limite de uma guerra aberta após Trump ordenar a execução de Qasem Soleimani, principal líder militar persa, no auge da escalada de provocações entre as nações, que incluiu o sequestro de embarcações e a derrubada de um drone norte-americano.
Já com a Rússia e, especialmente, com Vladimir Putin, Trump nutre uma relação complexa. O presidente americano criticou a interferência russa na Síria, Ucrânia, Coreia do Norte, Venezuela e o envenenamento de opositores, mas elogiou o presidente russo privada e publicamente como um “líder forte”.
Após um encontro em Helsinque, em uma entrevista ao lado de Putin, Trump constrangeu a inteligência norte-americana ao dizer que acreditava no líder russo quando ele dizia que não havia interferido nas eleições americanas em 2016.
Pauta conservadora
Na política interna, Trump conseguiu uma grande vitória legislativa em 2017 ao assegurar uma grande redução de impostos sobre as grandes empresas do país.
O presidente também recebeu elogios de seu eleitorado pela constante indicação de juízes conservadores para cortes federais e para a Suprema Corte.
Ele também é um defensor de pautas conservadoras como o direito de os americanos possuírem armas, do fim do direito ao aborto e é contra o uso recreativo de maconha, mas apoia o consumo medicinal.
Na imigração, um dos principais temas de sua campanha, não teve avanços significativos: ele não conseguiu construir um muro na fronteira com o México. Mas, por decreto, conseguiu banir a entrada de pessoas de diversos países com maioria muçulmana.
Também endureceu as regras para a migração legal e apoiou a política de separação de famílias na fronteira com a prisão de milhares de crianças em ambientes inadequados, em imagens que correram o mundo.
Impeachment
A relação com o Congresso sempre foi um ponto de tensão, especialmente após os democratas reconquistarem a maioria nas Eleições Legislativas de 2018.
Com dificuldades de negociar propostas de governo, inclusive com membros de seu partido, Trump teve poucos avanços legislativos ao longo de seu mandato e viu o governo federal fechar por falta de acordo para o orçamento.
Mas sua situação política se complicaria após uma denúncia anônima de um membro da inteligência norte-americana, em agosto de 2019.
Em uma conversa com o presidente recém-eleito da Ucrânia, Trump pressionou para que ele investigasse Joe Biden, ex-vice-presidente e agora seu adversário nas eleições de 2020.
A Câmara dos Deputados iniciou um processo de investigação e aprovou a abertura do processo de impeachment de Donald Trump pelos crimes de abuso de poder e obstrução do Congresso, sem nenhum voto republicano.
No Senado, com maioria republicana, o julgamento durou duas semanas e os dois crimes foram rejeitados, com apenas um senador republicano votando com os democratas para retirar Trump do poder.
A divisão dos votos entre os membros de situação e oposição mostram o controle que Trump exerce entre os Republicanos. Ele costuma a atacar seus adversários – democratas, republicanos ou membros da imprensa – com apelidos e acusações em seu Twitter. Com isso, mantém uma base eleitoral apaixonada e elevou a divisão partidária nos Estados Unidos.
Família
Donald Trump se casou três vezes e possui cinco filhos.
Sua primeira esposa foi Ivana, modelo e empresária tcheca que conheceu Trump durante em visita a Nova York em 1976. Eles se casaram no ano seguinte e tiveram três filhos: Donald Trump Jr., Ivana Marie (mais conhecida pelo apelido, Ivanka) e Eric.
Ivana foi executiva da Trump Organization por sete anos, chegando ao cargo de vice-presidente de design de interiores e CEO dos projetos em Atlantic City. O casal se separou em 1991 com um ruidoso divórcio, após a relação extraconjugal de Trump com a atriz e modelo Marla Maples vir a público.
Após o fim da relação com a mãe dos seus primeiros três filhos, Trump se casou com Marla em 1993. Da união, que não durou muito novamente por um caso de infidelidade, nasceu Tiffany. Marla foi encontrada pela polícia com um segurança de Trump, em uma praia deserta em 1996. Trump demitiu o segurança e mas rejeitou que tivesse sido traído. Meses depois, o casal se separou.
Em 2006, Trump se casou novamente, desta vez com a modelo eslovena Melania. O casal começou a namorar em 1998 após se conhecer em uma festa. Eles se casaram em 2005, no clube de Mar-a-Lago, e o filho do casal, Barron, nasceu no ano seguinte.
Melania é a única primeira-dama dos Estados Unidos nascida fora do país e cuja língua nativa não é o inglês.
Reeleição em meio à pandemia
A campanha de Trump para a reeleição em 2020 estava desenhada para surfar nos números da economia, que manteve a recuperação desde a crise de 2008.
No seu governo, os Estados Unidos seguiram crescendo e o desemprego tocou na mínima de muitas décadas, na casa dos 3,5%.
O plano, contudo, caiu por terra com a pandemia de Covid-19 e a desastrada estratégia de combate ao vírus, que elevou os Estados Unidos ao indesejável primeiro lugar no ranking de países mais afetados pela doença.
Com as medidas de combate à pandemia, o desemprego explodiu e o país teve uma contração histórica de quase 33% no PIB, em dados anualizados do segundo trimestre.
Com a economia patinando e uma condução errática da pandemia, Trump passou novamente à condição de azarão nas pesquisas eleitorais e acabou derrotado por Joe Biden.
Para saber mais
Quer saber mais sobre a trajetória do Donald Trump? Confira a seleção do InfoMoney com conteúdos extras.
Livros
- A Arte da Negociação (Donald J. Trump)
- Medo: Trump na Casa Branca (Bob Woodward)
- Trumps: Three generations that built an empire (Gwenda Blair)
Filme
- Trump: Um Sonho Americano
You must be logged in to post a comment.