8 razões para Marina não ser candidata a presidente pelo PSB

Marina tem ambição para ser presidente, mas dificuldades para entrar na disputa e fazer uma campanha competitiva serão enormes; um empecilho é que o PT vai oferecer vantagens ao PSB para deixá-la fora do jogo

João Sandrini

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(SÃO PAULO) – A pergunta de US$ 1 milhão no mercado financeiro agora é se Marina Silva será ou não candidata a presidente pelo PSB após a tragédia que matou Eduardo Campos. A primeira impressão é que a candidatura parece fazer todo sentido. Ela nunca escondeu a ambição de ser presidente. A vaga caiu no colo dela após um desastre aéreo. A visibilidade de Marina está e continuará altíssima nos próximos dias. Tudo indica que as intenções de voto nela são maiores que as de Campos. Marina, na verdade, aparecia até à frente de Aécio Neves (PSDB) nos últimos levantamentos que incluíam seu nome no início deste ano. E, mesmo que perca, Marina poderá usar o atual pleito para se fortalecer para a campanha de 2018. Então por que Marina desistiria da eleição?

O InfoMoney conversou ontem e hoje com diversos representantes de partidos e com gente que circula no meio político. Todos concordaram em fazer uma conversa franca sob a condição de não terem seus nomes relevados. A percepção generalizada é que Marina tem ao menos oito razões para ficar fora da disputa:

– Quem levantava dinheiro para a campanha de Campos era ele mesmo, e não Marina. E o partido já tinha muito menos dinheiro que os dois principais adversários. Com Marina na cabeça da chapa, o problema se agrava.

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– Foi Campos quem definiu o discurso de campanha, o marketing político e o conjunto de propostas do PSB para a eleição. Marina não conseguirá colocar um programa de governo consistente de pé em 10 dias. Os demais candidatos, na verdade, estão se preparando desde o final de 2010, gravando imagens, construindo argumentos, etc., para chegar a outubro com as maiores chances possíveis;

– É enorme o descontentamento do PSB com as propostas e a linha de pensamento de Marina. Muita gente no partido não vê com bons olhos sua candidatura e não vai apoiá-la mesmo que ela seja lançada. Ou você consegue imaginar um ruralista buscando votos para Marina?

– O PT tem o maior interesse em liquidar a fatura o mais rápido possível, com a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. Sem Marina, isso fica muito mais fácil. Então o PT não vai poupar esforços para pressionar o PSB a não lançá-la. As pressões podem vir na forma de cargos no próximo governo Dilma ou de apoio em eleições estaduais ou para o Congresso.

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– O PSB precisa de dinheiro para as campanhas de governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Então muita gente dentro do partido vai se interessar pelo que o PT tem a oferecer.

– Marina não tem o menor interesse em entrar na disputa só para ajudar Aécio. Ela tampouco gosta de Dilma – na verdade, Marina vê o dedo do PT na decisão da Justiça de bloquear a criação da Rede. Mas se não vislumbrar a possibilidade de ganho político, não vai entrar no jogo apenas para beneficiar Aécio.

– Acima de tudo, Marina continua a pensar na criação de um partido próprio para ser candidata a presidente. Talvez isso aconteça em 2018. Mas, no entendimento do grupo ligado a Marina, é melhor que Dilma ganhe. A possibilidade de Dilma ganhar e fazer um governo de mediano para medíocre é muito maior que a de Aécio. Então a vitória de Dilma agora pode ser boa para Marina na disputa que acontecerá daqui a quatro anos.

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– Caso seja candidata com uma campanha desenhada às pressas, Marina corre o risco de sair menor do que entrou. Ser candidata lhe daria visibilidade, o que é ótimo. Mas, em 2010, ela teve 20 milhões de votos. A chance de sua votação ser menor agora é real, o que poderia se transformar em um sinal nada auspicioso para 2018.

Por todas essas razões, a chance de Marina não se candidatar ou ser vice de outro candidato do PSB – como Renata Campos, mulher de Eduardo – não é desprezível. No passado, Marina já fez coisas que surpreenderam a todos. Então, se você planeja se posicionar na Bolsa com base em análises eleitorais, é recomendável resistir à tentação de dar a candidatura de Marina como fato consumado. As ações da Petrobras e as opções de compra da Petrobras, por exemplo, estão com preços interessantes caso Marina realmente entre na disputa nos próximos nove dias. Mas o risco de ser um armadilha e de que o barato fique ainda mais barato não pode ser subestimado por investidores prudentes.