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SÃO PAULO – As perspectivas ausentes para a superação da crise econômica em curto ou médio prazo, a baixa popularidade do governo instalado, o impasse político e os efeitos devastadores das investigações e vazamentos de delações fazem o ano de 2016 encerrar de forma similar a como começou. Se por um lado agora é Michel Temer quem ocupa a presidência da República, por outro começam a crescer as comparações entre o atual momento vivido por sua gestão e os desafios enfrentados por Dilma Rousseff antes de o impeachment promover a troca da faixa presidencial dois anos antes do próximo ciclo eleitoral federal.
A sequência de quedas de ministros importantes do governo e o resultante aumento das especulações por uma reforma ministerial já em janeiro, além do anúncio de um pacote de estímulos à economia repleto de medidas “requentadas”, alimenta narrativas sobre como uma leitura sobre o governo Dilma pode ajudar a compreender o que o futuro reserva ao peemedebista — hoje com significativa vantagem em termos de apoio parlamentar e do mercado financeiro em comparação com a titular da chapa eleita há dois anos.
É com este pano de fundo que a InfoMoneyTV recebeu, na última terça-feira (20), o cientista político e professor do Insper Carlos Melo e o analista político da XP Investimentos Richard Back, para um programa que tentou observar o legado de 2016 e desenhar perspectivas para o nebuloso xadrez político do ano que se inicia em menos de duas semanas.
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“2016 foi o ano da ilusão. porque se imaginou que com o impeachment tudo se resolveria. O problema não é exatamente deste ou daquele ator, mas do sistema que não está funcionando”, argumentou Carlos Melo. “Em 2017 as questões estruturais tampouco estão resolvidas. A tendência é continuarmos nesse diapasão. Temos na agenda uma série de crises contratadas”, complementou. Para ele, não estão descartadas as chances de as discussões sobre a cassação ou o impeachment de Michel Temer ganharem mais decibéis em Brasília, sobretudo tendo em vista os efeitos imprevisíveis das delações de executivos da Odebrecht.
“O primeiro semestre de 2017 será muito parecido com o de 2016 até mesmo em questões de afastamento do presidente da República”, avaliou Richard Back. Para além da crise do governo, o analista político aponta para problemas institucionais cujas fraturas tornaram-se mais evidentes nos últimos embates entre os poderes Judiciário e Legislativo e que também cobram uma conta amarga durante a recessão. “O STF é sócio desse clima todo e vai continuar tendo que ser, queira ele ou não, por um bom tempo. Vai ter que tomar decisões baseadas em ‘jeitinho’, vai ter que chamar a bola para botar no meio do campo de vez em quando. Não tem como fugir disso”, pontuou.
Assista à íntegra do primeiro bloco da entrevista especial:
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Para assistir o segundo bloco do programa, clique aqui.