Publicidade
SÃO PAULO – O fim de semana foi bastante positivo para o candidato à presidência Aécio Neves. Após uma semana em que contou com diversos apoios, como do PV, PPS e até mesmo do partido que abriga Marina Silva, o PSB, ainda faltavam os apoios mais esperados: o da família de Eduardo Campos, morto em agosto em um trágico acidente aéreo, e o da própria Marina, que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial.
E os apoios vieram por meio de duas declarações seguidas: uma de Renata Campos no sábado e a outra de Marina Silva no domingo. A candidata derrotada do PSB à presidência, inclusive, chegou a comparar a carta do tucano sinalizando convergência de propostas com a ex-senadora à Carta ao Povo Brasileiro de Lula, em 2002.
Mas, afinal, qual será o impacto destes apoios para a campanha de Aécio Neves? Em uma disputa que promete ser bastante acirrada, como mostraram os últimos Ibope e Datafolha, estes apoios podem ter um peso importante na campanha.
Continua depois da publicidade
De acordo com a LCA Consultores, o apoio da família de Campos é bastante importante para que Aécio aumente a sua intenção de votos no Nordeste e, em especial, em Pernambuco. A região Nordeste deu a vantagem da presidente, enquanto Aécio teve apenas 15% dos votos por lá. Pernambuco foi o seu pior desempenho dentre todos os estados, com ele obtendo 6% dos votos, enquanto Marina Silva liderou com 48% e Dilma teve 44%.
“Este seu apoio [de Marina] poderá acelerar e intensificar a transferência de seus votos para o candidato tucano. Segundo as pesquisas do Datafolha e Ibope da semana passada, a transferência observada naqueles levantamentos foi de algo em torno de 65%”, ressalta a LCA. Na última pesquisa dos dois institutos, Aécio aparecia com 51% das intenções de votos válidos e Dilma, com 49%.
Segundo o consultor político e blogueiro do InfoMoney, Vítor Oliveira, a situação para o PT é preocupante, especialmente por Pernambuco ser um colégio eleitoral importante, sendo a chave para entender o que será Aécio Neves no segundo turno.
Continua depois da publicidade
Oliveira ressalta que, em geral, embora o apoio de candidato derrotado não signifique muito no segundo turno, a morte do Eduardo Campos deu muita projeção política à família dele e deve diminuir a fragilidade do Aécio no Nordeste. Além disso, o desempenho do candidato eleito em primeiro turno ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, que era desconhecido da maior parte da população, sugere que a família herdou a influência política do Campos.
“Vai ser difícil medir isto com as pesquisas eleitorais nacionais, pois as amostras utilizadas não conseguem refletir adequadamente os estados. Mas a expectativa é por um desempenho substantivamente melhor de Aécio no estado, em relação ao primeiro turno, reduzindo o hiato para Dilma”;
E como medir isso na expectativa de favoritismo para os candidatos? De acordo com relatório do Goldman Sachs, Marina Silva pode ser fundamental para fornecer votos para o tucano também em outros grandes colégios eleitorais como Rio de Janeiro e ampliar a sua vantagem sobre Dilma em São Paulo, além de conseguir reduzir a vantagem dela frente a população mais pobre do Nordeste. Nesta conjuntura, Aécio é ligeiramente favorito para vencer as eleições. “O apoio de Marina confere uma contribuição significativa para a campanha de Aécio”, ressalta o banco.
Continua depois da publicidade
Já para a Capital Economics, Aécio ganha impulso com o apoio de Marina, mas a consultoria avalia que Dilma Rousseff deve ser reeleita por uma margem estreita.
Segundo Beto Albuquerque, candidato à vice-presidente da chapa presidencial encabeçada pela ex-senadora, além do aspecto da mudança, o apoio de Marina e da própria família de Campos atribui um viés de renovação à candidatura do tucano.
“Aécio tem muito a ganhar ao estabelecer alianças com Marina. Além disso, ao se aliar com partidos que sempre estiveram com o PT, o tucano sai ainda mais reforçado para o embate com a petista“, explicou o pessebista.