Após falhas no 8 de janeiro, governo decide transferir Abin para Casa Civil

Iniciativa indica um esvaziamento do GSI, atualmente sob o comando do general da reserva Gonçalves Dias

Reuters

O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), fala à imprensa após reunião ministerial (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), fala à imprensa após reunião ministerial (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transferir a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Ministério da Casa Civil, com uma medida provisória devendo ser editada nos próximos dias com a formalização da mudança.

As informações foram confirmadas pela assessoria de comunicação da Casa Civil à Reuters.

A iniciativa aumentará as atribuições do chefe da Casa Civil, Rui Costa, e indica um esvaziamento do GSI, atualmente sob o comando do general da reserva Gonçalves Dias.

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A medida ocorre após críticas à Abin e aos serviços de inteligência em razão das falhas na prevenção para evitar que ocorresse o ataque e depredação do Palácio do Planalto e das sedes dos outros dois Poderes em 8 de janeiro por uma multidão de bolsonaristas.

Em entrevista à Globo News em 18 de janeiro, Lula criticou duramente a atuação preventiva desses órgãos.

“Aqui nós temos inteligência do Exército, nós temos inteligência do GSI, nós temos inteligência da Marinha, nós temos inteligência da Aeronáutica, ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao Presidente da República que poderia ter acontecido isso”, disse.

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“Se eu soubesse, na sexta-feira, que viriam oito mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu não teria. Eu saí porque estava tudo muito tranquilo, até porque a gente estava vivendo ainda a alegria da posse”, reforçou ele, na ocasião.

Embora seja um órgão civil, a Abin também deve passar por um processo de desmilitarização, com a saída de integrantes das Forças Armadas, da ativa ou da reserva.

O próprio presidente também já demonstrou publicamente desconfiança em relação à atuação de militares e órgãos de inteligência.