Barbosa é uma “mistura de Lula com FHC” e pode pegar votos da esquerda, diz diretor do Datafolha

Em entrevista ao Valor Econômico, Mauro Paulino ainda destacou que "a prisão não abalou a imagem" do ex-presidente Lula e que a identificação do eleitorado de baixa renda com o petista parece intocável

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A eleição de 2018 aponta para ser uma das incertas da história recente, mas as últimas pesquisas de intenção de voto mostram algumas tendências importantes para o pleito. 

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, destacou que pelo menos três candidatos podem se engalfinhar na reta final pelo segundo turno, fazendo o diagnóstico com base na curva histórica que mostra os votos no PT caindo, o PSDB bastante estagnado e a escolha por “uma terceira via” em alta.  É neste contexto que o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, recém-filiado ao PSB, parece um nome com grande potencial. De origem humilde, Barbosa é o Lula intelectualizado, ou o Fernando Henrique Cardoso que pode se conectar com o povo. 

Segundo Paulino, o desempenho recente de Barbosa nas pesquisas (ele chega a ter 10% dependendo do cenário) é recall e lembrança da atuação dele no caso do mensalão, entrando na disputa não só com uma taxa de intenção de votos significativa, mas com algumas características que podem ser importantes no cenário atual. “Por exemplo: se compararmos com Lula e com Marina Silva, ele também tem uma origem humilde, só que, ao contrário do Lula, ele estudou e teve sucesso, chegou a um cargo muito importante, mesmo com sua origem humilde, tendo sido faxineiro”, aponta.

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Paulino destaca que o Datafolha fez uma pesquisa qualitativa há 20 anos cuja conclusão foi de que o candidato ideal para o eleitor brasileiro seria “uma mistura de Lula com Fernando Henrique”. Ou seja, que tivesse a origem e o conhecimento dos problemas como o Lula e a erudição e o preparo intelectual do Fernando Henrique. “O Joaquim Barbosa, de certa forma, concretiza isso. Se isso for bem comunicado, ele pode inclusive abocanhar votos da esquerda”, aponta, mesmo com o ex-ministro tendo sido o algoz de Lula e do PT no mensalão. 

“Ele passa uma imagem de autoridade sem o autoritarismo do Bolsonaro. E, neste momento, isso vai contar muito, porque se há um problema que aflige muito os brasileiros é a segurança pública”.

Paulino ainda destacou que “a prisão não abalou a imagem” do ex-presidente Lula e que a identificação do eleitorado de baixa renda com o petista parece intocável. O diretor do Datafolha ainda destaca que quase 70% do eleitorado brasileiro tem renda mensal familiar de no máximo três salários mínimos e que serão eles que definirão quem será o próximo presidente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.