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SÃO PAULO – Copa e eleições. No fatídico ano de 2014, esses temas foram (um dos que) os que mais geraram comentários e previsões sobre quem se consagraria vencedor. Entre previsões de que a Copa seria um desastre ou se a oposição, após doze anos, finalmente conseguiria o cargo executivo mais importante do Brasil, muitas previsões ganharam um espaço notável no noticiário brasileiro.
Porém, algumas se mostraram um tanto equivocadas. Se a Copa iria trazer preocupações para o Brasil, a seleção canarinho ia ser hexa. Mas não foi isso que aconteceu.
Por outro lado, há as previsões tradicionais, que quase todo o ano figuram entre as que “não deram certo”. Em seu ano de despedida como ministro da Fazenda, Guido Mantega segue na lista de que previsões não fazer para o ano. Confira as principais previsões – que deram errado – em 2014:
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1 – O Brasil ia ganhar a Copa…
não faz muito tempo, então muitos ainda devem se lembrar. É fácil retomar a memória e lembrar das previsões mirabolantes de muitos orixás e até mesmo de economistas sobre quem se consagraria o grande vencedor da Copa. E quase todas as fichas estavam no Brasil.
O fato de jogar em casa, de ter Neymar como uma de suas principais estrelas e o número de títulos foram alguns dos fatores que levaram muitos bancos a colocarem as suas fichas na seleção canarinho. Porém, a grande maioria viu as suas previsões irem por “água abaixo”.
Dentre os que erraram a previsão, estão o Goldman Sachs, Standard Chartered, Danske Bank e Palisade, que viram o Brasil ser hexa. Já a Macquarie acertou ao apostar na Alemanha tetracampeã. Porém, poucos devem ter apostado numa derrota tão monumental como os 7 a 1 que o Brasil levou, atônito, da seleção germânica, o que também “melou” o bolão de muita gente.
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2 – … mas ela ia ser um desastre, não ia?
Enquanto acreditava-se numa festa dentro de campo (no caso brasileiro, pelo menos) e um desastre fora dele, não foi isso o que aconteceu. Apesar de alguns problemas, os temores com violência, falta de infraestrutura e confusões não se concretizaram e o evento se mostrou um sucesso.
Após ter uma certa apreensão no início com a Copa do Mundo – em meio a estádios ainda inacabados e problemas de infraestrutura, além de apreensão em meio às expectativas de uma possível escalada da violência -, o Brasil deve sair do evento com a sensação de dever cumprido. Ou melhor, a sensação é que o País até ficou acima das expectativas.
E, como ressaltaram jornalistas de diversos jornais internacionais, mesmo que com alguns contratempos, o evento no Brasil foi a melhor Copa em que eles já estiveram. Claro, há alguns pontos para reclamar. Dentre eles, os preços exorbitantes, a queda do viaduto em Belo Horizonte (MG) no início de julho, que marcaram a Copa negativamente.
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3 – …quem ganha a eleição? Aécio, Marina, Marina no 1º turno, Aécio de novo. Mas deu Dilma!
A Copa acabou no começo de julho e os tambores se rufaram para as eleições, que definiriam os quatro anos seguintes da política econômica em meio aos problemas bastante desafiadores da economia.
Contudo, vale lembrar que um dia após o fatidíco 7 a 1, que por sinal teve a Bovespa fechada por conta do feriado paulista da Revolução Constitucionalista de 1932, os ADRs (American Depositary Receipts) subiram forte, em meio à análise de que o resultado negativo da seleção brasileira na Copa (e bota negativo nisso!) seria ruim para a popularidade da presidente. Aliás, desde março, a Bolsa brasileira estava extremamente sensível a qualquer indicação de que Aécio Neves ou Dilma Rousseff poderiam liderar a corrida na disputa presidencial.
Mesmo com as indicações de que Dilma poderia vencer ainda no primeiro turno, as apostas de que a presidente enfrentaria uma tendência de baixa em sua popularidade e nas suas intenções de voto movimentaram o mercado durante pouco mais de sete meses.
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Aécio despontava como o grande algoz de Dilma nas eleições presidenciais e chegou a ser apontado como favorito por muitos analistas e cientistas políticos. Porém, no dia 13 de agosto de 2014, tudo mudou. Um trágico acidente aéreo em Santos, litoral do estado de São Paulo, vitimou o candidato do PSB à presidência Eduardo Campos e colocou a sua candidata a vice, Marina Silva, como cabeça de chapa. Já conhecida do eleitorado e com um suporte de 19,63 milhões de votos, a ex-senadora despontou, sendo até apontada como favorita para ganhar no primeiro turno.
Enquanto isso, a candidatura de Aécio murchava, a ponto de ele chegar, no Datafolha revelado no dia 3 de setembro, chegou a mostrar o tucano com 14% de intenções de voto, contra 35% da candidata petista e 34% de Marina. Porém, após uma campanha de “desconstrução” de Marina, a candidata não parou de cair sendo que, na véspera do primeiro turno, era praticamente indefinido quem iria para o segundo turno com Dilma.
Porém, os votos foram computados no dia 5 de outubro, com uma votação muito mais expressiva do que o esperado, Aécio foi para o segundo turno com 35% dos votos ante 21% de Marina. Dilma Rousseff ficou 41%.
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O mercado ficou eufórico com a votação mais expressiva que o esperado do tucano e com as apostas de que Aécio voltava para a eleição como o favorito a ganhar. E, logo após o primeiro turno, o tucano ficou na dianteira nas pesquisas (dentro da margem de erro). Contudo, na reta final, Dilma apareceu na dianteira, o que se confirmou nas urnas. A petista venceu a eleição com 51,64% dos votos válidos, ante 48,36% do tucano.
4 – …aliás, Aécio ia ter a menor votação da história do PSDB
Dentro do campo das projeções, quando Aécio enfrentava as suas maiores dificuldades (no início de setembro) ao aparecer com apenas 14% das intenções de voto, a avaliação dos próprios membros do PSDB é que esta seria a eleição com a votação menos expressiva do partido na esfera federal.
Aliados já mostravam apoio à Marina Silva e Aécio estava um pouco deixado de lado. Os rumores cresceram a ponto de ser aventado que Aécio poderia desistir da campanha para presidente e apoiaria Marina Silva. Mas não foi isso o que aconteceu: o tucano conseguiu se recuperar (conseguindo realizar a façanha de Lula em 1989) e disputar com Dilma o segundo turno mais acirrado da história democrática recente, o que o alçou ao papel de líder da oposição.
5 – Contestação dos institutos de pesquisa, mas no 2º turno, eles acertaram….
Aliás, as projeções de primeiro turno foram bastante contestadas, uma vez que eles indicavam um empate técnico entre Marina Silva e Aécio Neves mas, no dia 5 de outubro, as urnas mostraram o tucano bem à frente da ex-senadora acreana, com 35% ante 21%. Isso gerou diversas contestações sobre eles, a falta de calibragem frente à abstenção foi apontada como uma das “falhas” dos institutos, o que suscitou protestos para que a metodologia fosse revista.
Por outro lado, no segundo turno, os institutos de pesquisa mais tradicionais – Datafolha e Ibope – ficaram bem próximos do resultado final. O Datafolha apontou Dilma com 52% dos votos válidos ante 48% de Aécio e o Ibope apontou a petista com 53% ante 47% do tucano. O resultado foi: Dilma com 51,64% e Aécio com 48,36%.
6 – …. ia ter Circuit Breaker?
Seguindo com o tema eleições, muitos acreditavam que Dilma reeleita poderia provocar uma forte baixa no mercado, o que acionaria até mesmo um circuit breaker. Esse mecanismo acontece quando o Ibovespa atinge o limite de baixa de 10%, o que faz com que as negociações sejam interrompidas por meia hora.
Porém, isso não aconteceu (apesar da queda ter sido forte). O índice chegou a cair 6,2% no dia 27 de outubro, mas amenizou as perdas e fechou em queda de 2,77%. Pelo menos nos primeiros dias, o cenário não foi tão trágico quanto apontado.
7 – … crescimento de 2%, alguém ouviu falar?
As expectativas já não eram as das melhores para o ano de 2014, com economistas como o do Credit Suisse esperando uma alta de cerca de 2% para o PIB neste ano. A mediana do último relatório Focus de 2013, também apontava para uma alta de 2%.
O cenário era de incerteza, dado os problemas da economia global e da condução da política econômica neste ano. Contudo, mesmo com expectativas baixas, a realidade decepcionou o mercado e ao longo do ano, as projeções foram baixando, praticamente estagnado. O número ainda não foi fechado, mas o último Focus apontou para um crescimento esperado de apenas 0,13% para este ano.
Como não poderia deixar de ser, o sempre otimista ministro da Fazenda (que cumpre os seus últimos dias no cargo) Guido Mantega, acreditava ainda mais no vigor da economia brasileira. Em abril, ele destacou que o Brasil iria crescer 2,3% em 2014 e que a economia estava melhorando por causa das providências adotadas no País. Mas não é o que vai acontecer: após crescer 2,3% no ano passado, a expectativa era de um crescimento bastante parecido em 2014, mas não foi o que aconteceu…
8 – Voltando à Copa: ela foi boa ou ruim para o PIB?
Mantendo o tema Mantega e voltando ao cenário da Copa, em maio de 2014, o ministro da Fazenda afirmou que a Copa deveria ajudar o crescimento do Brasil e que o resultado do PIB do segundo trimestre seria melhor do que no primeiro.
Três meses depois, após a divulgação de que o PIB do Brasil tinha caído 0,6% na comparação com os três primeiros meses do ano, Mantega culpou, dentre outros fatores (como cenário externo e seca), a Copa pela redução do PIB, com a redução dos dias úteis. Afinal, o evento foi bom ou ruim para a economia?
9 – e Petrobras: era para comprar?
A montanha russa que fez a Bolsa disparar movimentou fortemente as ações da Petrobras, uma das que mais se influenciaram em meio às pesquisas eleitorais. Porém, antes de todo o rali eleitoral começar, em março, o cenário já era bastante incerto para a empresa.
Quando as ações preferenciais estavam por volta de R$ 16,80 no final de dezembro, havia algumas expectativas de que ela estava barata e que poderia subir ainda mais. É o caso do economista Luis Carlos Ewald, o Sr. Dinheiro, que disse que quem não comprasse a Petrobras no final de 2013 ia se arrepender muito porque deixaria de ganhar muito dinheiro. Apesar de ter chegado a bater os R$ 22,00 em outubro por conta do rali eleitoral, a Petrobras logo devolveu as altas e está sendo negociada um pouco acima dos R$ 10,00, em meio à queda dos preços do petróleo e com as denúncias de corrupção envolvendo a companhia.
10 – Habemus bolha… ou não
A bolha imobiliária foi um dos grandes temas que dominaram o noticiário no início de 2014. Para muitas autoridades, havia sim uma bolha imobiliária no Brasil. Um deles era Robert Shiller: prêmio Nobel de economia em 2013, que via uma escalada de preços nos principais mercados. Tudo isso em um cenário de emoções a flor da pele por parte do mercado. “As pessoas reagem com emoções, não conseguem ficar de fora quanto entendem que é fácil ganhar dinheiro de alguma forma”, destacou.
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que, para ele, a bolha imobiliária que ocorre no Brasil é diferente da norte-americana, que teve como principal característica a alta alavancagem em crédito, enquanto aqui não houve efeito na economia real. “Não acho que isso esteja acontecendo no Brasil, já que o crédito imobiliário por aqui não tem nem de perto esse tipo de presença”, alerta.
Por fim, esteve ainda o Sr. Dinheiro, que previu uma bolha imobiliária em 2014 o que, apesar da desaceleração do mercado, não aconteceu. “Não se vende nada e tem muita oferta. Quem comprou, não consegue vender. Está desesperador”, afirmou. Após dizer que ela aconteceria no primeiro semestre, ele afirmou que ela ocorreria após a Copa. Por enquanto, ela não aconteceu, ao menos não de um modo generalizado.
11 – Petróleo em queda: a previsão não realizada
Dentre aos problemas que poderiam acontecer em 2014, poucos previam que o preço do petróleo seria um deles. Mas a queda do preço da commodity foi um dos grandes fatores de instabilidade no final deste ano.
Desde junho, os preços do petróleo do tipo Brent (referência internacional) apresentam uma tendência acentuada de queda, entre o pico de US$ 115,06 o barril para abaixo de US$ 60 na semana passada, uma queda superior a 48%. A perspectiva do excesso de oferta com a Opep destacando que seguirá expandindo a produção e com novas fontes alternativas de fontes de energia fez com que os preços desabassem. E, segundo o ministro do petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, não é do interesse do grupo cortar sua produção, não importa quanto caiam os preços, o que pode indicar que novas quedas podem vir.
12 – Sem baixas na zona do euro
Por mais um ano, houve a expectativa de que países poderiam sair da zona do euro. Se, nos anos anteriores, a Grécia (um dos países deficitários que viu a sua crise se alastrar a partir de 2007) foi tido como um dos candidatos a saírem do bloco, depois foi aventado que talvez seria uma boa opção que a Alemanha deixasse a Eurozona. Pois bem, por mais um ano, a zona do euro continuou firme, apesar dos pesares, 2014 foi mais um ano sem baixas na zona do euro.