“Bolsa não tem nada a ver com política”, diz gestor que quadruplicou capital na Bolsa desde 2016

Henrique Bredda, da Alaska Asset, ressalta ainda que o fundo nunca teve uma alocação positiva tão positiva em bolsa como agora e conta alguns fatores importantes para investir no mercado de ações

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Impeachment, eleição, pesquisa, declaração de presidente, delação premiada, tuíte do presidente dos EUA. A bolsa brasileira sofre a influência de todos esses acontecimentos – mas no curto prazo.

No longo prazo a história é bastante diferente, conforme apontou Henrique Bredda, gestor do fundo Alaska Black, que rendeu 245% desde a sua criação em 2012, ante alta de 40% do Ibovespa no mesmo período.

Desde janeiro de 2016, o fundo teve ganhos de impressionantes 305% (ou seja, quadruplicando o capital), bem acima da alta de 83% do Ibovespa. A saber, o fundo Alaska Black está aberto para aplicação em várias plataformas, como a XP Investimentos. Se você quer investir no fundo, clique aqui e abra sua conta gratuitamente na XP.

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“Quando começamos a olhar a Bolsa sob o ponto de vista de mais longo prazo, de 10 a 50 anos, descobrimos que ela não tem absolutamente nada a ver com a política”, afirmou o gestor no evento “Perspectivas do mercado brasileiro frente aos cenários presidenciais do 2° turno”, promovido pelo UM BRASIL, em parceira com o InfoMoney na última quarta-feira (10).

Para tanto, ele destacou diversos períodos de 5 a 7 anos e citando acontecimentos históricos da economia brasileira, para apontar que o mercado brasileiro varia em ciclos de alta e ciclos de queda com esses períodos de duração.

Esse movimento, quando se a olha a história da bolsa, é muito diferente da história da economia, uma vez que o Brasil tem um pouco mais de 6 milhões de CNPJs, enquanto a Bolsa tem cerca de 400 empresas. Quando se olha as relevantes, esse número cai para um pouco mais de 100. “A gente tem 0,001% das empresas em bolsa, é um darwinismo brutal que ocorre e isso a torna um ambiente totalmente diferente da economia em geral”, avalia.

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Para exemplificar porque, para ser um acionista de longo prazo na bolsa, não é preciso entrar na “paranoia” das notícias de curto prazo, Bredda destaca uma história do icônico fundador do Alaska Luiz Alves Paes de Barros, uma das mais lendárias figuras do mercado brasileiro. Paes de Barros, quando ia passar os finais de semana em Ilhabela, pedia para que o jornal não entregasse o caderno de política para ele.

“Paes de Barros, que investe há 55 anos, achava que a Marina [Silva] ia ganhar, que a Dilma [Rousseff] ia terminar o mandato”, apontou Bredda, provocando risos na plateia, ao ressaltar que o mega investidor “não entende nada de política”, mas que ganha muito dinheiro na bolsa.

De qualquer forma, Bredda ressalta que, para investir na bolsa, é importante ter conhecimentos multidisciplinares, como de biologia, matemática pura e história, além de ter a capacidade de identificar exatamente o que os perdedores estão fazendo. “A maioria das pessoas entra na bolsa para perder. Se conseguir identificar o que a massa está fazendo, faça o contrário”, apontou o gestor.

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Quando questionado se, agora que estão comprando Bolsa (apenas em outubro, por exemplo, o Ibovespa subiu 6%), é hora de sair dela, Bredda ressalta que os fundos multimercados, se não têm a menor alocação histórica em ações, está perto da menor, de cerca de 8% a 9% ante 14% até 21% de anos anteriores. “Ao mesmo tempo, tem muita gente comprada em dólar. Dito isso, a informação que está se passando é: estamos morrendo de medo do Brasil”, avalia o gestor.

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Enquanto isso, o Alaska vai na direção contrária e “nunca esteve com uma alocação tão otimista para o Brasil como agora”. Dentre os motivos para maior otimismo, está a “varejização” do mercado financeiro, que vai trazer muita gente para a bolsa nesse novo ciclo, além da expectativa de juros reais mais civilizados para os padrões brasileiros.

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“Ao longo do tempo, o número de participantes na bolsa vai ter que mudar, só há 600 mil CPFs no Brasil, enquanto nos EUA há 150 milhões de pessoas. Se tivesse mais gente investindo, o Brasil inclusive cobraria melhor os políticos uma vez que, atualmente, a população não tangibiliza os efeitos de diversas medidas do governo para a vida delas”, ressalta Bredda.

O gestor ainda desmistificou a relação entre alta de juros pelo Federal Reserve com a queda da bolsa americana. “Os juros para cima nos EUA são uma ótima notícia para o Brasil – a economia forte nos EUA é positiva, com o país forte e consumindo. A relação histórica da bolsa com juros americanos é positiva”, afirma.

Apesar de não destacar tanto a política em seus comentários, Bredda ressaltou o movimento de curto prazo do dólar após o primeiro turno. “O dólar caiu, mais do que tudo, por que Ciro não foi para o segundo turno, o que foi um alívio para o mercado, já que ninguém seguraria ele”, avalia, enquanto Fernando Haddad (PT) é visto com menor temor pelos investidores.

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Depois, o segundo impacto no dólar foi a menor chance de Haddad ganhar, podendo levar o dólar a R$ 3,50 ou R$ 3,60, ficando estacionado até se observar o que pode acontecer em um eventual governo de Jair Bolsonaro. Mas a opinião do Alaska para o dólar é mais de longo prazo, avaliando que ele está estruturalmente caro dado o protagonismo recente dos EUA em meio ao seu forte crescimento.

O fundo Alaska Black está aberto para aplicação em várias plataformas, como a XP Investimentos. Se você quer investir no fundo, clique aqui e abra sua conta gratuitamente na XP.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.