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(ANSA) – Após mais de três anos afirmando ter provas de que houve “fraude” nas eleições presidenciais desde 2014, o presidente da República, Jair Bolsonaro, admitiu na noite desta quinta-feira (29) que não tem nada que sustente sua versão.
“Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresente provas de que ele não é fraudável. Não temos provas, vou deixar bem claro, mas indícios que eleições para senadores e deputados podem ocorrer a mesma coisa”, disse em transmissão pela internet, mas que também foi transmitida por canais oficiais.
Por mais de duas horas, Bolsonaro apresentou vídeos que já foram desmentidos por investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela Polícia Federal, além de diversas notícias falsas publicadas ao longo dos últimos anos.
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A mais “tradicional” delas era de pessoas que diziam querer votar 17 nas eleições de 2018, mas não havia candidatos a governador correspondente a esse número em disputa.
O presidente tinha uma pessoa a quem se referia como Eduardo, que seria um “especialista e analista de Inteligência”. Após a live, a Secretaria de Comunicação informou que o homem era o coronel do Exército Eduardo Gomes da Silva e ex-assessor do ministro Luiz Eduardo Ramos.
Bolsonaro ainda disse que havia um “cidadão” que iria “fazer uma demonstração ao vivo”, mas que não compareceu por “ter muita exposição”.
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O mandatário é um defensor do que chama de “voto impresso”, que a urna emita em papel o voto dado pelo eleitor. O projeto está tramitando na Câmara dos Deputados e deve ser derrubado.
Enquanto Bolsonaro mentia para milhares de pessoas que assistiam a apresentação, por meio do Twitter, o TSE rebatia as acusações em tempo real.
Em junho, o ministro do TSE Luís Felipe Salomão determinou que Bolsonaro apresentasse provas sobre as acusações que faz sistematicamente contra as urnas eletrônicas. Para Salomão, é preciso respeitar e preservar a “estabilidade democrática”.
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A urna eletrônica começou a ser usada no Brasil em 1996 e, desde então, não há nenhuma fraude comprovada em qualquer tipo de eleição – seja municipal, estadual ou federal. O equipamento é constantemente colocado sob teste para verificar possíveis problemas e nunca foi hackeado.
Isso porque ela não é conectada à internet e o sistema emite dois comprovantes: o primeiro, feito antes de iniciar a votação e que mostra que a urna está zerada; o segundo é feito após o encerramento da eleição, onde constam todos os votos depositados.
Os documentos são públicos e servem para comprovar a votação local – podendo ser checado se o número que consta ali é o mesmo no sistema digital do TSE.