Bolsonaro não tem chance de voltar à Presidência, diz Lula em entrevista à CNN

Presidente afirmou que o Brasil é um país "mais pacificado" que os Estados Unidos

Luís Filipe Pereira

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva

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Em meio à agenda oficial que cumpre nos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou à jornalista Christiane Amanpour que não há chance de o ex-presidente Jair Bolsonaro voltar à Presidência da República.

“Bolsonaro não tem nenhuma chance de voltar à Presidência da República”, disse Lula. A afirmação ocorreu durante entrevista à CNN, em Washington, nesta sexta-feira (10).

O presidente comparou Bolsonaro a uma “cópia fiel” do ex-presidente dos EUA Donald Trump e fez duras críticas ao ex-chefe do Executivo, chamando-o de desumano e mentiroso.

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“Em algum momento ele vai ser condenado em alguma corte internacional por conta do genocídio por causa da Covid. Porque metade das pessoas que morreram é por conta da irresponsabilidade do governo, e também poderá ser punido por causa do genocídio contra os índios yanomamis. É uma coisa muito grave o que aconteceu lá”, destacou.

Lula – que se reúne ainda nesta sexta com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – garantiu, no entanto, que não pedirá a extradição de Bolsonaro, que está em Orlando, na Flórida, desde o fim do ano passado, acrescentando que um eventual pedido nesse sentido cabe ao Judiciário.

O presidente também criticou a politização das Forças Armadas e afirmou que a substituição do general Júlio César de Arruda pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva no comando do Exército ocorreu porque, segundo Lula, o Exército agia para proteger o acampamento de bolsonaristas erguido em frente ao Quartel General, em Brasília, e também em outras cidades do país.

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Lula também afirmou que o governo segue identificando apoiadores radicais do ex-presidente na estrutura governamental.

“Nós detectamos gente recebendo salário em Miami, em Lisboa e em Paris. Pessoas ligadas a ele [Bolsonaro] que se colocaram em algum conselho e estão trabalhando em nome do Estado brasileiro. Daqui para frente as Forças Armadas não participam mais do processo político brasileiro”, sublinhou.

Sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, o presidente brasileiro garantiu que a democracia irá prevalecer, e afirmou ainda que o Brasil é um país “mais pacificado” que os Estados Unidos. Lula crê que nos EUA, onde haverá eleição em 2024, a divisão é “muito acirrada”.

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“Tivemos uma indústria de fake news que não conseguimos combater em igualdade de condições”, comentou Lula, ao acrescentar que “nem todo mundo que votou no Bolsonaro é bolsonarista”, justificou.

Sobre a Guerra da Ucrânia, o presidente acredita que é legítimo o direito da Ucrânia se defender da invasão porque considera que a ação militar russa trata-se de um equívoco. Evitando culpar Moscou de maneira contundente e fazendo alusão à Guerra do Vietnã, “que uma hora teve que acabar”, Lula frisou que busca apoio de outros países para negociar alternativas que resultem no fim do conflito.

“O que tinha que ser feito de errado já foi feito, agora é preciso encontrar pessoas para ajudar a consertar. Eu vou me dedicar para ver se encontro um caminho para se falar em paz. Eu não quis mandar munição [para a Ucrânia]. Se eu mandar, eu entrei na guerra. Eu quero acabar com a guerra. Não quero entrar na guerra”.

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(Com Reuters)