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Um ex-primeiro-ministro que critica as sanções da União Europeia contra a Rússia e promete encerrar a ajuda militar à Ucrânia venceu a eleição na Eslováquia, infligindo um novo golpe à unidade ocidental.
Robert Fico está a caminho de retornar ao cargo de primeiro-ministro na nação da União Europeia após a votação de sábado (30), somando-se à onda de forças nacionalistas e populistas na Europa. Esses partidos ganharam impulso ao canalizar a frustração dos eleitores em relação ao impacto contínuo da pandemia de Covid, à crise do custo de vida na região e ao cansaço em relação à guerra na Ucrânia.
A presidente Zuzana Caputova deve nomear Fico para formar um governo na segunda-feira (2), de acordo com um comunicado enviado pelo palácio presidencial, o que dará início às negociações de coalizão.
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A vitória de Fico ameaça aumentar as divisões entre os aliados em relação à assistência a Kiev, enquanto a Ucrânia busca conter a invasão russa, que já dura 20 meses. Enquanto as contagens de votos eram realizadas na Eslováquia, os legisladores dos EUA excluíram cerca de US$ 6 bilhões em ajuda à Ucrânia em uma tentativa de última hora de evitar uma paralisação do governo – demonstrando que o financiamento para mais apoio dos EUA está se tornando mais difícil. A Hungria, que bloqueou a ajuda militar da UE, recusou-se neste fim de semana às tentativas ucranianas de desbloquear fundos.
“A Eslováquia tem problemas maiores do que a Ucrânia”, disse Fico a repórteres neste domingo (1º) em Bratislava, apesar de moderar seu tom sobre a política externa do país, dizendo que ele não tem nenhuma intenção de se afastar da UE e da Otan.
Mikulas Hanes, chefe de pesquisa na empresa de pesquisa NMS Slovakia, afirmou que Fico provavelmente formará uma aliança com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, atrasando ou mitigando a política da UE, se não bloqueando completamente.
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“Robert Fico é uma complicação para a UE – eles não terão vida fácil com ele”, disse Hanes.
O partido de Fico, o Smer, obteve 22,9% dos votos, muito à frente do principal rival Eslováquia Progressiva, que teve 18%, de acordo com o Escritório de Estatísticas. O próximo teste da UE será na Polônia em 15 de outubro, quando o partido nacionalista Lei e Justiça buscará um terceiro mandato.
Figura política dominante na nação do leste europeu de 5,4 milhões de habitantes desde o fim do comunismo, Fico, de 59 anos, fez sua campanha com a promessa de aumentar os gastos sociais e desafiar a política da UE em questões que vão desde migração até segurança e meio ambiente.
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Ele renunciou em 2018 em meio a uma onda de indignação pública após o assassinato de um repórter que investigava a corrupção na Eslováquia. O líder do Smer serviu por uma década ao longo de três mandatos, depois de ter sido eleito pela primeira vez em 2006.
O retorno de Fico frustrou as esperanças do Eslováquia Progressiva, um partido pró-UE que fez campanha para manter o país mais alinhado com o mainstream europeu. As pesquisas nas últimas semanas da campanha mostraram que eles estavam se aproximando, enquanto as pesquisas de saída no sábado à noite mostraram o partido com uma pequena vantagem.
“Adivinhe quem voltou!”
Fico ainda precisará encontrar parceiros para formar um governo. Embora a política fragmentada da Eslováquia torne a construção de coalizões um desafio, o Smer tem potenciais parceiros no partido Voz, liderado por seu sucessor como primeiro-ministro, Peter Pellegrini, e no Partido Nacional Eslovaco, que se opôs à migração e aos direitos LGBTQ. Os três partidos teriam maioria.
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O Eslováquia Progressiva também tem um caminho para obter a maioria, mas envolveria uma coalizão potencialmente difícil de vários partidos.
Assim como Orban, Fico explorou a aflição em um eleitorado que é um dos mais pró-Rússia no bloco de 27 membros. Ele foi auxiliado por uma campanha nas redes sociais que incluiu várias afirmações falsas, tornando a eleição um teste para a nova legislação da UE que visa conter a disseminação de conteúdo online ilegal ou prejudicial.
“Adivinhe quem voltou!”, Orban postou na plataforma de mídia social X, antes conhecida como Twitter, no início do domingo, parabenizando Fico: “É sempre bom trabalhar com um patriota”.
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Em seus mandatos anteriores como primeiro-ministro, a retórica de Fico era mais forte do que suas ações quando se tratava da UE – adotando uma postura rígida com o público interno, enquanto mostrava um certo grau de pragmatismo em Bruxelas.
“Ele escolherá suas batalhas cuidadosamente, porque precisará dos fundos europeus”, disse Milan Nic, pesquisador sênior do Conselho Alemão de Relações Exteriores.
A Eslováquia tem histórico de tumulto político e coalizões tumultuadas, com nove governos desde que ingressou na UE em 2004. As lutas internas do partido ajudaram a derrubar o gabinete do primeiro-ministro Eduard Heger no final do ano passado, uma aliança eleita em 2020 para combater a corrupção.