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SÃO PAULO – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia recebe, nesta terça-feira (1), a médica Nise Yamaguchi, frequentadora do Palácio do Planalto e conhecida por defender o uso da cloroquina no tratamento contra a Covid-19 – ao qual não houve comprovação científica de eficácia.
A sessão está marcada para as 9h (horário de Brasília). Acompanhe ao vivo pelo vídeo acima.
Membros do G7 – grupo majoritário dos titulares da comissão, formado por parlamentares independentes e opositores ao governo – querem que a depoente esclareça como se aproximou do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e se influenciou na tomada de decisões relacionadas ao enfrentamento à pandemia.
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Uma das linhas de investigação apontam para a possível existência de uma espécie de “gabinete paralelo”, que fazia aconselhamento a Bolsonaro em detrimento às recomendações dadas pelo Ministério da Saúde.
O depoimento atende a requerimento de autoria do senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE).
No pedido, o parlamentar lembra que, em depoimento à CPI, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse que, numa reunião com o governo federal, a pesquisadora defendeu alterar a bula da cloroquina.
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Sua intenção, segundo Barra Torres, seria definir o medicamento como eficaz contra o coronavírus. Na ocasião, o depoente disse que deixou clara sua recusa ao procedimento.
“Yamaguchi é conhecida por defender a hidroxicloroquina e a cloroquina no tratamento de pacientes infectados com o Sars-Cov-2 (vírus causador da pandemia). E foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro a integrar o comitê de crise ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta”, cita Girão em seu requerimento.
O depoimento da médica também atende a pedido do senador Marcos Rogério (DEM-RO). Para ele, a audiência “será de importância singular para que [a pesquisadora] exponha sua atuação e conhecimentos, com o objetivo único de restabelecer a verdade, oferendo informações transparentes e esclarecedoras. Tem muito a colaborar”, diz o senador.
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Ouvido pela CPI em 11 de maior, Barra Torres explicou que a alteração da indicação da cloroquina seria impossível, pois só quem pode modificar uma bula de um medicamento registrado é a agência reguladora do país de origem, desde que solicitado pelo detentor do registro.
“Agora, eu não tenho a informação de quem é o autor, quem foi que criou, quem teve a ideia. A doutora [Nise Yamaguchi], de fato, perguntou sobre essa possibilidade e pareceu estar, digamos, mobilizada com essa possibilidade”, esclareceu.
Na quinta-feira (27), o relator da CPI, senador Renan Calheiro (MDB-AL), afirmou que a comissão investiga a existência de uma consultoria informal ao governo a favor de métodos considerados ineficazes de enfrentamento à pandemia.
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“Não estamos apenas discutindo a eficácia da cloroquina ou do ‘tratamento precoce’. Queremos investigar se essas coisas foram priorizadas em detrimento da vacinação dos brasileiros. E isso poderia ter salvado muitas vidas”, afirmou.
Nise Yamaguchi é oncologista e imunologista, além de diretora do Instituto Avanços em Medicina, de São Paulo. Ela é a 11ª testemunha ouvida pela comissão parlamentar de inquérito, criada para investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia e desvio de verbas federais enviadas a estados e municípios.
Antes dela, o colegiado já recebeu os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello; o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga; o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres; o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten; o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo; o ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo; e a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.
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Ao longo dos próximos dias, a CPI também ouvirá críticos da cloroquina, como a microbiologista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Natalia Pasternak, e o doutor em virologia Átila Iamarino.
(com Agência Senado)