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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerado responsável pelos atos golpistas que culminaram na invasão e na depredação da sede dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8), por 55% da população. É o que mostra pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (12) pelo jornal Folha de S.Paulo.
Segundo o levantamento, realizado entre os dias 10 e 11 de janeiro, 38% dos brasileiros acham que Bolsonaro teve muita responsabilidade sobre o episódio, enquanto 17% avaliam que teve um pouco. Outros 39% não enxergam nenhuma responsabilidade e 6% não responderam.
O Datafolha também mostrou que 93% dos entrevistados condenam os ataques ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 3% são favoráveis aos episódios, 2% disseram que são indiferentes e 1% não souberam opinar.
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Para 46%, todos os envolvidos devem ser presos, enquanto 15% acham que a maioria deveria ir para a prisão e outros 26% acreditam que apenas alguns deveriam sofrer essa consequência. Para 9% ninguém deveria estar detido, e 4% não souberam responder.
Em relação à aplicação da lei aos golpistas, 77% dos brasileiros acreditam que serão punidos, sendo que 42% esperam uma pena dura e 35% esperam uma pena mais branda. Outros 17% acreditam que nada vai acontecer com aqueles que foram identificados e presos, e 6% preferiram não opinar.
O ataque às sedes dos Três Poderes é um episódio sem precedentes na história da Nova República, período após o fim da ditadura militar em 1985. Foram quebradas instalações dos três edifícios, além de móveis, obras de arte e objetos históricos. Alguns itens também foram roubados. Cerca de 1 mil pessoas já foram presas.
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Na noite de domingo, algumas horas após os atos protagonizado por apoiadores, Bolsonaro disse pelas redes sociais que “manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia”, mas “depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”.
O ex-presidente também voltou a afirmar que, durante os quatro anos de sua gestão, “sempre” esteve “dentro das quatro linhas da Constituição”, e criticou o que chamou de acusações “sem provas” atribuídas por seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nos últimos dias, Lula e aliados têm sustentado que a postura de Bolsonaro – que não reconheceu explicitamente a vitória do adversário na disputa e silenciou após a derrota – teve influência sobre os atos golpistas ocorridos domingo em Brasília.
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Segundo o Datafolha, 45% das pessoas concordam com a afirmação de Lula de que Bolsonaro estimulou os atos violentos, sendo que 34% concordam totalmente e 11% o fazem em parte. Outros 31% divergem totalmente e 14% discordam em parte. Os 10% restantes se dividem entre os que preferiram não responder e aqueles que disseram não concordar nem discordar.
Apesar de uma maioria atribuir alguma responsabilidade pelos atos a Bolsonaro, 80% dizem que não mudaram de opinião acerca do ex-presidente. Outros 11% dizem que suas opiniões sobre ele mudaram para pior, enquanto 5% para melhor. Os 4% restantes não souberam responder.
Segundo a pesquisa, apenas 2% dos entrevistados disseram participar de algum grupo de apoio a Bolsonaro nos aplicativos de trocas de mensagens WhatsApp ou Telegram. Essas plataformas foram amplamente utilizadas pela campanha eleitoral do agora ex-presidente.
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O levantamento também mostra que 64% dos brasileiros acreditam que o governo Lula irá conter qualquer escalada nas manifestações golpistas, enquanto 29% pensam o contrário e 6% não souberam responder. A crença na capacidade de controle dos atos por Lula chega a 87% entre eleitores que dizem ter votado nele em outubro de 2022, enquanto fica em 36% entre aqueles que votaram em Bolsonaro.
O processo de intervenção federal sobre a segurança pública do Distrito Federal, processo definido por decreto editado por Lula no próprio domingo e aprovado pelas duas casas do Congresso Nacional nesta semana, é apoiado por 82% dos entrevistados. Para 14%, o atual presidente agiu mal no incidente.
Em relação ao afastamento de Ibaneis Rocha (MDB) do governo do DF por 90 dias, decidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e posteriormente avalizado pelo plenário da Corte, o apoio da população cai para 60%, enquanto 32% consideram o movimento equivocado.
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O Datafolha ouviu 1.214 pessoas espalhadas pelo país, em uma amostra representativa da população brasileira apta a votar. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações para aparelhos celulares, usados por cerca de 90% da população. A margem de erro máxima é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo.