Desemprego, inflação, renda e fome são os temas mais relevantes para os eleitores na escolha de candidatos

Embora o desemprego tenha caído, o nível de salários está mais baixo e, ao mesmo tempo, o aumento de preços diminui o poder de compra dos trabalhadores

Anderson Figo

Carteira de trabalho (Shutterstock)
Carteira de trabalho (Shutterstock)

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Desemprego, inflação, renda e fome são os temas mais relevantes para os eleitores na hora de escolherem seus candidatos nas eleições de 2022 — o pleito para presidente, governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais ocorre em outubro.

É o que indica a 37ª edição do Barômetro do Poder, iniciativa do InfoMoney que compila mensalmente as avaliações e expectativas de consultorias de análise de risco político e analistas independentes sobre alguns dos assuntos em destaque na política nacional.

O levantamento, realizado entre 29 de junho e 1º de janeiro, mostra que 80% dos especialistas consultados veem como muito alto o peso do tema desemprego na escolha dos eleitores  — outros 20% veem o tema com peso alto. Já o peso da inflação e do custo de vida foi apontado como muito alto por todos os respondentes.

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A questão da fome e da miséria tem peso muito alto na escolha dos eleitores para 67% dos participantes do levantamento, enquanto 33% acham que o peso desse tema é alto. No quesito renda, 87% atribuíram peso muito alto, ao passo que 7% disseram ser alto e 7% o apontaram como regular.

Considerando uma escala de 1 (muito baixo) a 5 (muito alto), as médias das avaliações sobre o peso de cada um dos temas mais relevantes para os eleitores na hora de escolher seus candidatos nas eleições de 2002 ficaram acima de 4,00 — desemprego (4,80), inflação (5,00), fome (4,67) e renda (4,80).

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Após atingir recorde de 14,7% em meados de 2021, a taxa de desemprego voltou a cair em 2022 e chegou a 9,8% no trimestre encerrado em maio, a menor taxa trimestral desde janeiro de 2016 e a menor para o período desde 2015 (8,3%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Trata-se de um processo de recuperação das perdas que ocorreram em 2020, com gradativa recuperação ao longo de 2021”, afirma Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE. Ela diz que “houve uma certa estabilidade da população ocupada” no começo do ano, mas agora a expansão foi retomada “em diversas atividades econômicas” e com contratações no mercado formal, recompondo o nível pré-pandemia.

Apesar da redução no desemprego, a renda da população foi na contramão. O salário médio de contratação no país em empregos com carteira assinada cedeu em maio, acumulando uma queda de 5,6% em 12 meses, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Previdência.

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Em maio, o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898, contra R$ 1.916 em abril, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). É o patamar mais baixo desde dezembro de 2021. Em maio do ano passado, era de R$ 2.010.

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A inflação também tem corroído o poder de compra da população, o que dificulta ainda mais a vida dos trabalhadores. Embora tenha desacelerado de 1,06%, em abril, para 0,47% em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), métrica oficial da inflação brasileira, acumula 11,7% em 12 meses, segundo o IBGE.

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou um relatório no qual diz que o IPC médio das 20 maiores economias do mundo, que formam o G-20, também subiu entre abril e maio deste ano, passando de 8,5% para 8,8%.

Entre os países deste grupo, o Brasil só ficou atrás da Turquia (73,5%), da Argentina (60,7%) e da Rússia, que, embora esteja incluída nas estimativas do G-20, não tem os dados no relatório. Em maio, a inflação russa ficou em 17,1%, conforme estimativas do país. De forma geral, a inflação tem sido impulsionada pelos preços de alimentos e energia no mundo inteiro.

Do outro lado do levantamento, os temas que menos terão impacto na decisão dos eleitores este ano são aborto, corrupção, igualdade de gênero, meio ambiente, saneamento básico e transporte — todos com média abaixo de 3,00 numa escala de 1 (muito baixo) a 5 (muito alto).

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Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 10 casas de análise de risco político – BMJ Consultores Associados; Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Eurasia Group; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; Tendências Consultoria Integrada; e XP Política – e 5 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); Claudio Couto (EAESP/FGV), João Villaverde (FGV-SP) e Thomas Traumann.

Conforme acordado previamente com os analistas participantes, os resultados do levantamento são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.