Em nova carta, economistas dizem a Lula que teto não garante disciplina fiscal

Documento é uma resposta à carta escrita por Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, publicada na Folha em 17 de novembro

Anderson Figo

(Divulgação - Flicker - Lula Oficial/Ricardo Stuckert)
(Divulgação - Flicker - Lula Oficial/Ricardo Stuckert)

O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira e outros quatro economistas assinaram nova carta ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), publicada na segunda-feira (21) pelo jornal Folha de S.Paulo, na qual dizem que o teto de gastos não garante disciplina fiscal.

O documento é uma resposta à carta escrita por Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha, publicada na Folha em 17 de novembro, na qual os economistas dizem a Lula que é preciso ter responsabilidade social “pra já ou o quanto antes”.

“Os referidos economistas [Fraga, Malan e Bacha] se opõem ao seu compromisso de revogar o teto de gastos, já que esse desempenha um papel fundamental de garantir a responsabilidade fiscal, mantendo a inflação sobre controle ao assegurar a confiança do mercado nas políticas do governo”, escrevem os signatários.

Além de Bresser-Pereira, que foi ministro nos governos de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, também assinam a carta os economistas José Oreiro, Luiz Magalhães, Kalinka Martins e Luiz Fernando de Paula, da UFRJ.

“A ideia de que o teto de gastos é fundamental para garantir a disciplina fiscal é uma falácia. De fato, o teto se mostrou incapaz de impedir que o governo de Jair Bolsonaro (PL) realizasse um volume de gastos de R$ 795 bilhões extrateto em quatro anos e de criar de novos gastos públicos a menos de seis meses das eleições”, escrevem os economistas.

Eles disseram ser um erro assumir que o Brasil paga altas taxas de juros porque o país não é visto como um bom devedor, citando que o risco-Brasil caiu durante os governos Lula. Eles também criticaram a análise de que o furo no teto no governo Bolsonaro foi o causador do aumento da inflação, afirmando que a alta de preços refletiu um “choque de oferta a nível mundial” por causa da pandemia e da guerra na Ucrânia.

Bresser-Pereira e os demais economistas também citaram que o teto de gastos “impõe um esmagamento” dos recursos para programas sociais e que é preciso encontrar uma alternativa de âncora fiscal para o país.

“Entendemos ser legítimo e viável abrir espaço no Orçamento para viabilizar gastos públicos para enfrentamento da crise social e econômica, que deverá ser combinado, quando empossado, com adoção de uma nova regra fiscal que combine flexibilidade orçamentária com sustentabilidade da dívida pública”, concluíram.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.