Governo Dilma atrapalha recuperação da bolsa, dizem leitores

Enquete do Portal InfoMoney aponta que intervenções em importantes setores da economia impediram Ibovespa de subir mais

Mariana Mandrote

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SÃO PAULO – Apesar de acumular valorização de 4,10% no ano, o Ibovespa poderia estar performando melhor, se não fossem as intervenções do governo da presidente Dilma Rousseff em alguns setores da economia. Isso é o que indica o resultado da enquete do Portal InfoMoney, realizada com 1.905 usuários, que perguntava aos leitores: “O governo Dilma atrapalha a recuperação da bolsa brasileira?” 

A maior parte dos respondentes (75%) afirmaram que sim. Para esses leitores, as intevenções do Governo já prejudicaram as ações de Vale (VALE3; VALE5), Petrobras (PETR3; PETR4), bancos, bem como de empresas de telecomunicações e energia. Isso, na opinião deles, impediu o Ibovespa de subir mais.  

O restante, ou 25% dos participantes, responderam que não. Na avaliação deles, a bolsa não avança devido ao cenário externo complicado e aos resultados ruins das próprias companhias. 

Algumas medidas adotadas pelo Palácio do Planalto, como a intervenção no mercado financeiro e a manipulação dos preços dos combustíveis praticados pela Petrobras, contribuíram para colocar os investidores em estado de alerta.

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Confira o resultado da enquete:  
 O governo Dilma atrapalha a recuperação da bolsa brasileira?   Votos   Percentual 
 Não, a bolsa não avança devido ao cenário externo complicado e aos resultados ruins das próprias companhias.  482 25%
Sim, as intervenções já prejudicaram as ações de Vale, Petrobras, bancos, teles e empresas de energia, impedindo que o Ibovespa suba. 1423 75%

Concorrência acirrada
A postura dos bancos públicos em ofertar mais dinheiro por juros menores criou uma concorrência acirrada no mercado financeiro, fazendo com que as instituições privadas seguissem a toada e começassem a redução dos spreads – diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e que cobra pelos empréstimos aos clientes.

Entretanto, os balanços de grandes bancos referentes ao segundo trimestre mostraram que prevaleceu a prudência em tempos de desaceleração econômica e inadimplência em alta. Ainda que apoiem o governo na redução dos juros, as instituições aumentaram as previsões para perdas com calotes, desaceleraram as concessões de novos empréstimos e avisaram que um corte maior dos spreads só vira com queda da inadimplência e menos encargos.

Interferência na gestão
Em um ambiente de desaceleração da economia europeia e chinesa, o principal problema para o desempenho da Vale parece ser a trajetória de queda do preço do minério de ferro mundialmente. De qualquer forma, a desconfiança dos investidores teve início no ano passado, 
quando o então presidente da companhia Roger Agnelli deixou a mineradora para a entrada de Murilo Ferreira.

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A troca de diretoria da empresa foi vista pelo mercado como uma suposta ação do governo, o que não agradou os investidores, em especial os estrangeiros. Além disso, o impasse sobre a negociação com o (Departamento Nacional de Produção Mineral) sobre o pagamento de royalties que o órgão cobra da mineradora também emperra a performance das ações da empresa. 

Reajuste de preços
Por conta da necessidade de importação da gasolina e diesel para atender o mercado interno, a Petrobras sofre redução de recursos do seu caixa. A companhia compra a preços internacionais e vende a preços mais baixos no Brasil.

Para o mercado a politização na gestão da estatal, que tem como presidente do Conselho o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o que impede um reajuste relevante nos preços dos combustíveis. Isso porque, o governo estaria mais interessado nas metas de inflação no que nos investimentos da companhia.