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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comemorou a notícia de que a agência de classificação de risco S&P elevou, nesta quarta-feira (14), a perspectiva para a nota soberana do Brasil (atualmente em BB-) de estável para positiva, mas optou por compartilhar os bônus com representantes dos Poderes Judiciário e Legislativo.
Em entrevista a jornalistas no começo da noite, Haddad classificou a notícia como “um passo importante” para a economia brasileira e disse que ela é resultado de um ambiente de harmonia institucional e da sensibilidade que o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm tido com a agenda econômica do governo.
“Isso não é possível a partir só do Executivo. Temos a confiança e o apoio do presidente Lula, mas sem a compreensão do presidente Arthur Lira (PP-AL), do presidente [Rodrigo] Pacheco (PSD-MG), e também do STJ e do STF, que têm se sensibilizado com a agenda da Fazenda, nós não íamos ter essa sinalização”, disse o ministro.
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“A menção à nova regra fiscal foi feita. A menção às perspectivas de aprovação da reforma tributária. As medidas de reoneração, de corte de gasto tributário. Tudo isso foi mencionado na nota e é importante que uma agência externa consiga observar esses avanços do Brasil. Há muito trabalho pela frente, esse é só um começo, mas penso que, se nós mantivermos o ritmo de trabalho das duas casas e do Judiciário, quero crer que vamos conseguir atingir nossos objetivos”, continuou.
Segundo Haddad, este movimento de “harmonização” entre os Três Poderes também precisa contar com a participação do Banco Central. A autoridade monetária tem sido constantemente cobrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por setores da sociedade a reduzir a taxa básica de juros (a Selic, atualmente mantida a 13,75% ao ano).
“Está faltando o Banco Central se somar a esse esforço, mas quero crer que estejamos prestes a ver isso acontecer. A hora em que estivermos todos alinhados, a coisa vai começar a prosperar”, disse. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para decidir o novo patamar da Selic.
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“Tudo concorre para que essa harmonização aconteça mais rapidamente do que o previsto. Seis meses atrás ninguém esperava que fôssemos estar na situação em que estamos hoje. Temos uma oportunidade de ouro de fazer uma diferença”, pontuou o ministro.
“Vim aqui para agradecer o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, pelo que têm feito pelo país. E quero, o quanto antes, agradecer também a autoridade monetária, que, a cada declaração pública, dá demonstrações de que está sensibilizada com o clamor do empresariado, dos bancos, das agências de risco, de que é possível essa harmonia ser ainda maior”, declarou.
Questionado sobre possível retomada do grau de investimento pelo Brasil, Haddad mostrou otimismo. “O Brasil vai retomar o grau de investimento. Não tenha dúvida disso. Não tem cabimento esse país não ter grau de investimento”, disse. Segundo ele, trata-se de um processo, que deve amadurecer após a aprovação da reforma tributária pelo Legislativo.
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Na avaliação do ministro, a crise econômica vivida pelo Brasil na última década é resultado de uma degradação política. “Se esse país se entender, e não é preciso grande esforço para isso, não há por que não atingir o grau de investimento. Pode levar alguns anos, mas ele é inevitável se trabalharmos juntos”, sustentou.
“O absurdo é nós não temos [grau de investimento]. Um país como o Brasil tem que ter. Compare a economia brasileira com a economia de qualquer país da América Latina. Há três ou quatro países latino-americanos que têm grau de investimento em uma situação em que eu não desejaria estar. E o Brasil, com tudo que tem, vai deixar de ter?”, indagou.
Haddad se pronunciou ao lado de seus principais auxiliares, incluindo o secretário-executivo da Fazenda, o economista Gabriel Galípolo, indicado para a Diretoria de Política Monetária do Banco Central − sabatina que será realizada em 27 de junho.
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Mais uma vez, Haddad comparou o alto nível dos juros brasileiros com os juros dos Estados Unidos e da Europa. “Eles estão muito mais longe da meta de inflação que nós, muito mais. No entanto, as taxas de juros são muito mais modestas”, enfatizou.
“Todos nós somos contra a inflação. Temos um sistema de metas que foi criado há mais de 20 anos. Ninguém pensa em mudar o regime de metas, podemos aperfeiçoá-lo, mas o seu arcabouço está consolidado na sociedade brasileira”, completou.
Ele relatou ainda que 70% da reunião de hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e empresários do Instituto para Desenvolvimento do Varejo foi sobre crédito e juros. Os executivos estiveram nesta semana com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e também o pressionaram pela redução da Selic.
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(com Agência Estado)