Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro e chega a 40% no primeiro turno, diz XP/Ipespe

Petista mantém trajetória de crescimento que já dura 5 meses e passa a ficar ao menos 9 pontos à frente de seus potenciais adversários

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a subir nas simulações de primeiro e segundo turnos para a disputa pelo Palácio do Planalto em 2022 e ampliou a vantagem sobre seus potenciais adversários no pleito. É o que mostra nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta terça-feira (17).

Segundo o levantamento, Lula atingiu a marca de 40% das intenções de voto em uma das simulações de primeiro turno – uma oscilação positiva de 2 pontos percentuais em comparação com os registros de julho – e ampliou de 12 para 16 pontos a vantagem sobre o segundo colocado, o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Com o movimento, o líder petista dá continuidade a uma trajetória de crescimento que já dura cinco meses, desde que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu anular todas as suas condenações pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato.

Continua depois da publicidade

Já Bolsonaro tem 24% das intenções de voto nesta simulação – oscilação negativa de 2 pontos percentuais ante julho. Na sequência, aparecem os ex-ministros Ciro Gomes (PDT), com 10%, e Sérgio Moro (sem partido), com 9%. Completando a lista dos possíveis candidatos que pontuaram, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, têm 4% cada.

A pesquisa XP/Ipespe contou com 1.000 entrevistas telefônicas, realizadas por operadores com eleitores de todo o país em amostra proporcional à população nacional. A margem máxima de erro é de 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Em outra simulação estimulada de primeiro turno (quando o eleitor escolhe seu candidato entre opções apresentadas pelo entrevistador), Lula lidera com 37% das intenções de voto – 9 pontos percentuais a mais que Bolsonaro. No segundo pelotão, Ciro Gomes tem 11% e é seguido por três candidatos numericamente empatados.

Continua depois da publicidade

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) aparece com 5% das intenções de voto, juntamente com João Doria (PSDB), governador de São Paulo, e o apresentador José Luiz Datena (PSL). Também pontua na pesquisa Rodrigo Pacheco (DEM), presidente do Senado Federal, que pode migrar para o PSD de Gilberto Kassab para participar do pleito. Como este cenário sofreu alteração dos nomes testados, não é possível fazer comparação do comportamento dos candidatos na série histórica.

Já no cenário espontâneo (quando o eleitor aponta seu candidato sem que nomes sejam apresentados pelo entrevistador), Lula foi de 25% para 28%, enquanto Bolsonaro manteve 22%. Outros candidatos juntos atingiram 6% das intenções de voto, enquanto 33% dos eleitores não souberam responder e 11% manifestaram intenção em votar em branco ou anular o voto.

Geralmente a pesquisa de voto espontânea mostra maior convicção do eleitor sobre seu candidato – ou seja, uma cristalização do apoio. Mas, dada a distância para o primeiro turno (quase 14 meses) e a incerteza acerca das candidaturas e da própria conjuntura até o pleito, os resultados precisam ser tratados com ressalva.

Continua depois da publicidade

Segundo turno

Foram feitas nove simulações de segundo turno. O ex-presidente Lula aparece em quatro delas, superando seus adversários com vantagem superior ao limite da margem de erro. Contra Bolsonaro, a diferença, que era de 14 pontos em julho, agora é de 19 p.p. a favor do petista.

Também cresceu a vantagem de Lula contra Moro. O petista aparece com 49% das intenções de voto, contra 34% do ex-juiz. Quatro meses atrás, a diferença era de 5 p.p., o que configurava empate técnico. Moro chegou a liderar a disputa em três pesquisas realizadas no ano passado.

Lula também derrotaria Ciro Gomes (49% a 31%) e Eduardo Leite (51% a 22%). Em todos os casos o petista melhorou sua pontuação, ainda que dentro da margem de erro.

Continua depois da publicidade

Além do cenário contra Lula, o nome de Bolsonaro é testado contra cinco potenciais adversários. O presidente aparece numericamente atrás em todas as simulações – inclusive que Doria (35% a 37%) e Leite (33% a 35%), que ele apresentava pontuação ligeiramente superior, embora em situação de empate técnico. Bolsonaro empatava com Mandetta, mas agora aparece atrás por 4 pontos percentuais (38% a 34%).

Bolsonaro seria derrotado por Ciro Gomes no segundo turno. A edição de agosto da pesquisa mostra o pedetista com 44% das intenções de voto – 12 p.p. a mais que o atual presidente. Dois meses atrás, a diferença era de 4 pontos, o que configurava empate técnico.

Na disputa contra Sergio Moro, Bolsonaro aparece numericamente atrás, com diferença de 6 pontos percentuais: 36% a 30%, situação que configura empate técnico, mas mostra maior crescimento da vantagem do ex-juiz. Em junho, os dois tinham 32% das intenções de voto.

Continua depois da publicidade

Rejeição

A pesquisa XP/Ipespe também mostra elevada rejeição ao nome de Bolsonaro. Segundo o levantamento, 61% não votariam “de jeito nenhum” no atual presidente, enquanto 10% dizem que “poderiam votar” e 23% votariam “com certeza”. Já no caso de Lula, a rejeição é de 45%, enquanto 38% manifestam voto convicto. Outros 17% dizem que “poderiam votar” nele.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.