Lula discursa na Paulista: “Foi a guerra mais difícil que eu enfrentei”

Em fala a apoiadores em São Paulo, presidente eleito diz que vitória foi “consagradora”, agradece ao eleitorado do Nordeste e homenageia Dilma Rousseff

Fábio Matos

(Divulgação - Flicker - Lula Oficial/Ricardo Stuckert)
(Divulgação - Flicker - Lula Oficial/Ricardo Stuckert)

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Em seu segundo pronunciamento após a confirmação oficial do resultado da eleição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou a uma multidão na Avenida Paulista, em São Paulo, e reconheceu que a disputa contra Jair Bolsonaro (PL) foi a “mais difícil” de toda a sua trajetória política.

Com 99,99% das urnas apuradas, segundo a última atualização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula teve 50,9% dos votos válidos (mais de 60 milhões), ante 49,1% de Bolsonaro.

Em um palanque montado na Paulista, Lula estava ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), afastada do governo pelo impeachment de 2016, e de alguns dos principais aliados na campanha: o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), a senadora Simone Tebet (MDB-MS), os deputados federais eleitos Guilherme Boulos (PSOL-SP), Marina Silva (Rede-SP) e André Janones (Avante-MG), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o candidato derrotado ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

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Na lista de agradecimentos, um dos primeiros nomes citados por Lula foi o de Simone Tebet. Sobre Marina Silva, Lula disse que a deputada da Rede foi uma “guerreira” na campanha.

A esposa de Lula, Rosângela da Silva, a Janja, e a cantora Daniela Mercury também estavam no palco.

“Foi a guerra mais difícil que eu enfrentei. Nunca enfrentamos uma batalha em que o adversário usou uma verdadeira indústria de fake news 24 horas por dia”, afirmou Lula.

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“Foi a campanha mais difícil que eu fiz na minha vida. Não foi a campanha de um homem contra outro homem, de um partido contra um partido. Foi a campanha de um conjunto de pessoas que amam a liberdade e a democracia contra o autoritarismo. Quero dedicar essa vitória à democracia e ao futuro do povo brasileiro”, prosseguiu o presidente eleito.

Apesar das dificuldades, segundo Lula, a vitória deste domingo foi “consagradora”. “De todas as vitórias que eu tive, essa é a vitória mais consagradora porque nós derrotamos o autoritarismo e o fascismo no Brasil. A democracia e a liberdade estão de volta ao Brasil. O povo vai poder sorrir outra vez”, disse o petista. “Espero nunca trair o sonho que levou vocês a acreditarem que era possível reconstruir este país.”

Governo de união

Em seu discurso na Paulista, Lula destacou a união de diversas forças políticas em torno de sua candidatura, principalmente no segundo turno.

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“Essa não é uma vitória minha, não é uma vitória só do PT. Foi uma vitória de todas as mulheres e homens que amam a democracia, querem liberdade e querem um país mais justo”, afirmou. “O governo será montado com a cara da minha vitória, com os partidos que participaram, com gente que pode contribuir. A gente vai ter que ter um governo para conversar com muita gente que está com raiva.”

Lula disse que está “metade alegre e metade preocupado”, pois sabe que terá dificuldades para governar o país. “A partir de amanhã, tenho que começar a me preocupar como vamos governar este país. Preciso saber se o presidente que nós derrotamos vai permitir que haja uma transição para que a gente tome conhecimento das coisas”, afirmou. “Tenho apenas dois meses para montar o governo e preciso escolher bem cada pessoa que vai participar da nova redemocratização do nosso país.”

Agradecimento ao Nordeste

Lula aproveitou o discurso para agradecer especialmente à população do Nordeste, que mais uma vez lhe deu uma votação expressiva – determinante para a apertada vitória sobre Bolsonaro.

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“Um povo que foi ofendido pelo nosso adversário, que é o nosso querido povo nordestino, que nos consagrou com essa vitória extraordinária. O povo do Nordeste merece uma palavra especial porque aquele povo foi muito porreta no primeiro e no segundo turno”, disse Lula.

Bolsonaro não ligou

Na parte final do discurso, Lula criticou Bolsonaro pelo fato de o presidente não ter ligado para o petista reconhecendo a derrota.

“Em qualquer lugar do mundo, o presidente derrotado já teria ligado para mim reconhecendo a derrota. Ele até agora não ligou, não sei se vai ligar e não sei se vai reconhecer”, afirmou Lula.