Lula: Precisamos construir maioria no Congresso para dar tranquilidade ao governo

Presidente diz que mudanças na Esplanada dos Ministérios devem ajudar no avanço de proposições de interesse do governo e evitar matérias "indigestas"

Marcos Mortari

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista coletiva durante viagem oficial à África do Sul (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista coletiva durante viagem oficial à África do Sul (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta segunda-feira (5), que é difícil anunciar mudanças na composição da Esplanada dos Ministérios, mas defendeu a importância de se fazer acordos com lideranças políticas envolvendo uma participação mais efetiva no governo em troca de maior apoio no Congresso Nacional.

Durante seu programa semanal “Conversa com o Presidente”, transmitido nas redes sociais, Lula disse que as tratativas envolvendo a reforma ministerial são importantes para garantir o êxito de proposições de interesse do Palácio do Planalto em tramitação no parlamento e para evitar a aprovação de matérias indesejadas pelas casas legislativas.

Lula não entrou em detalhes sobre o possível acordo. Há uma expectativa de que a “novela” envolvendo as negociações com o “centrão” chegue a um desfecho até quinta-feira (7), antes da viagem do presidente para a Índia, onde ele participará de encontro do G20.

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“O técnico entra com um time em campo, mas no decorrer do jogo, dependendo da tática do adversário, ele vai mudando. É sempre muito difícil você chamar alguém para dizer ‘eu vou precisar do ministério, porque fiz um acordo com um partido político e preciso atender’. Mas essa é a política”, disse.

“O governo tem propostas importantes para passar no Congresso Nacional, os deputados não são obrigados a votar no governo porque o governo mandou, por mais que o Haddad seja simpático”, pontuou.

“As pessoas não são obrigadas a votar naquilo que fazemos. As pessoas votam naquilo que acreditam. Quando você mostra uma proposta, as pessoas vão discutir, fazer emendas… Então, precisamos construir uma maioria para dar tranquilidade ao governo nas mudanças que precisamos fazer, para aprovar determinadas coisas e para não permitir que coisas que sejam indigestas sejam aprovadas”, prosseguiu o presidente.

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Sobre o assunto, Lula destacou a discussão sobre a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia até 31 de dezembro de 2027, aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada. A matéria já havia sido aprovada pelo Senado Federal, mas, como sofreu alterações, precisa passar por nova análise na casa iniciadora.

“Quando você vai fazer desoneração, ela não pode ser uma lei que deveria desonerar 17 setores. Não. Você permite a desoneração que será resultado de um acordo entre empresários, trabalhadores e governo, para saber qual é a parte dos trabalhadores nessa desoneração. Porque se não você faz a desoneração, o cara desonera, fica com o lucro, não repassa a desoneração para os preços do produto e não ajuda em nada”, afirmou.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.