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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a questionar, nesta quinta-feira (19), a atuação do Banco Central autônomo e o atual patamar da taxa básica de juros, fixada em 13,75% ao ano.
Em encontro com reitores de universidades federais no Palácio do Planalto, ele defendeu a necessidade de investimentos público em diversas áreas e a importância do Estado no combate às desigualdades.
“Não é possível que a gente não tenha indignação com isso. O Brasil é o país da desigualdade. É desigualdade no salário, no trabalho, de raça, de gênero, entre mulher e homem, na educação… É tudo desigual. Uns podem tudo e uma grande maioria não pode nada. Uns conseguem juntar bilhões e os outros não conseguem tostões. É esse país que temos que mudar”, criticou.
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Lula também repetiu que os recursos destinados à Saúde, à Educação e políticas como a construção de casas populares e urbanização de favelas não podem ser considerados gastos. E criticou operadores do mercado financeiro, por “desconfiarem” do governo.
“A única coisa que não é dita como gasto por essa gente do mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento. Qual é a explicação de termos um juro de 13,5% hoje?”, questionou.
“A inflação está em 6,5%/7,5%, por que o juro está a 13,5%? Qual é a lógica? Qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem de tudo que a gente fala de investimento? Eu não vejo essa gente falar uma vez em dívida social”, criticou.
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“Nós temos uma dívida social de 500 anos com esse povo. É uma divida milenar que temos com esse povo. As pessoas nascem pobres, ficam adultas pobres, morrem pobres, o filho nasce pobre, morre pobre, e a gente não tem uma voz de alento para elas? Quem tem que estender a mão para essas pessoas é o Estado”, prosseguiu.
Em 2022, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), considerado o indicador oficial de inflação do país, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou em alta acumulada de 5,79% – acima do limite da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5%, pelo segundo ano consecutivo.
Já a taxa básica de juros (a Selic) está em 13,75% ao ano – patamar que se mantém desde agosto de 2022, encerrando um forte ciclo de altas de 11,75 pontos percentuais em pouco mais de 8 meses.
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Isso significa uma taxa real de juros hoje próxima a 8%, nível considerado elevado comparado com pares internacionais. Agentes econômicos costumam associar essa situação ao contexto de incertezas fiscais no país, diante da indefinição de um novo arcabouço fiscal e as sinalizações de aumento de despesas públicas sem as devidas contrapartidas pela atual administração. A percepção de risco de piora na relação dívida/PIB faz com que o mercado cobre prêmios mais elevados.
Durante o discurso aos reitores, Lula voltou a defender uma reforma tributária com olhar para o Imposto de Renda, de modo a reduzir a carga sobre os mais pobres e cobrar mais de faixas abastadas. “A gente precisa de uma reforma tributária para quem ganha mais pagar mais, e quem ganha menos pagar menos. Não é possível alguém que ganha R$ 5 mil pagar proporcionalmente mais do quem ganha R$ 100 mil. É uma política tributária ao inverso”, disse. E cobrou apoio para convencer os parlamentares.
O presidente também defendeu o Fies e indicou interesse em ampliar o programa. “Se o país tem tanta tolerância com os ricos que devem nesse país, por que não tem a compreensão de que o jovem que se formou pode pagar sua dívida? O Brasil tem quase R$ 2 trilhões de dívida que as pessoas não pagam. Pessoas que não pagam Imposto de Renda. E vocês sabem que quem sonega não é trabalhador, porque o dele é descontado no holerite. O Brasil tem milhões de pessoas que dão cano na Previdência Social, que não pagam os impostos. Essa gente deve quase R$ 2 trilhões, e eu vou me incomodar com uma dívida do estudante que tomou emprestado R$ 12 mil para estudar? Eu tenho certeza que, na hora em que esse jovem arrumar um emprego, ele vai cumprir com o compromisso de pagar sua dívida”, afirmou.
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Lula disse que a Educação é a “única coisa que pode fazer esse país deixar de ser um eterno país em desenvolvimento para se transformar em um país desenvolvido”. Nesse sentido, ele defendeu o Estado como indutor do crescimento e “regulador da justiça social” e destacou a necessidade de aumentar os investimentos em “universidades, escolas profissionalizantes e no ensino fundamental”.
“É preciso que a gente não aceite a negação do Estado, o Estado é importante, pode ser o regulador da justiça social nesse país”, declarou. “O Fies colocou quase dois milhões de jovens para estudar. O Estado tem que ser o fiador. Nossa disposição é voltar a fazer isso, não apenas aumentar a quantidade, mas a qualidade. Precisamos melhorar tudo que fizemos, e se possível fazer mais”.