Mantega: há chantagem para que o governo se enquadre no teto de gastos

Na avaliação do ex-ministro, argumentação do Copom citando a persistência da inflação para manter juros no atual patamar é "desculpa esfarrapada"

Estadão Conteúdo

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Para o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, o Banco Central (BC), ao indicar que vai seguir com a taxa Selic no atual nível, está chantageando o governo para “enquadrá-lo” na questão fiscal. “Parece que o BC quer controlar a política fiscal. Ele (BC) faz chantagem para que a regra fiscal seja aquela que o mercado quer. Determinados setores da economia querem manter o teto de gastos”, afirmou Mantega em entrevista à Globonews.

Na avaliação do ex-ministro, a argumentação do Comitê de Política Monetária (Copom) citando a persistência da inflação como motivo para manter os juros no atual patamar é uma “desculpa esfarrapada”. “O preço dos alimentos e da energia vem caindo não só no Brasil, mas lá fora também. A inflação teve uma subida em fevereiro, que já era esperada, mas a tendência é de queda, não subida”, argumentou Mantega, citando ainda, as reduções nas cotações internacionais do barril de petróleo.

Para Mantega, o BC deveria sinalizar, no comunicado após a reunião do Copom desta quarta-feira, 22, que haverá redução de juros. “Já percebemos os estragos que causam os juros elevados. Além de deteriorar a economia, aumenta o endividamento do país”, disse. “O comunicado do Copom foi duro e ele Copom está pautando a opinião pública e o mercado, então o mercado se prepara para piora nas condições econômicas”, emendou o ex-ministro.