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SÃO PAULO – O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou impedir a divulgação de um cálculo encomendado pela própria Petrobras (PETR3;PETR4) que indicava perdas de R$ 88,6 bilhões no patrimônio da estatal.
As informações são do jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso ao áudio de uma reunião do conselho da estatal realizada no dia 27 de janeiro deste ano, no dia da divulgação do balanço não-auditado do terceiro trimestre de 2014.
O material mostra que Mantega, que presidia o conselho de administração da estatal, diz que o cálculo era uma “temeridade” e teve um atrito com Graça Foster, então presidente da empresa, que defendia a divulgação das informações ao mercado, o que acabou ocorrendo.
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Com a divulgação da cifra de R$ 88,6 bilhões pela estatal no balanço, Graça acabou desagradando à presidente Dilma Rousseff e perdeu o cargo pouco tempo depois. Ela foi substituída por Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil (BBAS3).
“Acho uma temeridade divulgar esse número. Vai afetar nosso rating, custo financeiro, a solidez da empresa por algo que não temos certeza. Cria a possibilidade de que a Petrobras tenha um endividamento muito maior em relação ao seu patrimônio”, afirmou o ex-ministro.
Graça respondeu ao questionar sobre o que aconteceria se a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) perguntasse sobre os números. “Se existe, porque não divulgaram? Quem está escondendo este número? De quem é a responsabilidade? Da diretoria ou do Conselho?”, questionou Graça, destacando que receava vazamentos porque mais de cem pessoas tiveram acesso aos números. Mantega respondeu para Graça que a empresa “faz vários relatórios e nem todos são revelados”.
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O cálculo foi feito pela consultoria Deloitte e pelo banco BNP Paribas.