Nelson Teich: quem é o novo ministro da Saúde e o que ele defende como medidas para combater o coronavírus

O agora ministro atuou como consultor da área de saúde na campanha de Bolsonaro e defende o isolamento social como estratégia para combater o coronavírus

Equipe InfoMoney

Nelson Teich (Reprodução/Youtube)
Nelson Teich (Reprodução/Youtube)

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SÃO PAULO – Após a saída de Luiz Henrique Mandetta em meio a divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre a condução da crise do coronavírus, um novo nome foi escolhido para o Ministério da Saúde nesta quinta-feira (16). O novo ministro escolhido é Nelson Luiz Sperle Teich. Ele é formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e se especializou em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca).

O agora ministro atuou como consultor da área de saúde na campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, e chegou a ser cotado para o cargo, mas o escolhido na ocasião foi Mandetta.

Teich, contudo, chegou a participar do governo entre setembro de 2019 e janeiro de 2020. Ele foi assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.

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O agora ministro, por sinal, foi sócio de Vianna no MDI Instituto de Educação e Pesquisa, empresa de pesquisa e desenvolvimento experimental e treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial. A companhia foi aberta em março de 2009 e fechada em fevereiro de 2019.

Em 1990, fundou o Grupo Clínicas Oncológicas Integradas (COI), que realiza pesquisas sobre câncer. Ele foi presidente da instituição até 2018. Em 2015, ela foi adquirida United Health, dona do grupo Amil.

Para comandar o cargo de ministro, ele teve o apoio da classe médica, contando a seu favor a boa relação com empresários do setor da saúde. A expectativa é de que o médico, agora no comando da pasta, traga dados para evitar debates politizados sobre o coronavírus.

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Em artigo publicado no início de abril, o agora ministro criticou a discussão polarizada entre a saúde e a economia.

“Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, destacou.

Ele ainda se mostrou favorável ao isolamento horizontal, que acabou se tornando o ponto central das divergências entre Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

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“Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento”, apontou.

Segundo Teich, o isolamento vertical, em que só os grupos de risco (como idosos e pessoas com comorbidades prévias) ficariam isolados, “tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema”.

“Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa.”

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O agora ministro também defende a testagem em massa como estratégia para enfrentar o coronavírus. Para ele, é preciso achatar a curva da contaminação para o sistema público e privado se estruturar.

“Felizmente, apesar de todos os problemas, a condução até o momento foi perfeita. Pacientes e Sociedade foram priorizados e medidas voltadas para o controle da doença foram tomadas. Essa escolha levou a riscos econômicos e sociais, que foram tratados com medidas desenhadas para resolver possíveis desdobramentos negativos das ações na saúde”, destacou.

Primeiro pronunciamento 

Em seu primeiro pronunciamento como ministro, Teich garantiu não haverá nenhuma determinação “brusca” sobre as políticas de isolamento social, defendida por órgãos de saúde internacional como cruciais para o combate ao novo coronavírus.

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Ele ainda apontou que existe alinhamento completo com Bolsonaro e reforçou que irá trabalhar para que a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal. “Saúde e economia não competem, são completamente complementares, disse Teich.

“A parte do distanciamento e do isolamento, o que acontece? Não vai haver qualquer definição brusca, radical, do que vai acontecer. O que é fundamental hoje? Que a gente tenha informação cada vez maior sobre o que acontece com as pessoas, com cada ação que é tomada. Como a gente tem pouca informação, como é tudo muito confuso, a gente começa a tratar ideia como se fosse fato e começa a trabalhar cada decisão como se fosse ‘tudo ou nada’ e não é nada disso”, afirmou o ministro.

“O que é fundamental é que a gente consiga enxergar aquela informação que a gente tem até ontem, decidir qual a melhor ação do momento e seguir qual a melhor forma de isolamento e distanciamento. Que isso seja cada vez mais baseado em informação sólida”, pontuou.

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