Parlamentares querem explicações de Campos Neto sobre política de juros

Deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e senador Jorge Kajuru (PSB-GO) questionam decisões da presidência do BC, como a manutenção da taxa de juros em 13,75%

Luís Filipe Pereira

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Depois de a bancada do PSOL anunciar que protocolaria um convite para que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fosse à Câmara dos Deputados explicar a política de juros da instituição, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou, na terça-feira (7), que também apresentou um requerimento.

Trata-se de mais um capítulo do embate entre base governista e Campos Neto, após ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às decisões do BC envolvendo a política monetária e também questionamentos diretos a Campos Neto, a quem Lula chamou de “cidadão” em entrevista à Rede TV!.

Pelo Twitter, Lindbergh Farias postou uma foto do requerimento de convite, com a seguinte mensagem:

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“Acabo de protocolar na Câmara requerimento de convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que venha explicar a decisão de manutenção da taxa Selic em 13,75%, a mais alta de juros real do mundo, em um cenário de grande desaceleração da economia”.

Lindbergh também solicitou explicações sobre o erro contábil no fluxo cambial do BC. Em janeiro, após revisão extraordinária em dados referentes às importações, o fluxo cambial referente ao ano de 2022 sofreu uma alteração e foi ajustado de entrada de US$ 9,574 bilhões para saída de US$ 3,233 bilhões. Na ocasião, a diretoria da instituição alegou falha na compilação das estatísticas.

Kajuru quer explicações ao Senado

No Senado Federal, Jorge Kajuru (PSB-GO), se posicionou de maneira semelhante aos parlamentares da base governista na Câmara e disse que também vai protocolar um convite para que Roberto Campos Neto explique a atual política monetária do BC. O parlamentar questiona a proximidade de Campos Neto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a possível influência dessa relação em decisões envolvendo os rumos da instituição financeira.

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“Esse cara precisa ter um pouquinho de independência, de bom senso. Ele não é presidente do PL, não é ministro do Bolsonaro, ele é o presidente do Banco Central. Independência não é ter lado. Ele está tendo lado, um lado ruim para o Brasil. A impressão que dá é que ele está querendo prejudicar o governo Lula mesmo”, disse.

A lei da autonomia do BC impede que Campos Neto seja convocado por parlamentares. No caso de ministros de Estado, os deputados costumam iniciar a pressão por meio de requerimentos de convocação. Ainda na terça-feira, o PSOL apresentou um projeto de lei questionando a autonomia da instituição, e com a inclusão de dispositivos que facilitem a exoneração do presidente da instituição.