PEC dos Auxílios pode injetar mais de R$ 16 bilhões no varejo, diz CNC

Ramos de hiper, super e minimercados, combustíveis e lubrificantes e as lojas de tecidos, vestuário e calçados são os mais afetados pela aprovação da PEC

Anderson Figo

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Auxílios, que cria programas sociais e amplia benefícios já existentes, e que foi aprovada no Congresso ontem, deve injetar R$ 16,3 bilhões no varejo. A projeção é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

No relatório da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), a entidade disse que a PEC deverá viabilizar um cenário predominantemente positivo para o varejo no curto prazo ao “turbinar” o Auxílio Brasil em 50% e ampliar em 1,6 milhão o número de famílias beneficiadas pelo programa.

Outras medidas da PEC com potencial para impactar o varejo são: a criação de um voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros; a ampliação de R$ 53 para o valor de um botijão a cada dois meses; e a concessão de benefícios aos taxistas devidamente registrados até 31 de maio de 2022. O custo total da PEC é estimado em R$ 41,2 bilhões.

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“Considerando o potencial de impacto direto no varejo dessas medidas, (…) o setor poderá apresentar um incremento de vendas de R$ 16,3 bilhões, sendo os ramos de hiper, super e minimercados (R$ 5,53 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 3,03 bilhões) e as lojas de tecidos, vestuário e calçados (R$ 2,32 bilhões) os mais afetados pela aprovação total da PEC”, escreveu a CNC.

A confederação disse ainda que o consumo tende a ser “irrigado” pela disponibilização de novos recursos para ele, tais como a antecipação do 13º salário a aposentados e pensionistas do INSS; saques do FGTS; e principalmente recursos decorrentes do Auxílio Brasil. “Se, por um lado, essas iniciativas prolongam pressões inflacionárias; por outro, no curto prazo, ajudam a recompor a renda das famílias, dando fôlego às vendas no varejo.”

Em maio, as vendas do varejo subiram 0,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o quinto mês seguido no azul, mas o desempenho ficou abaixo do que a CNC esperava — uma alta de 0,4%.

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Quatro dos dez segmentos pesquisados pelo Instituto acusaram variações positivas frente ao mês anterior: artigos farmacêuticos (+3,6%), tecidos, vestuário e calçados (+3,5%) e combustíveis e lubrificantes. Por outro lado, artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%) e materiais de construção frearam o avanço das vendas no mês.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o varejo apurou a primeira queda (-0,2%) desde janeiro deste ano (-1,5%). Mas o alívio da inflação ajudou o setor: o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variou 0,47% em maio sobre o mês anterior, na menor taxa desde abril de 2021 (+0,35%).

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.